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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 148 de 320.
14/12/2014 -
Julgando
Dizem-me absurdos. Acusam-me. Colocam o dedo na minha cara. Julgam-me. Condenam-me. O chão se abre e surgem inquisidores e mais inquisidores. Bradam contra mim. Gritam-me. Batem-me com palavras. Não acreditam no que eu sou. Lançam-me aos lobos. Trazem-me lágrimas. Devastam meu ser. Destroem meu dia. Tacam fogo no que construí. Chamam-me dos nomes mais cruéis. Tentam manchar minha história. Atiram pedras. E eu continuo de pé.
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03/06/2015 -
Julião e Indaiá
Lá no chapadão, cravado na pedra, está o amor entre o pássaro Julião e a ave Indaiá. O que será que isso vai dar? Julião é pássaro vivido, mas até conhecer Indaiá andava entristecido, até voava com outras pássaras, mas sempre voltava à solidão na sombra da sua fenda. Indaiá, ave prendada, que faz renda e se rende às lendas da noite enluarada. Já se apaixonou pelo sabiá que a deixou a deus dará. Já se enredou pelo curió que lhe largou num estado de fazer dó. Já se aproximou do canário que gostava mesmo de cantar lá pelas bandas do balneário. E agora Julião? O que será Indaiá? Julião voa ligeiro, é todo fagueiro, não suportaria ser trancado num viveiro e gosta de comer o que sai do formigueiro. Indaiá nasceu num pé de jatobá, adora bicar ingá, tem pontos grená e canta sempre puxando pro lá. É um casal bonito de se admirar, mas ninguém sabe o quanto isso vai durar. Indaiá não quer se machucar. Julião já cansou de chorar. Os dois são do ar, mas também são de se desencontrar. A fenda de Julião é estreita. Na fenda de Indaiá só ela se deita. E os dois ficam a se empoleirar pelas pedras, o conjunto de asas chega enverga, ficam a se bicar sem medo da queda. O amor cega e mesmo assim não sossega.
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01/05/2016 -
Juntada
Junta as partes que eu te dei e me terá por inteiro. Recolha os pedaços que eu deixei e me fará, novamente, para além dos estilhaços. Cola os corações rasgados que me fizeram passado-imperfeito-do-futuro e se regozija lembrando dos nossos nomes lado a lado pichados no muro. Recupere os beijos perdidos, os abraços esquecidos, os corpos aquecidos um no outro, o tempo em que não andávamos tão soltos. Relembra cada gemido, cada sussurro, cada urro, cada vez que te fiz amada e mais amada, cada vez que não dei nosso destino como lido, cada vez que fui seu herói-menino, seu caubói, seu virgulino lampião disposto a morrer por sua maria bonita no sertão de todos nós. Cate cada hora aflita, vá bordando, arrematando, dando nós que mais dia menos dia, por milagre ou magia, juntará os sós, os sóis, os sóis, os sóis...
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17/12/2009 -
Juras marilênicas
Ah minha amada por essa estrada eu lhe enalteço enquanto cresço de sorriso e pranto no acalanto desse amor preciso em cor e calor e fome. Conforme o encanto do feiticeiro do amanhã, envolva-me no cancioneiro da delicadeza ò semideusa, titã da beleza. É pela fantasia que lhe peço que meus versos nos livrem dos dias perversos e do verbo "despeço" - ápice da desalegria. Que entre nós a conjugação da despedida seja proibida como a maçã de Adão e Eva. Contra a treva, seja para sempre sol e lençol dessa terra que nos erra e enterra. ...
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28/04/2008 -
Justiça para valer!
Não sou especialista no assunto, mas tenho praticamente a certeza de que a polícia perde muito tempo com investigação para provar o óbvio, deixando espaço para os bandidos fazerem a festa. É evidente que falta efetivo policial para dar conta de tantos crimes e que esse enxugar de gelo incessante não leva à nada. Interrogatórios, reconstituições, perícias, estudos... Ontem, só a reconstituição do crime que matou a menina jogada do sexto andar do prédio contou com mais de cem policiais. A matemática é clara. Se há excesso de segurança em determinado lugar, há escassez da mesma segurança em todos os outros. ...
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03/02/2017 -
J’amar
Hoje só tenho o agora. Amanhã não veio. Ontem ficou. O futuro não formou. O passado me largou. E eu nasci de novo todo novo. E louvo a hora do já. Já é hora de amar. De amar agora. Vambora amar geral. Eu te amo deu no jornal. Esquece o que passou. Desapega do que não chegou. Sossega no que restou. Resta é o que presta. Nada a mais, nada a menos, entre o sereno e o veneno, a dose certa do remédio pra um amor sem tédio. O passado foi embora e o futuro te ignora, ame agora. Ame o presente, pois o que sente te devora. Bote pra fora esse amor. Vá à forra no que não fez em matéria de amor. Ame como se fosse a primeira e a última vez. Se são três pras seis ou seis e três não interessa, o amor tem pressa. O tempo não cessa. O cuco cantou eu te amo. O relógio badalou eu te amo. O celular despertou eu te amo. Os ponteiros romperam, os cavaleiros temporais nos beiram... queiram ou não, a hora é do agora, do já, do já é hora, hora de amar, já amar, j’amar... ...
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06/10/2010 -
Lá como cá
Lá como cá o pássaro canta na galha do ingá. Lá como cá dão vivas a Oxalá. Lá como cá o povo se vale do patuá. Lá como cá o sabiá conta em lá. Lá como cá alguém diz que dá. Lá como cá o sol morre detrás do jatobá. Lá como cá existe a promessa de um mundo acolá. Lá como cá tem quem siga o aiatolá. Lá como cá tem bebê pra babá. Lá como cá tem muito bafafá e blábláblá. Lá como cá tem vôo de biguá. Lá como cá tem assombração de boitatá. Lá como cá tem investida de lobo guará e carcará. Lá como cá tem morena dos olhos de cajá. Lá como cá era uma vez um tempo que há....
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30/05/2013 -
Lá depois daquelas nuvens
Lá depois daquelas nuvens, deve ter uma casinha pra gente morar. Uma casinha de janelas para um pé de manacá, cujo perfume impregne em nossa alma. Que o quintal seja um convite ao sabor, com pés de fruta espalhados ao alcance de nossos olhos e mãos. Quero pássaros assoviando na cumieira e violeiros caminhando pelas estradas de um coração que mina um verdadeiro ribeirão.
Lá depois daquelas nuvens, quero lhe levar para conhecer o “felizes para sempre”. Vamos ter comida no fogão à lenha e muita prosa para prosear. Cama com colcha de retalhos, travesseiro de algodão do campo e estrelas de lamparina iluminando nosso sono entre os vãos do telhado. Um lugar em que o vento dê bom dia, boa tarde e boa noite trazendo, em primeira mão, os recados da roça.
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20/05/2014 -
Lá em casa
Meu amor, olha só, estão lhe esperando lá em casa. Já trocaram os móveis, compararam lençóis brancos e prometeram nos deixar o máximo de tempo a sós. Pintaram as paredes, levaram os quadros que você gosta e vão lhe servir muito carinho em postas. Pensaram até num tapete rosa chá ou choque para ser esticado aos seus pés e numa chuva farta de rosas para abençoar a chegada da minha mulher.
Meu amor, olha só, estão lhe chamando lá pra casa. Vão fazer seus pratos prediletos, dar-te afeto para mais de metro e ainda pendurar estrelas no teto. Vão lhe oferecer passeios e volteios no tempo. Vão tentar adivinhar seus pensamentos e lhe dar o melhor de cada momento. Vão colher flores orvalhadas, fazer elogios capazes de encher rios e cobrir estradas, agradecer por ser minha amada. ...
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12/10/2008 -
Lá vem Cartola...
A lua corria alta e, da varanda, o mundo era um imenso morro com barracos coloridos e meninos empinando maranhões de estrelas. Ah! E como brilhavam aquelas estrelas de papel celofane no céu. E ao cair de um desses maranhões que são levados pela linha de cerol de algum malandro, brinquei num tamborim. Desafinado, animei-me e ensaiei um sambinha naquele couro. E aquela batucada que contava a história das rosas que não falam se misturou às batidas da porta. Já eram duas horas da manhã! Quem me procuraria em tal situação? Será ladrão! Com medo de algum imprevisto, abri a porta e a boca... afinal, ele estava ali, bem na minha frente? Ele quem? Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola. ...
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