Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 159 de 248.

Esgrima

Lá detrás
Do nevoeiro
Onde
Se esconde
O anjo
Prisioneiro
Há os vestígios
E todos os litígios
Da espera
Que cobre o rompante
Do amante
Em ramas de hera.

Na masmorra
Condenado à sentença:
"Morra, de amor, morra",
O anjo
Cumpre no escuro
De um tempo duro
A penitência
Da paixão
Entre a bela e a fera
Que habitam uma só mulher
Na ilusão
Que ninguém mais soubera.


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Espanta-medo

Quando deita ao meu lado
Teu passo macio cala os fantasmas
Que até pouco tempo gritavam em mim
Palavras de horror

Ah! Eles me falam coisas horríveis
Que o menino que morava em mim
Molhou os lençóis
Agarrou nas minhas barras
E saiu correndo por aí

Mas agora que seu corpo
Deleita em meu corpo
Ele deve voltar
Aliás! Ele já começou a voltar
Está vendo o brilho nos meus olhos?
É ele quem está chegando...
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Espera

Caminha
Não, não caminhe
Deixe que eu vá
Que eu venha,
Que eu volte.

E se nessas idas e vindas
E se nessa guarda
E se mesmo assim
A tristeza sentar-se ao seu lado
Não se afobe
Diga a ela que eu venho,
Que eu volto logo

Espera
Não, não me espere
Deixe que eu vá
Que eu venho,
Que eu volte.


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Esperança perdida

A espada de um guerreiro veio ao chão,
A nua armadura não suportara a morte.
Aludia parvo perante às ruas:
Guerras pálidas, brado à rouquidão...
Não! Não há vida assim tão forte.
A própria mazela já o feria,
Fraco empunhava o escudo a lua,
Sorria à vida, doando-a morria.

Iludido bramia o seu coração
O fulgor nacional era canção
A esperança ufânico brasão
Ao perdido estendia a viril mão
O clamor trilhava ao farto pão ...
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Esperitude

Quando der
E se puder
Que venha logo
Pois eu a rogo
E a confesso
Que a espera
É uma fera
Que eu não peço
A ninguém
Que me convêm

E assim
Eu espero
O fim
Do lero-lero
De uma sabiá
Que se exaltou
E em sua loucura
A toda altura
Cantou
Seu desejo
De nunca mais
Me ter perto demais.

Eu espero
Como Nero
Esperou
O perdão de um império...
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Espinhadeiro

Hoje,
Ainda não sei
Nada
Sobre o seu paradeiro:
Se dormiu bem
Se sonhou com quem
Se ainda me vem...
Hoje,
Em mim
É só um berreiro
Porque eu não sei
Se o amor ainda anda
Inteiro.


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Esquartejada

Sob um lustre
Com empáfia de sol
A mulher amada
Estica-se em pontas.
Braços e pernas
Correm em sudoestes
E noroestes
Parecendo se separar
E formar
A rosa,
A rosa dos ventos.

Como se fosse torturada
Por carrascos medievais
Seu corpo quase se esquarteja
Sobre a cama de algodão
E não há música
E não há espectadores
E não há relógios
Nenhum intruso é permitido
Naquele monólogo da mulher amada...
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Esquecimentos

Só esquece
Quem não ama,
Quem ama
Proclama
Em nome do que quer que seja.
Quem esquece
Fenece
E finge a própria dor,
Quem ama
Engana
A si mesmo ao achar que esquece.
Quem esquece
Tece
Esconderijos e diz que não ama,
Ama e se esquece
Esqueça-se e ame.

Por favor
Peça para não amar
Só não peça para esquecer,
Só esquece
Quem não ama
Só não ama
Quem se esquece
De amar o esquecimento.


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Esquina

Cortinas de sombras
Escondem seu rosto
Quando lhe cerco em olhares
E capuzes recaem sobre os traços
Que constroem sua face.
Alguns nascem à luz
E logo se acabam
Na sola dos passos
Da solidão.

Tira os lenços do rosto
E cruza seus dramas
Com minhas tramas
Na esquina
Da "não me olhes assim"
Com a "ainda que tarde".


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Essa gente

Ai, essa gente
Machuca o poente
Com seu passar
Tão descontente
Ai, essa gente
Passa naufragando
Sob o sétimo mar
Ai, essa gente
Passa deslizando
Sob o sétimo ar...

Ai, essa gente
Passa em nuvens brancas
Sobre a rua
Sob os seios da mulher de Sirilanka
Que carrega em suas trancas
Uma dor pungente
E urgente
E penitente
E tão somente
Sua...

Ai, essa gente...
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