Daniel Campos

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25/10/2015 - Ela caminha

Ela caminha como se não tocasse o chão. Ela me vinha como se não viesse mais não. Ela tem figuras geométricas espalhadas pelo corpo num desenho louco num sopro de deus. Ela caminha como se nada dela fosse mais meu. Ela balança a silhueta e me vira a ampulheta. Ela apaga os rastros antes de marcar o solo. Ela passa e eu imploro por braços, pernas, colo, abraços, enfim, por fazer parte daquela arquitetura. Ela passa e ateia em mim o fogo de uma doce loucura. Ela vem com jardins suspensos. Ela vem com um corpo denso que mesmo assim se esvai pelo ar. Ela surge e ruge e canta e decanta e mia e se esguia pelas trilhas. Ela passa como ilha flutuante, cantante, alucinante pelo meu oceano. Ela com seus tantos planos e eu com meus enganos. Ela passa e o mundo treme, geme, fica sem leme. Ela esvoaçante, dançante, delirante. Ela caminha como quem alinha saturno, marte e plutão num só olhar. Ela trilha fazendo picada no meu coração e eu, capitão-do-mato, perco-me em mim mesmo. Ela caminha e a realidade segue a esmo num completo desacato. Ela caminha como que dando linha ao meu maranhão.


Comentários

26/10/2015, por Luisa Mendes:

Meio que me vi neste texto Lindoo


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