Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 32 textos de outubro de 2012. Exibindo página 3 de 4.

12/10/2012 - Senhoras Negras

Roga por nós, Nossa Senhora Aparecida. Ora iê iê ô! Oxum. Senhoras negras, amém, saravá! A coroa de Nossa Senhora Aparecida é de ouro, cor de Oxum. O manto de Oxum é dourado, como o trigo que cobre os prados de Nossa Senhora da Conceição. Oxum é paixão, Nossa Senhora Aparecida é perdão. Oxum é o calor, Nossa Senhora Aparecida é a resignação em forma de amor. Oxum é a pureza sensual, Nossa Senhora Aparecida é a beleza virginal. Senhora Aparecida é santa, Oxum é aquela que encanta. Nossa Senhora Aparecida é o espírito do Natal, Oxum é enredo de carnaval. ...
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11/10/2012 - Recado para Joaquim

Negro, você chegou lá, mas será que os negros chegaram também? Negro, quando é que você vai falar de Zumbi? Negro, está na hora de quebrar os resquícios das correntes da escravidão. Negro, escuta os quilombos. Negro, o seu povo quer lhe abraçar. Negro, dê vazão à África que pulsa em você. Negro, além de piano e violino, que tal aflorar o som dos atabaques, dos agogôs, dos berimbaus...? Negro, tá mais do que na hora de falar a língua dos negros. Negro, para além do alemão, do francês, do inglês, do espanhol, os negros querem ver sua fluência em bantu e iorubá. Negro, esqueça as dores, e mostre à Justiça a ginga da sua capoeira....
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10/10/2012 - Ela é Oxum

Ela vem no dourado do dia, clareando como sol. Ela vem no dourado do ouro, reluzindo como farol. Ela é Oxum, a bela das águas doces e do zunzunzum da maternidade. Oxum é a senhora da fecundidade. Mamãe Oxum vem enfeitada e perfumada. A vaidade é de Oxum, que traz brincos, colares, pulseiras e anéis em seu balançado. Jovialidade, elegância e beleza não faltam a Oxum, que conduz o arrepio do amor pelo coração da gente.

Oxum é cheia de dengos, mulher-menina, brinca de boneca, ora santa ora sapeca. Oxum é a doçura que seduz, o sentimento que se traduz... Oxum quer ser reverenciada, quer ser desejada, quer ser amada... Quem é que não quer provar do mel de Oxum? Quem se aventurar para o lado dela é bom tomar cuidado, pois a frágil, sensual e romântica também é uma guerreira ardilosa nos campos do amor. ...
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09/10/2012 - Por mais

Por mais que eu peça, não atenda. Por mais que eu queira, não faça. Por mais que eu sonhe, não durma. Por mais que eu defenda, não absolva. Por mais que eu escreva, não leia. Por mais que eu vá, não venha. Por mais que eu aplauda, não se renda. Por mais que eu me ofereça, não me devore. Por mais que eu grite, não escute. Por mais que eu brigue, não se envolva. Por mais que eu chame, disfarce. Por mais que eu dance, não acompanhe. Por mais que eu esperneie, não ceda.

Por mais que eu negue, confirme. Por mais que eu rasteje, voe. Por mais que eu suba, desça. Por mais que eu escureça, ilumine. Por mais que eu espinhe, floresça. Por mais que eu prometa, não cumpra. Por mais que eu abandone, agarre. Por mais que eu enlouqueça, fique lúcida. Por mais que eu atropele, socorra-me. Por mais que eu perdoe, peque. Por mais que eu abstraia, concretize. Por mais que eu pinte, borde. Por mais que eu regre, quebre. ...
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08/10/2012 - Mudanças

Muda o passo. Muda o ritmo. Muda a estação. Muda o dia. Muda a lua. Muda a roupa. Muda o sonho. Muda a fome. Muda a casa. Muda a rua. Muda o veredito. Muda a dor. Muda o batom. Muda a manchete. Muda a previsão. Muda o vento. Muda a maré. Muda o santo. Muda o sonho. Muda o lençol. Muda o tempero. Muda a cidade. Muda a saudade. Muda a roda. Muda o traço. Muda a intensidade. Muda a pressa. Muda a página. Muda a profundidade. Muda o exemplo. Muda a decoração. Muda o jardim. Muda o sim. Muda o não. Muda a fama. ...
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Comentários (1)

07/10/2012 - Depois do voto...

Depois do voto, ele lhe dá de ombros, ela lhe vira a cara. Depois do voto, eles vão à farra. Depois do voto, ela lhe esquece, ele lhe empobrece. Depois do voto, ela diz não, ele não se lembra de promessa. Depois do voto o poder sobe à cabeça das autoridades. Depois do voto há duas cidades, a deles e a sua. Depois do voto, as máscaras caem e a face fica nua. Depois do voto, a mentira fica mais forte. Depois do voto, de nada vale reclamar da sorte.

Depois do voto, ele lhe cospe, ela não se preocupa com sua tosse. Depois do voto, eles são farinha do mesmo saco. Depois do voto, o que reluzia ouro brilha opaco. Depois do voto, ela lhe engana, ele não lhe chama. Depois do voto, ela não caminha na rua, ele lhe mostra a realidade mais crua. Depois do voto, ela não entra na sua casa, ele só se atrasa. Depois do voto, ele não come mais do seu feijão, e ela tem horror ao perfume do povão. ...
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06/10/2012 - Identidade nas mãos

O que eu trago nas mãos diz muito mais sobre mim do que meu rosto. Quase sempre elas caminham vazias, porém fartas de linhas, e caminho e destinos. A minha alma é impregnada de profecias, de possibilidades, de adivinhações. Mãos tão calejadas quão um coração apaixonado, que trabalha sem parar em nome de um amor maior. Mãos que se dão às outras mãos como eu me dou às ilusões, de forma total.

As minhas mãos trazem papeis, pedaços de jornais, manuscritos apocalípticos, páginas sagradas e capítulos de romances. Esse sou eu – escritos, ditos e não ditos. As minhas mãos trazem uma aliança quadrada, pois o amor que sinto tem os lados paralelos dois a dois. O amor que sinto não tem uma única forma, pois todo quadrado é também um retângulo e um losango. Além do mais, os quadrados são mágicos. ...
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05/10/2012 - Deus, refaça-me

Deus, por tudo o que é de deus, tira de mim todo peso desnecessário. Aparta de mim todas as lembranças inúteis, todas as memórias fúteis, todo o passado mergulhado em vermute. Corta todas as raízes que insistem em me prender nesse chão. Desamarra todas as amarras que me amarram à cegueira da ilusão. Quebra todas as correntes que me rendem à escravidão. Expurga de mim toda teoria barata, toda filosofia acadêmica, toda fantasia em cascata, toda poesia endêmica. Deus, por favor, pelo que lhe resta de amor à humanidade, acaba de uma vez por todas com todos os laços e bagagens que só fazem me segurar nessa terra de adeus e saudade. ...
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04/10/2012 - Pleonástico

Hoje eu acordei no escuro, no amanhecer do dia, com vontade de subir pra cima depois que terminasse de descer pra baixo. O noticiário me trazia a notícia, num panorama geral, de que um desconhecido anônimo teve uma hemorragia de sangue. Sim, ele sangrava sangue. Era chocante, mas era preciso encarar de frente essa realidade ou fugir para outro lugar. Outra informação me informava que o velho almirante, de idade avançada, ficara cego dos olhos. “Que tristeza”, sussurrei baixinho. O pior é que há muitos anos atrás, navegando pelos países do mundo, esse almirante da marinha já havia ganhado de graça um infarto do coração. Maluco da cabeça, um vizinho, que é viúvo da falecida, tentou suicidar a si mesmo. Porém, quando entrou pra dentro de casa decidiu adiar seus planos para depois. O que leva uma pessoa humana a fazer isso? Será falta de unanimidade de todos? ...
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03/10/2012 - E o meu texto saiu por aí...

O texto do dia sumiu. Depois de arrematado e perfumado, desapareceu sem deixar pistas. Onde eu coloquei esse texto? Eis a pergunta que não me deixava em paz. Não me lembrava de onde havia posto aquelas linhas recém-nascidas. Para mim, elas fugiram pela noite alta. Ainda mais porque sempre tenho o cuidado de dar asas às palavras. Poderiam estar no jardim, no alto de uma árvore, submersas na piscina, no ninho de um pássaro, no piscar de um vaga-lume, na curva da lua, nas garras do vento, nos passos de um baile, na fenda de um vestido......
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