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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 111 de 320.
04/10/2011 -
Eduardo Matarazzo Suplicy
Suplicy. Tradicional e, ao mesmo tempo, contemporâneo. Suave nas notas iniciais e extraforte nas finais. Tipo exportação. Cultura permanente. Safra em movimento. Suas palavras têm aroma e sabor. Discursos encorpados que despertam e estimulam a criatividade e as atitudes alheias. Ideias e ideais que podem ser bebidos no café da manhã, após o almoço, numa roda de amigos ou solitariamente. Pensamentos que brotam, dão flores e lançam sementes como um bom pé de café. Presente nos barracos, nas casas do campo, nos palácios. Puro ou acompanhado, Suplicy é sempre uma boa pedida. Simples e sofisticado, faz parte do dia-a-dia de brancos e negros, de homens e mulheres, de jovens e idosos. Charme e elegância saborizados. ...
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26/02/2014 -
Eis a mulher amada
A mulher amada tem que não só saber amar, mas permitir que a amem estabelecendo equilíbrio entre tais artes - de amar e ser amada, numa finíssima sintonia. Ao mesmo tempo em que dá carinho deve estar pronta para receber toda e qualquer carícia, pois precisa ter consciência de que inspira atos inimagináveis que podem ser chamados de loucuras de amor. A plataforma de entrega deve ser indubitável para que o nível de amabilidade possa bater recordes, superando apostas das mais arriscadas. A mulher amada precisa ter a situação toda em suas mãos e, ao mesmo instante, perder propositalmente o controle. ...
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29/06/2013 -
Eis o flamenco
De repente, os pés, do alto de seus saltos pretos e avermelhados, golpeiam o chão como se fossem exus. Ora são passos sutis como um sopro ora são passos enérgicos como um grito. São movimentos fortes e intensos que buscam a quebra de limites entre silêncios e aplausos. Tudo é tão desafiador e convidativo. O flamenco vaza dos olhos, da boca, da pele da bailarina, que emociona e sensibiliza sem perder o fôlego já perdido pela plateia.
Em poucos instantes, ruas e prédios, árvores e carros, pedestres e cachorros estão hipnotizados pela mobilidade da bailarina que desafio o mundo em suas panturrilhas. Uma arte viva regada a ritmo, técnica e capacidade aeróbica. Uma coreografia dramática que chega a tourear. Enquanto sentimentos são expressados em uma dança sedutora, as expressões pingam como suor por entre passos e palmas dentro do tempo.
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23/03/2008 -
Eis que é Páscoa
"Eu vivo, e vós vivereis" ? diz Jesus no Evangelho de João (14, 19)
Eis que o homem cai no jardim do Éden. Eis que o pecado devora o mundo com seus dentes afiados e sua língua tentadora. Eis que cobras arrastam seus ventres pelo chão. Eis que se aguarda um novo tempo. Eis que se espera a passagem das trevas para a luz. Eis que se deseja a quebra das correntes da escravidão. Eis que uma virgem engravida. Eis que um rei nasce. Eis que, depois de mais de dois mil anos de esperas, um homem é crucificado, morto e sepultado. Eis que aquele que dividiu a história em antes e depois, ressuscita como Deus vivo. Eis que é Páscoa. ...
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10/04/2015 -
Eis-me
Porque urjo eu fujo do subterfúgio inerente ao seu olhar depois das seis. Será que um dia, qualquer dia, mais dia menos dia, o meu sonho por entre os seus seios ainda tem vez? Eu já lhe contei que venho de outro planeta, que já fui árvore na paisagem e minha linhagem é de reis... Eu já duvidei do que sinto e, sinto muito, não minto, do seu eu mais bonito, situado entre o seu eco aflito e a sua alma de absinto, continuo o mesmo freguês. Então, ilusão na mesa, coração que troveja, demônio de igreja, para além da boca que beija: ainda me quereis?
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25/10/2015 -
Ela caminha
Ela caminha como se não tocasse o chão. Ela me vinha como se não viesse mais não. Ela tem figuras geométricas espalhadas pelo corpo num desenho louco num sopro de deus. Ela caminha como se nada dela fosse mais meu. Ela balança a silhueta e me vira a ampulheta. Ela apaga os rastros antes de marcar o solo. Ela passa e eu imploro por braços, pernas, colo, abraços, enfim, por fazer parte daquela arquitetura. Ela passa e ateia em mim o fogo de uma doce loucura. Ela vem com jardins suspensos. Ela vem com um corpo denso que mesmo assim se esvai pelo ar. Ela surge e ruge e canta e decanta e mia e se esguia pelas trilhas. Ela passa como ilha flutuante, cantante, alucinante pelo meu oceano. Ela com seus tantos planos e eu com meus enganos. Ela passa e o mundo treme, geme, fica sem leme. Ela esvoaçante, dançante, delirante. Ela caminha como quem alinha saturno, marte e plutão num só olhar. Ela trilha fazendo picada no meu coração e eu, capitão-do-mato, perco-me em mim mesmo. Ela caminha e a realidade segue a esmo num completo desacato. Ela caminha como que dando linha ao meu maranhão.
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31/07/2011 -
Ela domingo
Era domingo. Era só isso o que sabia. Nada mais. Era só a certeza de uma data, ou melhor, de um dia de uma semana que não lhe trouxe maiores lembranças. Não sabia quem era, somente que viveria mais um domingo. Talvez o último, talvez o melhor ou o pior também. Não se lembrava de segundas ou quintas, nem de quartas ou sábados, tampouco das terças, mas acordou com a certeza de que estava num domingo. Isso poderia ser um sinal ou um avanço, seja lá de sua sanidade ou se sua loucura.
Era dia de vestir sua melhor roupa e seguir aos almoços familiares, ao cinema, ao estádio de futebol, à igreja, à praça, à sorveteria, à casa do namorado... No entanto, ela só tinha pijamas no guarda-roupa. Dezenas deles. Seja lá quem fosse, vivia boa parte de seus dias na cama. Também não se lembrava de ter família, de seu filme preferido, de seu time, de sua religião, do endereço da praça, de seu sabor de sorvete, de ter alguém para beijar e dividir seus esquecimentos. ...
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10/10/2012 -
Ela é Oxum
Ela vem no dourado do dia, clareando como sol. Ela vem no dourado do ouro, reluzindo como farol. Ela é Oxum, a bela das águas doces e do zunzunzum da maternidade. Oxum é a senhora da fecundidade. Mamãe Oxum vem enfeitada e perfumada. A vaidade é de Oxum, que traz brincos, colares, pulseiras e anéis em seu balançado. Jovialidade, elegância e beleza não faltam a Oxum, que conduz o arrepio do amor pelo coração da gente.
Oxum é cheia de dengos, mulher-menina, brinca de boneca, ora santa ora sapeca. Oxum é a doçura que seduz, o sentimento que se traduz... Oxum quer ser reverenciada, quer ser desejada, quer ser amada... Quem é que não quer provar do mel de Oxum? Quem se aventurar para o lado dela é bom tomar cuidado, pois a frágil, sensual e romântica também é uma guerreira ardilosa nos campos do amor. ...
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17/09/2013 -
Ela foi
Pelos jardins do medo, ela foi pirata, enterrando, desde muito cedo, arcas e mais arcas de segredos. Pelo mar azulado, ela foi se despindo do passado, num salgado ato de amar. Pelas cercanias da imensidão, ela foi solidão, a única e própria companhia, fantasia e ilusão. Pelas estrelas de cristal, ela foi donzela, foi moça da janela, foi uma versão de cinderela e foi passista da Portela. Pelos terreiros de santo, ela foi encanto, quebrando quebranto e batendo cabeça a quem governa seu corpo inteiro. ...
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01/05/2015 -
Ela foi além de si
Ela não adiou sua vida por ninguém. Tomou seu rumo tratando obstáculos com desdém. Ignorou todo e qualquer porém e foi além do que muitos acreditavam ou lhe davam. Botou na bagagem apenas o necessário, ou seja, ela. Fez de seus braços suas asas, de suas costas sua caravela e do seu ventre, sua casa. E como não era defunta de cova rasa, foi a fundo em tudo o que se propôs não deixando nada para depois. Em suas contas, um mais um nunca deu dois. Tudo ela tirava a prova e se reinventava a todo instante. Era amante de si mesmo. Ah, como gostava de si. Um albatroz no corpo de um bem-te-vi. Ganhou mundo e não se arrependeu nem por um segundo de ter se doado ao futuro sem jamais ter sido passado. ...
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