Daniel Campos

Prosas

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21/02/2010 - Domingueira

Que me perdoem os intelectos, mas domingo rima com amenidade. Domingos úteis não são propriamente domingos. Domingos devem fazer antologia à preguiça. Domingos pesados destroem toda esperança que circunda este dia tão esperado. Definitivamente, o domingo nasceu para não ser levado a sério. Portando, a agenda dominical perfeita é aquela que está completamente nua de compromissos e afazeres.

Domingos devem ser inéditos, mesmo sabendo que estamos vivendo o mesmo do mesmo do mesmo. São dias livres, sujeitos a todo e qualquer tipo de experiência, isto é, desde que seja vivida de forma amena. Domingo não é dia de sofrer grandes impactos, mas para gozar do mundo da suavidade. Cenário ideal para uma comédia romântica. Portanto, nada de dramas ou tragédias no decorrer do domingo....
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14/02/2014 - Dona da minha cabeça

Sem cerimônias ou pedidos de licença - não há necessidade, entra na minha mente e se lambuza de cada um dos meus pensamentos, que açucaram dando ponto de você. Veja como o que já vale, pode valer ainda mais a pena depois desta incursão pelo que penso. Vista e se dispa dos meus poemas, que são seus. Tenha certeza de que é quem amo e proclamo minha, fazendo-me seu a cada instante e de todas as formas. Não para de vasculhar o mundo que penso para nós. Repara em cada cuidado meu para contigo. Entra pelas fantasias que tenho e tenha para si que não me abstenho um só momento de você. Orgulha-se de ser cada uma das minhas alegrias. Sinta o quanto te quero, te espero, te quero bem, te espero e peço, vem... Enxerga que nos meus olhos só há você. Escuta que da minha língua só sai você. Anda pelos meus ouvidos onde guardo seus gemidos. Comprove que não é preciso ter medo. Testemunhe o quanto me entrego a você. Em momento algum eu lhe nego ou nego o que sinto por você. Chegue a minha verdade e respira que não há segredo algum entre nós. Entra pelas minhas lacunas e veja que você preenche facilmente todas elas. Saiba que eu lhe conheço mais do que conheço a mim mesmo. Vá fundo em minha memória e veja há quanto tempo eu te amo. Toma parte de cada um dos planos que somos nós. Veja quantos pensamentos dedicados a você. Quantas imagens suas guardo comigo. Quantas cenas de nós dóis eu construí para nós. Sinta alívio, pois em minha cabeça tem seu abrigo. Por favor, não tema, não há qualquer perigo. Se joga nas minhas expectativas, promessas, previsões, alucinações,..., e deixa vir que tudo o que eu quero, vivo, espero é você. Ensurdeça com minha saudade, que grita seu nome no escuro da falta. Mareja seus olhos no amanhã pelo qual luto, sonho, edifico para nós, segundo a segundo, com minhas próprias mãos de homem-menino-pássaro. Olha como minhas células nervosas estão entregues a você. Deixa cair toda e qualquer dúvida de que em mim não existe inteira. Na minha cabeça, você é como é: plena. Certifique-se de que nunca lhe deixei só, que nunca deixei de acreditar, que nunca de deixei de tomar para mim tudo o que é você. Não fuja, pelo contrário, sinta-se em casa, pois minha cabeça é seu saltar, consagrada a te cultuar, te adorar, te amar.... E veja que não está trancada, mas livre em mim, pois eu te quero livre para voar cada vez mais alto. Fecha os olhos para ter a dimensão do quanto do seu perfume, da sua textura, da sua ciência, da sua temperatura estão na minha cabeça, que é feita de detalhes seus. Durma nos meus pensamentos e viva para sempre nos meus sonhos sonhados para você. Veja o quanto a minha imaginação é capaz de me levar até você, de me trazer você, de me deixar em você. Mergulhe nos meus sentidos, aflorados por você, que é meu signo, meu significante, meu significado. Toque em todo amor – nascido e merecido por você – que habita minha cabeça. Um amor que cresce em todo canto de mim. Cresce forte, viçoso, caudaloso. Ouça a nossa música tocando sem parar. Ouça meus passos indo ao seu encontro. Ouça o infinito de nós dois me guiando, me mostrando você e eu. Minha cabeça tem a tua luz, uma luz que ilumina e me deixa febril, com pensamentos fervilhando, borbulhando, queimando nos corpos das mais variadas sensações, emoções, situações que nos ligam. Olha quantas ligações temos. Ligações sensoriais, espirituais, carnais, viscerais, zodiacais, neurais, sobrenaturais... Caminhe por meus sentimentos, meus ciúmes, meus quereres falando de você... Repara como minha cabeça lhe assume com força e intensidade. Adentra pelos reinos encantados criados especialmente pra você. Aproveite para fazer tudo o que quiser. Afinal, tudo em mim é seu. Esteja certa de que não existe nada de pecado ou de errado entre nós, pelo contrário. Escuta o quanto eu agradeço por ter encontrado e sido encontrado por você, que é digna de tudo de bom, isto é, de melhor que posso ser. Entra na minha mente e alegra-se, porque você é quem me faz mais, mais de tudo que sou e posso ser por você. ...
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16/04/2012 - Dona Pomba-Gira

Dona Pomba Gira me convidou para rodar na barra da sua saia, laiá. Com as bênçãos de Oyá, me põe para girar pra lá e pra cá, sem parar, sem parar, sem parar de rodar, laiálaiá.

Dona Pomba Gira vira feito pião, roda virando pelo céu, pelo chão. Cheirando a álcool e cigarro, roda no barro do terreiro baixando as cartas do baralho indicando atalhos no destino.

Dona Pomba Gira me chamou para rodar nos seus rodados. A roda da dona Pomba Gira é roda cantada, ponteada, bordada e marcada por fitas avermelhadas. ...
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26/12/2015 - Dona saúva

Lá vem dona saúva trilhando pro formigueiro. Vem cantando e requebrando com um pedaço de folha de coqueiro. Lá vem dona saúva batendo antena com outras formigas avisando da chuva. Vem num balançado sincopado de se pedir socorro. Lá vem dona saúva subindo morro, fazendo curva. Vem trabalhando e se dando à rainha. Lá vem dona saúva apaixonada por um guerreiro e sozinha. Vem com o coração batendo forte pros lados do norte. Lá vem dona saúva temida, de bem com a vida, sem medo da morte ou da lida. Vem faceira, bordadeira das roseiras, cortadeira de goiabeira. Lá vem dona saúva carregando chegadas e despedidas como se carregasse uma doce uva.


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19/04/2016 - Donos destas terras

Hoje é dia dos donos destas terras. Hoje é dia dos primeiros, dos nativos, dos originais. Hoje é dia dos que entendem do mato, das águas, das pedras porque são parte de tudo isso. Hoje é dia dos que se pintam para o amor e para a guerra. Hoje é dia dos que sabem despertar a natureza. Hoje é dia das lendas vivas. Hoje é dia de fogueira, arco e flecha e tribo. Hoje é dia de sobreviver, de não ser apagado da história. Hoje é dia do amor tupi, tupiniquim, tupinambá. Hoje é dia de curumim, cacique, pajé. Hoje é dia de índio como todo dia deveria ser. Hoje é dia dos donos desta terra.


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19/06/2013 - Dor caipira

O sítio ainda me dói. E me dói em seus terrões vermelhos, em seus pés verdes, em seus sulcos de água de mina. Quão doloridas são as lembranças daquele chão que por tantas vezes percorri descalço. Lembranças que cortam como vento que fecha as tardes de inverno. Dói ouvir o canto dos pássaros que não ouço mais. Dói olhar para as mãos ainda marcadas pela terra roxa. Dói saber que o tempo me separou daquele mundo de uma forma que não tem mais volta. Por força do destino, parti levando comigo a dor da falta. ...
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17/01/2017 - Dor de dente

No silêncio da noite, escuto seus passos me assombrando. Sua falta ainda me apavora. E o tempo ignora o verbo esquecer quando se trata de eu e você. Sentimentando, eu me pego sonhando com tudo o que ficou para trás. É como se você estivesse em cada xícara, em cada canto, em cada centímetro quadrado de onde habito. Sua voz, entre sussurros e gritos, está impregnada nas paredes. E tudo isso tira a minha paz. E eu me lembro quando deitava em meus braços como se eles fossem sua rede. Eu matava a sua fome e você, a minha sede. O seu travesseiro ainda guarda o seu perfume. E mesmo distante, sem saber por onde andas, queimo de ciúme. Eu disfarço, mas eu acho você até no espelho. Ora é reflexo ora é vulto ora é miragem ora é alucinação. E quando o vento tremula as cordas do meu violão é o seu nome que sai esbarrando em meus ouvidos em forma de canção. Eu viro o disco, eu mudo a faixa, eu troco de canal, mas você está diretamente conectada ao meu sistema nervoso central. Por mais que eu jogue as suas lembranças fora, tudo misteriosamente volta para os arquivos nada secretos da minha memória. É uma luta inglória, travada dia e noite, entre a poesia e o açoite. Eu rasgo as páginas do nosso romance sem final feliz, mas a nossa história continua presente, tão forte e latente, como uma dor de dente.


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17/04/2015 - Dor de garganta

Minha garganta dói a dor do nascimento. Não tenho dor de garganta em razão de resfriado, amidalite, gripe. Minha garganta dolorosa, dorida, dolorida é pelo parto das palavras. Os amores ditos, benditos ou malditos, que esperam para nascer por meio de versos ou prosas se enroscam, cravando dentes e garras em minhas cordas vocais, as quais escalam como penitentes no purgatório em busca do céu. Do céu da minha boca, da minha língua, dos meus lábios. Querem nascer. Querem liberdade. Querem acontecer. Porém, precisam esperar sua vez. E nessa espera fazem doer porque também doem de silêncio. Ferem a garganta que para “eu te amos” são como cela de prisão ou convento. Querem se lançar, se jogar, se entregar ao vento, aos ouvidos, ao destino. Minha garganta dói grávida de sentimentos de amor sedentos para nascerem como palavras. Palavras...


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15/09/2014 - Dor e silêncio

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17/02/2011 - Doração

A dor me consome. Uma dor que não dorme. Uma dor com tantos codinomes e sem nenhum nome próprio. Uma dor que me tira a fome, que me tira o sono e me dá o ópio. Os delírios e as fantasias de uma criatura dorida, sentida da vida. Os lírios e as poesias ficam para depois dos espinhos e gritos impossíveis de serem decodificados, quiçá entendidos. A dor que me faz aflito e me toma sozinho. A dor que alimenta o desespero e fecha todo e qualquer caminho. A dor que fermenta e envelhece como um bom vinho. ...
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