Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 31 textos de outubro de 2011. Exibindo página 1 de 4.

31/10/2011 - As bruxas de antes...

Saudade do tempo em que as bruxas eram apenas criaturas dos contos de fada e da mitologia. Criaturas distantes e encantadas. Criaturas que faziam suas poções em caldeirões e que viviam ao lado de corvos e gatos pretos. Guardavam livros mágicos e proferiam palavras em uma língua estranha. Voavam em vassouras e transformavam seus desafetos em sapos e pedras. Eram o pior pesadelo das crianças e das princesas. Punham medo com seus narizes grandes e verrugas cabeludas. Usavam chapéus pontiagudos e capas escuras. Moravam em casinhas distantes no meio da floresta. ...
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30/10/2011 - Louco amor...

Eu quero um texto conjugado em um tempo ainda não conhecido pelo homem, mas já vivido pelas criaturas que amam sob a égide da loucura. Um tempo que por mais louo que seja é lúcido em seu propósito maior: amar, amar, amar sobre todas as coisas. Tempo tão lúcido que os detalhes desse amor impregnam nas memórias daquele que o vive. Um tempo capaz de trazer o futuro para o passado e de levar o ontem de volta ao amanhã.

Eu quero uma lua cheia ao meio-dia, um sol de verão à meia noite e um eclipse a cada beijo. Que o beijo seja pensado, imaginado, sonhado. Mas que aconteça ao acaso. E que quando seja concretizado, traga uma situação tão inacreditável, improvável, inalcançável que coloquem em dúvida sua existência, colocando esse beijo num tempo ilusório. Será que de fato existiu? O beijo? O tempo? É como se o tempo real deixasse de existir durante o encontro das suas bocas apaixonadas....
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29/10/2011 - Cem anos de Nelson Cavaquinho

Cem anos daquele que viu os barracos como castelos. Cem anos daquele que nunca viu uma criança nascer sorrindo. Cem anos daquele que pisava em folhas secas. Cem anos daquele que em seu jardim só colheu saudade. Cem anos daquele que percorreu os degraus da vida. Cem anos daquele que atrasava o relógio para enganar a morte. Cem anos daquele que queria roubar as gotas de luar dos olhos da criatura amada. Cem anos daquele cuja voz rouca ainda arranha nossos ouvidos.

Cem anos daquele rei vadio. Cem anos daquele que descobriu que nem todos são amigos. Cem anos daquele que sabia que um palhaço chorava por alguém que não o amava. Cem anos daquele soldado do samba. Cem anos daquele que nos contou como é o pranto de um poeta. Cem anos daquele que não queria vingança. Cem anos daquele que descobriu outra afinação e outro jeito de tocar violão. Cem anos do parceiro de bambas como Cartola, de Guilherme de Brito, de Zé Keti. Cem anos do boêmio que passou quatro noites sem comer ou dormir, apenas bebendo. ...
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28/10/2011 - Quantitudes

Quantos sonhos você jogou fora? Quantos caminhos você abandonou? Quantas oportunidades você mandou embora? Quantos desejos você adiou? Quantas saudades você ignora? Quantas cidades você já deixou? Quanto você ainda implora? Quantas ilusões você profetizou? Quanto de você existe agora? Quantos segredos você confessou? Quantos destinos você chora? Quantas esperanças você guardou? Quantas possibilidades você namora? Quantas apostas consigo mesmo você não ganhou? Quanto do seu coração já está pra fora? Quantas das suas canções preferidas você nunca cantou? Quanto de Deus você ainda adora? Quantos pecados você já pecou? ...
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27/10/2011 - Roda, roda, roda...

A cabeça roda, roda, roda como se nos braços de um pé de valsa. São tonturas, vertigens e estonteamentos. Sou tomado por uma sensação ilusória de movimento à volta do meu corpo. As cadeiras, os quadros, os livros, as plantas, as pessoas, todos rodam em roda de mim. Será que os mundos mineral, animal e vegetal resolveram dançar ao mesmo tempo diante dos meus olhos? E nem é dia de festa ou de apocalipse.

Empalideço. Entonteço. Adoeço. Há um desequilíbrio físico, psíquico ou emocional em curso. Minha cabeça dói. Meus pensamentos seguem embaralhados. Existe todo um caos interior me impossibilitando de separar verdade e mentira, realidade e ficção, possível e impossível. Dessa maneira eu tudo posso e nada posso ao mesmo tempo. É como se o meu eu interior estivesse trocando os passos. ...
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26/10/2011 - Que nosso amor...

Que nosso amor possa vencer qualquer mal de amor. Que nosso amor possa ir para adiante e para trás sem nunca ser tarde demais. Que nosso amor possa ter sempre um ineditismo, um truque e uma carta guardada na manga. Que nosso amor saiba guardar coisas que nunca tivemos coragem de falar. Que nosso amor seja forte e concreto, mas que consiga ter leveza para voar onde pássaro algum ousou chegar.

Que nosso amor possa ir além de qualquer limite ou padrão. Que nosso amor dure tanto quanto uma canção bonita. Que nosso amor se encontre mesmo trilhando estradas opostas. Que nosso amor seja uma versão pós-moderna de um pot-pourri de contos de fada. Que nosso amor seja uma espécie de divindade cujo demônio é a saudade. Que nosso amor seja feito perfeito com garantia contra qualquer defeito. ...
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25/10/2011 - Adélia, simplesmente Adélia

Como uma ave caída do ninho, imobilizada sobre uma cama de UTI, desfeita pelos remédios e pelas quedas, Adélia tentava reconstruir sua vida, juntando pedaços, colando cacos, encaixando peças em um grande quebra-cabeça chamado destino. Com muitos quilos e cores a menos, extremamente frágil e pálida, tentava se reerguer por meio de lembranças e esperanças. E como era personagem da vida real e não de um conto de fadas, o número de lembranças, naquele desfecho de sua história, era muito maior do que o de esperanças. ...
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24/10/2011 - Desce a terra, ò auxiliadora

Desce a terra, ò senhora dos céus, ò mãe de todas as criaturas, ò magnífica, para dar colo aos que choram, para ensinar o caminho aos que se vêem perdidos, para dar à luz aos que estão na escuridão, para afastar o mal que ronda tão perto, tão perto de nós.

Desce a terra, ò auxiliadora dos cristãos, ò rainha dos apóstolos, ò soberana, para colher as flores que a ti plantamos, as velas que a ti queimamos, os cantos que a ti entoamos e as preces que lançamos aos seus pés, que andam tão perto quão longe de nós. ...
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23/10/2011 - Chama Clementina, chama

Chama, chama pela senhora do samba, chama. Chama por Clementina, colombina negra. Chama por Clementina de Jesus, de Oxalá, de Iemanjá. Chama pela velha baiana, sambista da gema, saravá!

Chama, chama pela voz rouca do morro, chama. Chama por Clementina, lágrima e serpentina. Chama por Clementina de Jesus, de Iansã, de Nanã. Chama pelo balançado da noite, pelo gingado da manhã.

Chama, chama pelo canto de trovão, chama. Chama por Clementina, mãe miudinha. Chama por Clementina de Jesus, de Oxum, de Ogum. Chama no atabaque, na cuíca, no zumzumzum....
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22/10/2011 - Eu vou, eu vou

Vou entrar debaixo das cobertas e só sair na próxima estação. Vou hibernar ou abrir os olhos para mim. Vou pensar uma forma de revolucionar o mundo real. Vou traçar um plano para vencer os cavaleiros do apocalipse. Vou fazer um eclipse particular com meus sóis e minhas luas. Vou fazer questão de esquecer que do lado de fora haverá sempre um jornal, uma revista, um homem ou uma mulher ou ambos me querendo dizer algo de novo de novo e de novo.

Vou ficar no escuro com os meus medos e segredos. Vou cantar baixinho. Vou me alimentar de poemas e romances. Vou estar perto e, ao mesmo tempo, fora de alcance. Vou dançar como dançam os lobos em suas cavernas. Vou entrar em transe. Vou chamar pelos deuses egípcios, gregos, romanos, celtas, astecas, maias, hindus... Vou reescrever a história da humanidade. Vou compreender o movimento de cada músculo, o vôo de cada pensamento. ...
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