Daniel Campos

Prosas

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20/08/2014 - Desenho mítico

Lá pelas tantas eu lhe acho santa. Mas quando a coisa pega eu lhe caço diaba. Inocência e indecência no mesmo olhar que eu levo pro altar e viro numa mesa de bar. E a boca que beija é a mesma que morde. O frio que tenta impor não é o bastante para esconder o calor que provoca arrepio em meio a um suador interior. E a elegância se casa com palavrões. E o prazer no paradoxo da sexualidade da saudade se enche de senões. Os sonhos tomam porre pelo seu corpo e entram em overdose pelas suas entranhas. Faz amor de manhã. Faz amor de manha. Arranha e não se acanha. Banha em minhas tramas. Constelações ora desavergonhadas ora tímidas formadas por uma estrela só que na verdade são muitas num desenho mítico. E o sexo se torna um xodó. Fá Lá Si Dó quantas notas pelas claves de sol dessa mulher ensolarada mesmo em noite de lua em nu artístico.


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19/08/2014 - Alguém me aceita?

Alguém aceita um homem que ama demais? Alguém aceita um romântico incurável? Alguém aceita um ser capaz de fazer de um tudo para surpreender quem ama? Alguém aceita um cavalheiro que ainda abre porta de carro, envia flores e sente saudade do que ainda não aconteceu? Alguém aceita quem acredite no encontro de almas gêmeas? Alguém aceita um poeta que vive a versar o grande amor? Alguém aceita um cupido sem asas? Alguém aceita o pai de uma filha que ainda não nasceu? Alguém aceita acordar todos os dias no verde de olhos cumplices? Alguém aceita um sonhador que conversa com a lua? Alguém aceita degustar um constante namoro gourmet? Alguém aceita um apaixonado que vive a fazer loucuras para conquistar a mulher que ama? Alguém aceita ser chamada por essas mãos de tantos romances de mulher amada? Alguém aceita se jogar em braços que estão sempre buscando o infinito? Alguém aceita se desprender de tudo para se entregar a um mundinho exclusivo? Alguém aceita ser admirada, elogiada e romantizada a cada segundo? Alguém aceita colar um coração que vive despedaçado? Alguém aceita trocar alianças imaginárias ou não a cada novo despertar? Alguém aceita ter ao seu lado um plebeu desenganado pela sua princesa? Alguém aceita um menino grande que chora? Alguém aceita receber café com carícias na cama toda manhã? Alguém aceita conhecer os sete céus, os sete mares e as sete terras com um andarilho do destino? Alguém aceita ser eternizada em palavras? Alguém aceita ser mimada com ouro, diamante e orquídeas? Alguém aceita ser sonhada e realizada dia e noite sem parar? Alguém aceita quem adie o sono e a fome só para ficar mais alguns segundos na companhia de quem ama? Alguém aceita quem jogue tudo para o alto para atender a um pedido do seu amor? Alguém aceita quem lhe beije as mãos, os pés e até o chão que venha a passar? Alguém aceita quem sabe de uma forma ou de outra o que vai acontecer logo mais ou mais adiante? Alguém aceita quem aceite mas não se conforme com o pouco quando o assunto é sentimento? Alguém aceita quem não consegue mentir sobre o que sente? Alguém aceita aquele que acredita em dimensões paralelas? Alguém aceita um amante para todas as horas? Alguém aceita um guardião de fantasias? Alguém aceita ser levada para outra realidade? Alguém aceita ser caça e caçadora ao mesmo instante? Alguém aceita se perder propositalmente num labirinto de versos e prosas? Alguém aceita embarcar numa vida sem limites quando o assunto é amor? Alguém aceita ter um encontro diário de matérias e energias? Alguém aceita fazer de suas costas um caderno? Alguém aceita entregar sua rotina a considerações poéticas? Alguém aceita viajar hoje com ou sem malas rumo ao desconhecido? Alguém aceita se despir de todos os medos para experimentar o novo? Alguém aceita ser protegida, cuidada e ninada quando mais ou menos se espera? Alguém aceita um cavaleiro que desafio o tempo em prova do seu amor? Alguém aceita um mágico que ilude a si mesmo para não tomar o caminho oposto de sua amada? Alguém aceita quem velará sua noite espantando todo e qualquer pesadelo que possa querer se aproximar? Alguém aceita amar quem nasceu para amar? Alguém aceita ser de outro alguém que é só coração?


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18/08/2014 - Pedindo e aceitando pedidos

Peço um chuveiro para dois, e uma cama para dois corpos se tornarem um. Peço um nó de marinheiro entre meus braços e sua cintura e doses e overdoses de um amor à flor da loucura. Peço um ciúme bem temperado e cortes de paixão que se perdem entre o adocicado e o amadeirado de certo perfume que me deixa incerto. Peço um viveiro, pois havemos de nos despir dos pares de asas e fazer do chão a nossa casa, mas com a promessa de jamais deixarmos as nuvens. Peço corações à prova de ferrugem seja temporal seja atemporal. Peço um delírio de casal. Peço um colírio zodiacal. Peço que simplesmente permitam o encaixa natural. Peço uma fusão de reflexos no menor dos espelhos. Peço rotações de tornozelos e cenas de cinema com dor de cotovelo. Peço a erupção de sentimentos com direito a calores intensos e visibilidade zero. Peço que a lua seja como uma vela boiando e queimando pela continuidade dessa união. Peço a oportunidade de matar a sangue quente toda e qualquer saudade. Peço que imitemos os lobos e nos cacemos e nos protejamos e nos queiramos e nos uivemos. Peço que o instinto seja nosso labirinto particular. Peço para jogar, para brincar, para não parar, para intensificar, para avançar, para escandalizar, enfim, para cortar suas raízes e lhe virar de pernas para o ar. Peço a estadia desse romantismo renascentista que vai de encontro a sua curvatura. Peço o devido acompanhamento ao seu fôlego de atleta. Peço uma janela secreta e uma coleção de fantasias indiscretas. Peço mãos cegas que tateiem tudo sem saber distinguir os avisos de proibido. Peço pedidos aos pés do ouvido.


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17/08/2014 - Comédia Romântica

As portas do carro se abriram paralelamente ao movimento do fechar dos lábios após o último beijo. Sapatilhas e sapatos se entrelaçaram ainda meio atordoados pela surpreendente fim de tarde, que estava fadada a não oferecer mais nada. No entanto, dessa vez a expectativa se quebrou positivamente. E foi tanta euforia que ela revelou até um de seus segredos para seguir com a pele fresca e perfumada mesmo sob a ação de sol, correria e trânsito. Dirigia, conversava, sorria. Estava bem com ela mesma e isso era o mais importante. Que o mundo se acabasse lá fora, pois dentro daquele carro tínhamos a nossa bolha de felicidade intensa e propensa ao infinito. Mãos nas mãos avinhadas. Mãos nas pernas jeans. Mãos no rosto de óculos escuros. Mãos que após o beijo de quem ama de forma longa e doce, as portas do carro se abriram. E então as mãos se deram repetindo para nós mesmos que aquele encaixe de linhas do destino, de formas anatômicas, de vontades, é perfeito. Nossas mãos combinam, nasceram uma para outra. Se na ancestralidade nosso corpo era um só, a separação para cada qual se procurar pelas vidas afora foi precisa. Pois vidas e vidas depois nossas mãos, para não falar dos nossos corpos como um todo, continuam se encaixando tão e quão bem. E por uma calçada estreita margeada por árvores tortas e teimosas como a paixão deve ser no meio do cerrado caminhamos como personagens de um filme leve. Sempre foi assim, quando longe, vivemos o drama. Quando juntos, uma comédia romântica. E quem passava ao nosso lado nos observava com olhos carentes daquele nosso apaixonamento. Nossas mãos se colavam para não se soltar por nada. E foram passos e mais passos de um amor explícito semeando vida e esperança pelo lenho daquele verão. Antes da chegada de outros beijos mais molhados, de mãos se aventurando por tecidos mais ocultos, de perfumes sendo esfregados um no outro como abelha no pólen, as mãos reinaram absolutas. Os passos se cadenciavam. A caminhada era harmônica. Não era por menos, sempre tivemos o mesmo ritmo. Seja o ritmo para andar ou para sonhar. Foram tantos e quantos sorrisos. Embora não houvesse coelhos e cartolas e cartas de copas pelo caminho, aquele encontro em movimento se fazia mágico em cada nanodetalhe. Dois meninos se encontrando no meio da tarde. A sensação de dois meninos que cabularam aula para flertar sob as sombras das árvores. Dois meninos que sabiam que logo mais teriam que voltar as suas vidas, mas que tinham certeza de que enquanto estivessem ali estariam absolutamente um para o outro sem pensar em mais nada. Dois meninos que caminhavam se beijando sem tocar o chão. Não havia espaço para fome, para preguiça, para desejos que violassem aquele momento. De tamanho prazer sentido ali naquele abotoar de mãos, passamos do destino. Erramos o caminho, hoje tenho certeza que de propósito, só para avançar mais alguns metros naquela cena digna de porta-retrato.


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16/08/2014 - Mais de trinta

Acordei, olhei no espelho e me assustei: eu tenho mais de trinta anos. Eu tenho trinta milhões de sonhos pra ser realizados. Eu tenho muito a fazer neste plano. Eu tenho mais passado do que futuro. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não aprendi a ser humano. Coleciono enganos, desenganos, entradas pelo cano. Eu tenho inocência de beijos e abraços. Eu tenho impaciência e carência de um outro tempo. Eu tenho tantos laços para ser amarrados, apertados ou desatados. Eu tenho mais de trinta anos e ainda tenho a inocência de que vou ser amado como amo. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não me conheço por inteiro ao ponto de me pegar me chamando de fulano. Eu tenho mais de mil possibilidades e incuráveis saudades. Eu já não tenho mais desculpa. Eu tenho muito que fazer, falando sério tenho mesmo que correr, afinal eu preciso, sim eu preciso acontecer. Eu tenho mais de trinta anos carregando o piano do meu destino. Não sou mais um menino e ainda sou, e tudo sou... Já passei da época de ganhar brinquedo, de colecionar segredo, de ter medo... Eu tenho mais de trinta anos e ainda me encano com contos da carochinha. Às vezes ainda acho que a minha vida não é minha. O tempo passa e a morte existe e nem disfarça. Eu tenho mais de trinta anos e esse meu sangue cigano não me aquieta. Eu ainda acordo poeta. Eu ainda me faço sentimento. Eu ainda esculacho o cotidiano de gente grande. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não pilotei um aeroplano, não virei vegetariano e não me acostumei em ser urbano. Eu tenho tanto ainda a conhecer que às vezes me dá vontade arrumar as malas e ir embora de mim. Em quantos casulos ainda terei que entrar para conseguir voar para onde eu quero. Eu tenho mais de trinta anos e ainda espero. Não danço valsa, arrasta-pé ou bolero. Já passei dos trinta e nem coloquei fogo como Nero. Eu já tenho mais de trinta anos e meu coração não tem nada de veterano. Eu nem sei o quanto o sal das lágrimas já marcou minha pele. Eu tenho mais de trinta anos e pressa em ter menos frustrações, expectativas quebradas e fantasias não realizadas na minha bagagem. Eu não espero envelhecer para ser somente parte da paisagem. Minha arte não tem idade. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não fiquei nu na tempestade. Encontrei minha metade que preferiu completar outra realidade. Já tenho cabelos brancos e já não acredito mais em santos. Meus heróis já se foram. Eu tenho mais de trinta anos. Não tolero os draconianos nem me encaixo freudiano. Eu sou o mesmo Viniciano de Moraes, que anda amando, amando, amando demais. Acordei, olhei no espelho e me assustei: eu tenho mais de trinta anos.


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15/08/2014 - O melhor de mim

Eu busco o que melhor há em mim para oferecer a você. Tenho defeitos, muitos defeitos, mas eu procuro ser o melhor que posso para você. Embora meus sonhos me levem para o mais alto que há, quando se trata de você eu sei o meu lugar. Mesmo seguindo outro destino, eu nunca abri mão de me doar ao seu caminho. Eu mergulho em mim para trazer à superfície o que possa lhe ser de proveito. Eu trabalho meus sentimentos para que eles, acima de tudo, sirvam-lhe de alento. Que meu amor possa lhe servir de escudo. Não importa se é meu nome que segue sendo chamado, cantado e gritado por sua boca, amo-te tão ensurdecedoramente que meu coração ficou surdo e mudo, mas perfeito entendedor de cada sinal. Eu lhe compreendo de todas as formas. Sou palavras, palavras, palavras de amor sincero dedicadas a você. Já me chegaram tantos pesadelos sobre você mas eu levo a vida sonhando delícias de você. Eu abro facilmente mão de mim por causa você. Eu tenho minhas loucuras, meus surtos de antirealidade, mas sei muito bem lidar com a minha saudade, minha saudade de você. Por mais difícil que seja, eu ofereço a você somente o que há de melhor em mim. Tenho defeitos, grandes defeitos, mas eu sei que você merece somente o melhor, o melhor que habita em mim. E é isso que me move a acordar cada dia colocando a minha poesia aos seus pés....
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14/08/2014 - Menina de coração azul

Menina que dá cambalhota. Menina que faz suas molecagens. Menina cheia de princesices. Menina dos olhos de bosques. Menina que gosta de fruta no pé. Menina que ri de desenho animado. Menina que se joga na cama. Menina do beijo tuti-fruti. Menina do riso leve. Menina que se atreve. Menina dos biscoitos recheados e iogurte. Menina que ama e não diz. Menina de tantas cócegas. Menina que sonha o hoje. Menina sem pressa de viver. Menina dos olhares de lua cheia. Menina que rodopia sem se importar se vai cair ou não. Menina de intimidades à tona. Menina de tanto frescor. Menina sem frescura. Menina na rua, no carro, na cama. Menina que se espreguiça em abraços. Menina que (se) apaixona dormindo. Menina do sol. Menina que se lambuza. Menina que cruza as pernas em mim. Menina flor. Menina que se deixa conduzir. Menina translúcida. Menina que chama. Menina que pede colo para dormir. Menina que não é de fugir. Menina que expõe as cartas sem truques. Menina boneca. Menina moleca. Menina sapeca. Menina de coração azul.


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13/08/2014 - Confissão de amor eterno

Desde que soube de sua existência, em momento algum, nem por um milionésimo de segundo, eu deixei de lhe amar com a intensidade e a verdade que você merece. Você sempre ocupou – e ainda ocupa - meus pensamentos, seja no campo da realidade ou nos universos paralelos onde orbitam os sonhos, as fantasias, os desejos. Tudo o que faço tem pelo menos um propósito relacionado (direta ou indiretamente) a você. Não durmo antes de fazer preces para que tenha uma linda noite. Não saio da cama antes de mentalizar um dia maravilhoso para você. Eu me dôo a você seja por sentimento, por escrita ou por energia. E quero sempre, sem sombra de dúvida, o seu melhor. Já falei isso olhos nos olhos e por meio de poesia e, por mais que se assuste, sou sincero ao afirmar que sou capaz de qualquer coisa por você. Também já lhe disse pessoalmente e por versos e repito quantas vezes for necessário: casa comigo? Sim, meu convite de casamento a você continua de pé. Você é a mulher que eu quero me casar a cada minuto de um jeito diferente. Mesmo com suas escolhas, jamais afastei meu caminho do seu. Posso passar o resto da vida caminhando ao seu lado, num amor silencioso, realizando-me simplesmente por fazer parte da sua estrada. Não me interessa o que dizem, o que pensam, o que julgam, faço-me amor, e amor pleno, caindo de joelhos aos seus pés. Seja escrevendo, cozinhando, correndo, banhando, cochilando, trabalhando estou sempre ligado a você. Aliás, essa ligação é tão forte que às vezes até mesmo eu, que não tenho limites, surpreendo-me. Jamais duvidei das suas intenções. Jamais questionei, por mais que me doesse, os seus nãos. Assim que me apaixonei, que me assumi apaixonado, pois a paixão já era ancestral no nosso caso, coloquei a minha vida em suas mãos e disse para tomar de conta. Confiei e confio em você mais do que tudo e para tudo. Nunca me arrependi de nada, senão de ter fugido com você numa dessas loucuras que por amor a você tive que conter. Estou sempre pronto para lhe dar colo. Aliás, meu corpo e minha alma são seus. Jamais duvide do quanto sou seu, pois não há dúvida alguma nisso. Quantas as vezes que acordo no meio da noite e a primeira coisa que pergunto para mim mesmo é se você está bem? Quantas as vezes que viajo até você para saber como está? Quantas as vezes que ignoro as regras só para ter a certeza de que você está viva? Difícil explicar para mim mesmo quais são as fronteiras que devo respeitar quando se trata de você. Quero para mim as suas dores, os seus pesadelos, as suas agruras... Estou sempre disposto a sofrer no seu lugar. Pois, no meu entendimento, você não nasceu para ser triste. Embora fique linda mesmo chorando, e eu sei do seu choro, quero sorrisos e mais sorrisos brotando por essa boca doce. De fato, não há nada tão doce quão sua boca. E eu desafio os sete mundos para que você possa sorrir. Até mesmo me calo e me levo para longe de sua vida para que possa viver esses sorrisos. Nunca quero ser obstáculo para sua felicidade. Pode me fazer de escada, de trampolim, de ponte para alcançar o que almeja, mas jamais me tome por uma pedra no meio do seu caminho. Eu sou uma espécie de facilitador para chegar aos seus sonhos mais complicados. Um anjo que aceitou perder as asas e a imortalidade só para ganhar um beijo seu. Não importa se sou justo comigo ou não, o importante é que eu cumpra a missão de lhe fazer bem, muito bem, mais do que bem. É pra isso que me vivo. É isso o que me move. É por isso que eu amo. E amo demais. Não quero saber quantos anos vou viver, mas o tempo que eu passar sobre essa terra, que você pisa de forma tão delicada e perfumada, vou defender a sua felicidade desse meu jeito afoito. Nem o tempo é capaz de vencer o que sinto. Eu não canso de lhe amar. Eu não desisto de lhe amar. Eu não paro nunca de lhe amar mais e mais. Entre a expectativa e a saudade, aí estou eu. Vago pelos devaneios que lhe compõem. Sou aquele com o qual você pode contar, ligar, procurar a qualquer hora. Estou constantemente disponível para você. E se estiver mal, faço questão de lhe fazer bem. Se eu não tiver de posse da cura que necessita, corro atrás. Não tenho medo de nada. Enfrento tudo e todos por você. Podem me matar quantas vezes for preciso, mas eu sempre estarei ao seu lado, conduzindo-a por esse conto de fadas que merece ser a sua história. A história de uma princesa digna de ser amada da forma mais profunda e encantada que possa existir. Como eu disse em outro texto, nunca lhe deixei e nem pretendo fazê-lo. Já ultrapassei as barreiras do “que seja infinito enquanto dure” e estou no que seja eterno. Não quero nada menos do que a eternidade quando o assunto é você.


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12/08/2014 - Nunca te deixei

Até hoje, meu amor, nunca te deixei. Por mais que escolhesse outros caminhos que não os meus para seguir ora com seus pés ora com suas asas, nunca te deixei. Por mais que ainda ecoem pela minha órbita certas palavras tão duras proferidas por boca tão doce, nunca te deixei. Por mais que você insista no abandono contínuo, nunca te deixei. Por mais que cada novo dia aprofunde cada vez mais a tatuagem da palavra “impossível” nas camadas da minha alma, nunca te deixei. Por maior que seja a dor de ter você fechando a porta do nosso destino, nunca te deixei. Por mais que tenham me pedido para esquecê-la e seguir com minha vida, nunca te deixei. Por maior que seja a tristeza de viver por quem lhe alimenta com fartas colheradas de desesperança, nunca te deixei. Por mais que eu seja livre para me aventurar no que bem quiser, nunca te deixei. Por mais que afogue no próprio choro, nunca te deixei. Por mais que hoje em dia eu veja mais as suas costas do que seu rosto, nunca te deixei. Por mais que queiram o contrário, nunca te deixei. Por mais que você tenha tentado, nunca te deixei. Por mais que eu sofra com a sua ausência, nunca te deixei. Por mais difícil que seja amar em silêncio, nunca te deixei. Por mais absurdo que seja se jogar dia a dia num amor sem retorno, nunca te deixei. Por mais vendas que você me coloque, nunca te deixei. Por mais que você seja convicta de sua escolha e faça questão de frisar isso o tempo todo, nunca te deixei. Por mais que digam que não vale à pena se entregar por quem permite esse casamento fiel entre o homem e a solidão, nunca te deixei. Por mais que até o sonho tenha data de validade, nunca te deixei. Por mais que já não há mais diferença entre vírgula e ponto final, nunca te deixei. Por mais louco que seja esperar por quem não quer ser esperada, nunca te deixei. Não sei como será amanhã, mas até hoje, meu amor, nunca te deixei.


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11/08/2014 - É preciso caminhar

É preciso caminhar nem que for em círculos, mas não dá para ficar no mesmo lugar, ainda mais para quem tem espírito cigano, os pés começam a coçar, e vem uma inquietude, uma vontade de sair à carreira para qualquer destino, seguindo a toada do vento ou o que diz algum menino, quem sabe pegar à direita ou à esquerda na próxima cruz deitada, enveredar-se pelo primeiro desvio, roubar as asas de alguma fada ou mergulhar de braçadas na enxurrada, independentemente da opção a ser escolhida é preciso escolher, basta de ficar no mesmo posto, acumulando desgosto e desgosto e desgosto, basta de não avançar, de não conquistar, de não querer mais andar, é preciso voltar a correr as linhas do destino por mais que doam na própria pele é preciso viver, e para viver é preciso se movimentar ou pelo menos se deixar levar pelo sopro da vida, tem de ser assim, pois parar é morrer, é deixar de querer, é se perder na falta de sonho, de expectativa, de ilusão, e o poeta não pode estancar, não pode deixar de sangrar, não pode parar de verter poesia seja noite seja dia, há alguém a lhe esperar, é preciso ir buscar, é preciso chegar, é preciso caminhar, é preciso andar nem que for em círculos, para esperançar, pois a esperança é o movimento da quebra de sentimento entre o sim e o não tentando se encaixar.


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