Daniel Campos

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17/04/2015 - Dor de garganta

Minha garganta dói a dor do nascimento. Não tenho dor de garganta em razão de resfriado, amidalite, gripe. Minha garganta dolorosa, dorida, dolorida é pelo parto das palavras. Os amores ditos, benditos ou malditos, que esperam para nascer por meio de versos ou prosas se enroscam, cravando dentes e garras em minhas cordas vocais, as quais escalam como penitentes no purgatório em busca do céu. Do céu da minha boca, da minha língua, dos meus lábios. Querem nascer. Querem liberdade. Querem acontecer. Porém, precisam esperar sua vez. E nessa espera fazem doer porque também doem de silêncio. Ferem a garganta que para “eu te amos” são como cela de prisão ou convento. Querem se lançar, se jogar, se entregar ao vento, aos ouvidos, ao destino. Minha garganta dói grávida de sentimentos de amor sedentos para nascerem como palavras. Palavras...


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