Daniel Campos

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26/02/2014 - Eis a mulher amada

A mulher amada tem que não só saber amar, mas permitir que a amem estabelecendo equilíbrio entre tais artes - de amar e ser amada, numa finíssima sintonia. Ao mesmo tempo em que dá carinho deve estar pronta para receber toda e qualquer carícia, pois precisa ter consciência de que inspira atos inimagináveis que podem ser chamados de loucuras de amor. A plataforma de entrega deve ser indubitável para que o nível de amabilidade possa bater recordes, superando apostas das mais arriscadas. A mulher amada precisa ter a situação toda em suas mãos e, ao mesmo instante, perder propositalmente o controle.

Cabe a mulher amada compreender que é forjada de amor e que de uma forma ou de outra vai atrair pra si apaixonamentos variados. E buscar entender este sentimento sem deixá-lo de viver por completo e por um instante que seja é o que faz desta mulher um ser iluminado, que se joga de olhos fechados, mas com o coração totalmente aberto às sensações. A mulher amada traz para si a responsabilidade, sem perder sua leveza, de traduzir, em carne e silhueta, o mais abstrato e cobiçado dos sentimentos – o amor. É ela quem estende as mãos para receber declarações com a elegância de uma deusa.

A mulher amada tem cada uma de suas células trabalhando o amor em várias equações e reflete esta amorização de maneira multidimensional. Ela é de uma impossibilidade possível ou de uma possibilidade impossível o que a transforma em uma luta de conquista diária para quem tem plena convicção deste amor. A mulher amada está presente em tudo mesmo se fazendo, por alguma razão, ausente. Ela embaralha as cartas do destino e vira o jogo sempre ao seu favor. Ela tem uma espécie de pacto com o extraordinário, pois tudo o que vem dela é absolutamente fora do comum.

Esta mulher, na qualidade de amada, tem tudo o que quer de quem a ama com uma facilidade tamanha, porém, nem por isso, facilita a vida do apaixonado por ela. Tudo é muito suado, seja de prazer ou sacrifício, em se tratando de mulher amada. E é nisso que está o cerne da delícia de se envolver num amor que alcança a magnitude da mulher amada. Há qualquer coisa de bendita, de benvinda, de bem-me-quer a todo momento na mulher amada, que faz com que o ser que a ama se deixe levar mais e mais, sem se preocupar com a força da correnteza que há em torno desta mulher ou com outros perigos.

O desejo de viver a mulher amada em todas as suas vertentes é maior do que todo poder já conhecido. Um poder que enobrece, excita, engrandece, agita as ligações neurais atiçando e remodelando as sinopses nervosas. Sim, a mulher amada é um acontecimento sem precedentes, um divisor de águas, um marco que nos faz recomeçar a escrever nossa história. A mulher amada é de uma beleza capaz de inverter os pólos, de arrancar silêncios de contemplação ou uma ovação, de modificar leis, de açucarar o mundo, de trocar o fim pelo começo.

A mulher amada é capaz de exterminar qualquer dor, e mais, de transformar sofrimento em contentamento. Ela não só apazigua, como dá uma paz universal a ponto de fazer com que estrelas regidas por Vênus girem como carrossel ao redor da cabeça de quem vibra todo amor à mulher amada. O amor que diz respeito a essa mulher é verdadeiro, puro, irretocável... Um primor estético, energético, lírico em linhas e conteúdos. Uma criatura com talento nato para se fazer mulher e amada numa proporção tão sem medida quão própria.


Comentários

26/02/2014, por Mariana A:

Deusss onde é que vc tava escondido?


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