26/07/2014 - Vagueio
Eu vagueio por aí, por aqui, por acolá. Vagueio de vaguear. Sou alma partida procurando pela metade já encontrada, pela geminitude dos que amam para ser um só. Sou alma vagueante, viajante, volitante. Minha alma não tem paradeiro é como dedo de violeiro que só sossega se dependurado nas linhas do próprio destino. Sou alma de menino solta entre as estrelas como pipa, papagaio, maranhão em fim de tarde enluarada. Sou alma que aparece e desaparece quando menos se espera como clareio no veio da tempestade; e dá-lhe saudade!
Vagueio pelo que há de surpresa, encanto e mistério sobre esse chão. Vagueio pelo serpenteio do trem da inesperação. Vagueio meio bêbado feito vagalume. Vagueio sem reio, sem receio, sem esteio, sem freio, sem rodeio. Vagueio pelos (na)seios da mulher que me vaga. Vagueio como pombo correio que vagueia pelo horizonte com versos com destino certeiro. Vagueio pelo devaneio de viver do próprio sonho. Vagueio cavalheiro de galanteio. Vagueio por aí, por aqui, por acolá e pelo mundo inteiro o meu amor tenteio.
Não sou do céu, do mar, tampouco da terra, sou das pupilas que me fitam como fitas de laços. Sou dos braços que se espicham rumo aos meus passos que vagueiam dali, daqui, dacolá. Sou da boca que não sabe ao certo o que quer por perto. Sou das pernas que são como porteira entreaberta pela estrada da vagação. Sou do desejo mais guardado, mais velado, mais acabrunhado que escapole pelo vagueio do tempo. Sou das mãos que nasceram como continuação das minhas linhas. Vagueio por aí, por aqui, por acolá.
Comentários
Não pare nunca de Vaguear por favor :)
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