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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 105 de 320.
24/08/2015 -
Duas metades
Amo você independente de todas as coisas que insistem em nos separar. Amo você para além de todas as dores. Amo você num amor de marcas profundas que não quer e nem pode se calar, pois é a voz da alma. Amo você em todas as horas e de todos os jeitos. Amo você para além dessa vida. Amo você se aninhando em mim. Amo você superando lágrimas e angústias. Amo você querendo cuidar da sua estrada para todo sempre desejando que nossas caminhadas permaneçam cruzadas. Amo você mesmo de longe, pois no amor de verdade a distância não importa. Amo você fazendo da despedida a oportunidade de um novo encontro. Amo você desde que lhe vi pela primeira vez num amor intenso e propenso à eternidade. Amo você mesmo que você não queira. Amo você por dentro e por fora. Amo você como um dia, em tempos que já não existem, amaram as princesas – com nobreza. Amo você querendo lhe dar asas, abrigo e calor. Amo você sendo a continuação de seu braço, de sua perna, de sua boca e a completude do seu ser, como num quebra-cabeça complexo de muitas peças que se encaixam perfeitamente feito duas metades. E duas metades, independentemente de todas as coisas que insistem em separá-las, vão para sempre se buscar.
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28/02/2012 -
Dumont
Existem sobrenomes que mais parecem nomes, são como locomotiva, com brilho e forças próprias. Dumont, sobrenome que voa e, que mede o dia e a noite e que desenha com meadas de linha. Dumont é um sobrenome sonoro, chega a cantar na língua, estalar nos ouvidos. Sobrenome que desvirginou o céu dos homens. Santos 14 Bis Dumont. Sobrenome de asas e ponteiros, de liberdade e relógios. Uma grife do tempo que anda no pulso de homens de negócios e de mulheres atemporais.
Nome de aeroporto, de cidade do interior, de praça, de rádio, de matizes. Dumont, das linhas e das agulhas, dos pontos e das tradições, das bordadeiras mineiras. Dumont, sobrenome de visconde, de pé de valsa, de rei do café, de escritor de novelas, de donzela. Sobrenome de quem, em francês, é do monte, do morro. Sonoramente, pode ser casado perfeitamente com Drummond, com Leblon, com batom, com Saigon. Dumont, mais do que uma nomenclatura, um som.
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10/08/2014 -
Durma bem
Durma, durma ao meu lado, de um jeito agarrado, sonhando com reinos longínquos. Durma abraçando meu corpo num ângulo oblíquo. Durma, durma falando comigo numa língua encantada. Durma não se fazendo de rogada. Durma com esses olhos descendo como cortinas ao final do espetáculo. Durma me envolvendo em mil tentáculos. Durma, durma como menininhazinha que pede proteção só por capricho. Durma, durma me transformando ora em príncipe ora em bicho. Durma, durma ensolarando minha noite. Durma, levando-me à boca do açoite. Durma, durma querendo-me sempre mais perto, puxando-me, agarrando-me, sufocando-me. Durma, amando-me. Durma, escolhendo de pronto o seu lado da cama, mas querendo ocupar todo e qualquer espaço. Durma, fazendo-me subir pelos seus laços. Durma, dobrando esse corpo de ginasta. Durma, no que lhe falta de pudor no que lhe sobra de casta. Durma, durma sem exigir antecipados sonhos ou nada de pesadelos. Durma exalando perfume de seus cabelos. Durma, durma sem pressa de acordar. Durma, durma, durma até o mundo que não nos é favorável se acabar.
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01/07/2008 -
Durvinha "quebrou o rei"
Nos anos 20 e 30 do século passado, um grupo de justiceiros ou, melhor, cangaceiros, assombrava o nordeste brasileiro. Era época de Lampião e Maria Bonita, a versão sertaneja de Romeu e Julieta. Mas atrás das duas estrelas do cangaço, vinha um bando de causar medo em qualquer valentão. Juntos, eram paixão e destruição. Se uma vila negasse dinheiro ou, comida ou, apoio, ou fosse lá o que queriam, botavam para quebrar. Os cangaceiros seqüestravam crianças, incendiavam fazendas, matavam rebanhos, estupravam, assassinavam e torturavam. Se fossem atendidos em suas reivindicações, organizavam bailes e davam parte do que roubaram para a população local. ...
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Dúvidas de um cidadão
Por mais que se fale em termoelétrica, sinto que ando desinformado. Não sei se as informações são poucas, superficiais, desencontradas ou se eu estou querendo saber além do que querem contar. Talvez seja porque eu esqueci a guerra e assim, certos assuntos não conseguem passar por mim de forma despercebida. Termoelétrica?!?!
Era uma vez uma crise energética. Era uma vez. Logo logo o governo vai dá-la por encerrada e usá-la na campanha presidencial do próximo ano. "O governo que acabou com o apagão", um belo slogan, senão pelo fato de ser o mesmo governo que criou, ou melhor, deixou criar o apagão. Gostaria de esclarecer que eu não venero nenhum partido político, isto é, voto no caráter, no humano, nos projetos e não numa sigla. Dito isso, vamos em frente....
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30/09/2012 -
Dúvidas frequentes
Para onde vai? De onde vem? Será minha? Serei seu também? Quando acorda? Onde mora? Ainda chora? Será adeus? Será pra sempre ou vai embora? Crê em Deus? Favorece a quem? É de ninguém? Por onde voa? Já caiu em si? Atende por sabiá, cotovia ou bem-te-vi? Tem fome de quê? Paga para ver? Será que dorme? Esconde-se, encara ou foge? Vive por bem ou na marra? Ama ou odeia? O que sonha, deseja, pleiteia? Comédia, suspense ou drama? Qual o último capítulo da sua trama?
Quer o quê? Escreve ou lê? Compra, vende ou doa? Veste cor vermelha, laranja ou azul? Passeia pela lua, pelo morro ou pela zona sul? Será que pede socorro? Segue qual calendário? É de leão, escorpião ou aquário? Quer ser enterrada, cremada ou devorada? Canta para a plateia ou para o espelho? É de maré-baixa ou maré-cheia? Escurece ou clareia? Beijos na boca, nos pés ou nos joelhos? Sem pressa ou aos atropelos? Ama ou põe de cama? Ficção ou realidade? Será a anti-saudade?
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16/01/2011 -
Dúvidas literárias
Se Machado de Assis pudesse falar se Capitu traiu ou não Bentinho com Escobar? Se fosse para escolher um só, Colombina ficaria com o Arlequim ou com o Pierrô? Se o sol não fosse tão sertanejo será que Baleia viveria até hoje com Fabiano? Se Dona Flor não tivesse Dois Maridos seria ainda lembrada? Se Emília não fosse de pano seria boneca? Se Rapunzel não tivesse trança ganharia liberdade? Se Romeu e Julieta não morressem o romance teria o mesmo apelo? Se ao contrário de cravo e canela Gabriela fosse de pimenta e limão Jorge continuaria sendo Amado? Se Adão e Eva não se amassem nos jardins do paraíso bíblico, existiríamos? ...
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24/06/2008 -
E a minha poesia subiu o morro
"Daniel,
Em nome da nossa Estação Primeira de Mangueira, escrevo muito agradecido pela sua crônica em homenagem ao Jamelão ('O samba e o choro', publicada neste espaço no dia 18 de junho).
Passá-la-ei para os seus familiares.
Atenciosamente,
Guerra Peixe
Vice-Presidente Cultural da Mangueira".
E não é que minha poesia subiu o morro. Foi com muita emoção que recebi o email do vice-presidente Cultural da Mangueira, o historiador Guerra Peixe, sobrinho do famoso maestro. Ao homenagear o mestre Jamelão, que faleceu no último dia 14, minha poesia deixou os horizontes deste site e foi voar mais longe. Trajando terno branco e chapéu de palha, meus sentimentos subiram o morro da mais querida das escolas carnavalescas do país e, quiçá, do mundo. ...
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28/05/2016 -
E a primavera não chegou
Por noites e dias, preparei o jardim. O meu jardim particular, íntimo, secreto ou não. Sem parar, cuidei do terreno, em dias frios, quentes e amenos, esperando a primavera chegar. Mas tudo era verão, outono ou inverno. Protegi as sementes de nós dois do vento, dos corvos, dos ratos... Deixei de comer, de dormir, de viver para proteger as sementes do que eu pensei que seria uma estrada florida, perfumada, repleta de casais de mãos dadas, de crianças brincando pelas pétalas, de pássaros se deliciando naquela aquarela de cores. Vigiei as sementes do passado acreditando que quando a primavera chegasse elas nos trariam tudo o que queríamos dali para frente. Porém, a primavera não veio. Secaram meus jardins de dentro, deixando-me sem início e sem fim, no deserto do meio. Mesmo assim, não me desfiz das sementes. Continuei esperando pela primavera. Fui perdendo as forças físicas, mas não a fé de que ela chegaria. Porém, o corpo não aguentou e tombou. E uma ventania roubou as sementes de mim. E, enfim, quando o fim chegou eu, mesmo com tudo aparentemente perdido, acreditei. Fechei os olhos e vi a primavera com seus olhos verdes, carregando uma rosa azul, colorindo jardins de norte a sul. Era como se aquele perfume primaveril nunca tivesse me deixado. Resisti tanto tempo em vão para finalmente entender que a primavera não chegou porque, e simplesmente porque, nunca me deixou.
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25/08/2014 -
E agora, dona Ofélia?
E agora, dona Ofélia, quando é que eu vou comer bolinho de chuva daquele que só a senhora sabe fazer? Não deu tempo de aprender nem o doce nem o salgado. Recebi os bordados que fizera para eu guardar como lembrança, porém eu queria mais; Mais do que lembranças. Meus olhos nunca se esqueceram das suas mãos bailando pelo meio daquelas meadas de linha. Da última vez que nós nos encontramos eu não me fiz de rogado e comi meu bolo de aniversário adiantado, mas eu ainda esperava ter outras desculpas para comemorar com essa receita única. As flores de seu jardim já devem estar preocupadas, chorosas mesmo sem orvalho, todas carentes das suas mãos tão férteis. Aliás, a preocupação é geral. Os milharais estão desolados, pois o sonho de toda espiga de milho sempre foi acabar em suas mãos no ponto prefeito de um certo cural que ninguém faz igual. As mães sofrem com suas crianças cheias de quebranto sem saber se essas mãos vão voltar a pegar no terço para benzer. As bonecas que ganhavam roupinhas para serem vendidas em bazares beneficentes devem estar se sentindo nuas. Os botões andam desabotoados com a ideia de não contar mais com suas casinhas artesanais pelas camisas afora. Suas amigas da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro devem estar se perguntando a razão disso ter acontecido justamente com a senhora. Assim como a preocupação , a perplexidade é lugar comum diante do acontecido. Será que por conta dos remédios a senhora não tomou ou não tomou a quantidade necessária de seu fecha-corpo na última Sexta-Feira Santa? O que aconteceu com sua luta incessante pela liberdade? Difícil de acreditar que aquela mulher que não queria depender de ninguém agora está sobre uma cama completamente dependente. E que história é essa de não falar mais? Para não trazer à tona a falta que vão sentir de suas histórias e aconselhamentos baseados numa sabedoria que une tempo ao sentimento, vou dizer de como será difícil lidar com o silêncio calando sua voz extremamente afinada graças a esses ouvidos apurados no piano. E uma das últimas coisas que ouvi de sua boca dias atrás foram perguntas de como é a vida após a morte... (Pausa) Esses dias chegou até aqui uma foto da senhora comendo um doce de abóbora feito para mim e agora vem com essa de não querer comer mais nada? Sonda? A senhora sempre fez questão de arrumar o próprio prato depois que todos já estavam comendo. Tudo se revirou da noite pro dia numa mudança brusca sem margem para entendimento. Mas a questão é a seguinte, dona Ofélia, como é que eu vou para aí se na hora de eu chegar não vai ter aquele abraço tão apertado quão demorado e na hora de me despedir a senhora não vai estar mais em pé no passeio acenando, acenando, acenando até o carro desaparecer de suas vistas, de suas vistas que ninguém sabe se ainda são capazes de enxergar para além de suas memórias.
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