Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 135 de 248.

Aurora Boreal

Canto de acácia
Flor da audácia
Tarde laranja
Franja de mel
Pedaço de céu
Dama em chama
Gota de lua
Bailarina nua
Riso de gengibre
Olhar que inibe
Pêssego e violino
Tecido fino
Espaço sideral
Presente de natal
Um bem-querer
Mais que prazer
Voz de avelã
Perfume de manhã
Foto-documentário
Choro de calendário
Cruzeiro atlântico
Cântico dos cânticos
Segredo em latim
Beleza de carmim...
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Auto ausência

Sem você
É tudo solidão
É tudo não e não
É tudo um coração
Que não bate, agoniza.
Sem você
O sino não dobra
O dia não sobra
A dor não exorciza
O que deve exorcizar.
Sem você
Eu não acredito
No que sinto
E minto
Que toda dor é bandida
E todo amor é bonito
Quando a solidão
É só mais uma partida
De tantas chegadas
Da mesma embarcação.
Sem você
O mundo gira esquisito...
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Autógrafos, perfumes e strip-tease

Eu podia lhe pedir
Um tempo
Um autógrafo
Um desejo
Daqueles que guarda
No fundo falso
Do armário embutido
Misturado
A uma série
De vestidos
Bolsas
E perfumes
Que já nem usa mais.

Eu podia lhe pedir
Um drinque
Uma reprise
Um convite
Para um strip-tease
Onde a vida
Aos poucos
Tiraria uma saudade
Que habita em nós.

Mas vem esse amor
Que mal me conhece...
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Avião amarelo

Ah avião amarelo
Voando feito farelo
De pão
Voando e sonhando
Feito cobra
De sabão.

Ah avião tagarelo
Corta o curso
Do céu
Ah Fumaça de caramelo
Leva-me até o mel
Do urso
Menor.

Ah avião paralelo
Voa no cogumelo
Feito cobra do sertão
Que voa no céu
E morde no chão
Seu veneno pior.

Ah avião de rastelo
Voa pelo ramelo
Do olho
De São...
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Aviso

Mal-te-vi
Corri
Pra olhar
O trem
Que passa
Em seus trilhos
Maria
Fumaça
E seus filhos
Vagões e mais varões
Em fila indiana
Numa fantasia
Cigana
Difícil de se explicar
E tão fácil de se embaralhar
Em cada vagão
O fim e o não
Vida e despedida
Que passam
Feito caça
Que se esgarça
Pra fugir
Da mira
De um sol
Que faz nascer sombra
Na pira...
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Badaladas

Acorda
Veja como estou
Amanhecendo...

O escuro
Queima a solidão
No choro da vela...

Se espreguice
Vem me ver
Ainda com olhos de sono
No desjejum do café...

Saía
Toda descalça
Pelo orvalho da grama
No frescor de seu hálito...

Venha
Com a roupa que dormiu
E se sinta calada
Depois de contar seus sonhos
Sem parar...

De repente
Dê-me as mãos
Olha para o lago...
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Bagdá

Como se depois de uma explosão
De destinos
O céu se tornasse chão
As criaturas
Que se tinham por inteiras
Como luas
Que mesmo quase
São cheias
Foram fragmentadas
Na condição
De continuarem amadas...

O que era temperatura
Passou a ser textura
Em fotografia
O que era certo
Passou a ser tontura
E o que era perto
Passou a ser fantasia
E as passagens
E as imagens
E as carruagens...
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Bailarina

Os olhos desvendam as cortinas
O cotidiano se despede do palco
Na penumbra de uma minguante
Que escorre frestas pálidas de luz
Num rosto que nasce sem vida
E aos poucos se compõe canção.

Flertando o movimento
Aos poucos
Constrói a sincronia
Seduz os aplausos
Das mãos abstratas
Que buscam o corpo de paina
Que não sabe se dança
Ou se flutua
Enquanto se entrega à brisa
Nascida da nudez da bailarina
Que se veste em sapatilhas...
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Balada do adeus

Se for para dizer adeus, que não o faça antes de amanhã
Que o seu adeus lhe imite e seja repleto de insinuações
Nunca pronuncie adeus - nunca as cinco letras juntas
E que embora fortes, as insinuações sejam leves
Como o sorriso que estende em seu rosto.

Se for para dizer adeus, que o faça com olhos distantes
Que o seu adeus nasça covarde como uma traição
Quando se for, que o adeus escorra por suas costas
E se acabe no chão, no meio de um caminho...
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Balada do flerte

Olhe nos meus olhos
Bem de pertinho
E devagarzinho
Vá se perdendo
Nas coisas que só eles sabem falar.
Recitar versos clássicos
Seria mais fácil
Mas num juramento
Minha amada, minha amante
Sou apenas um poeta pedante
Que mal sabe sonhar.
Fico meio mudo, meio calado
Numa súbita fraqueza
Eu que era só tristeza
Antes de você me conhecer.
Ficava li num cantinho
Namorando a saudade
Que já me contava você....
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