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Encontrados 32 textos de outubro de 2012. Exibindo página 4 de 4.
02/10/2012 -
Meu coração ancestral
Meu coração ancestral anda pelos céus de Luanda e pelos mares de Portugal. Meu coração ancestral tem raízes negras, imperatrizes brancas, felizes caboclas e uma boca que fala uma língua cada dia mais louca. Meu coração ancestral é forjado nos tambores do carnaval, nos suores do canavial, nas cores do cafezal. Meu coração ancestral, símbolo de resistência e fé, beija os pés da santa, encanta-se com a magia de uma mulher e bate no ritmo do candomblé.
Meu coração ancestral traz em seu pulsar mais visceral a mistura do doce dos engenhos de açúcar e dos temporais e do sal do choro das portuguesas do cais e das escravas que trazem tristeza e beleza num corpo coberto de sinais. Meu coração ancestral se rende ao instinto animal de ora atacar ora se esconder ora fugir. Meu coração ancestral é negro, branco, mulato, vermelho, azul, verde, grená como um sabiá camaleão, um pássaro místico do ar......
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01/10/2012 -
Fechamentos
O pássaro fechou as asas. O teatro fechou as cortinas. A mulher fechou os botões. A nuvem de chuva fechou o céu. O carro fechou a moto. A polícia fechou o cerco ao bandido. A moça fechou a janela. O garçom fechou a conta. A primavera fechou o inverno. Vermelho, o semáforo fechou a passagem. O medo fechou o futuro. O coração zangado fechou o tempo. A mãe-de-santo fechou seus caminhos.
O coveiro fechou o caixão. O ator fechou mais um contrato. O espertalhão fechou o jogo. O manifestante fechou a rua. A falência fechou as portas. A dieta lhe fechou a boca. A fé fechou sua visão. Com sono, a menina fechou o livro. A bolsa fechou em alta. O político fechou com outro político. O sanfoneiro fechou a sanfona. O beijo fechou seus olhos. O vento fechou as feridas. A morte fechou a prosa. ...
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