Esquartejada
Sob um lustre
Com empáfia de sol
A mulher amada
Estica-se em pontas.
Braços e pernas
Correm em sudoestes
E noroestes
Parecendo se separar
E formar
A rosa,
A rosa dos ventos.
Como se fosse torturada
Por carrascos medievais
Seu corpo quase se esquarteja
Sobre a cama de algodão
E não há música
E não há espectadores
E não há relógios
Nenhum intruso é permitido
Naquele monólogo da mulher amada
Com o seu corpo.
Ela, como que tocada
À luz daquele sol opaco,
Entre arrepios e quenturas
De olhos fechados
De pelos arrepiados
De flores a flor da pele
Comunga de si própria.
De repente, o corpo chega ao limite
Do prazer
E distendido ao máximo
Os poros se abrem
E balões
Grandes e coloridos
Escapam de seu corpo
São medos
São sonhos
São desejos
Num balonismo
Que deixam
A mulher amada
Para ganharem outro céu.
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