Daniel Campos

Prosas

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09/09/2014 - Amor a ferro e fogo

Eu preciso aprender, a cada dia ou noite, a ser um pouco mais do que eu não quero ser. Tenho de me controlar para não fazer o que eu tenho vontade. Ah! E são tantas vontades. Sou obrigado a abrir mão das minhas asas para rastejar por um sonho que me virou as costas. Por algum desses mistérios do amor transformo migalhas em banquetes. Por amor, e somente por amor, pela grandeza desse sentimento, não tenho vergonha ou receio de me sacrificar. Assumo que parei no tempo. Sou como uma mensagem de socorro boiando no mar alto dentro de uma garrafa ou um coração de lata que se desprendeu de um foguete e hoje navega sem rumo e perdido pela galáxia. Vivo me acostumando a ser sozinho, a me perder de quem amo, a me alimentar de sobras de um coração. Eu que não tenho medo fui me apaixonar por quem não tem coragem. Eu que me realizo caminhando nas nuvens fui me apaixonar por quem precisa sentir o chão grudado na sola de seus pés. Eu que por amor sou capaz de deixar tudo para trás fui me apaixonar por quem só consegue me deixar. Eu que tenho espírito afoito e impulsivo, vejo-me cada dia mais preso ao mesmo do mesmo do mesmo. Vivo de ilusão, de fantasia, de imaginação, de poesia, de abstração... Vou estocando tanta coisa em mim que mais dia menos dia será inevitável o meu transbordamento. Brigo, e brigo muito comigo mesmo para eu ter motivos para levantar da cama todos os dias. Brigo para viver porque viver é motivo, motivação, movimentação. Como é difícil ao vento aceitar moldes e limites. Ai, que desejo de ser vendaval, de fazer tempestade, de libertar o furacão que sou. Estou todo podado, limitado, atrofiado. Como é difícil abortar esperanças... Desabafo com as estrelas, choro com uma boa música, soluço nos braços do tempo colocando pra fora de um jeito ou de outro que o meu amor não pode ser em vão. Recorro aos papeis e me faço palavras vivas que doem como se fossem de carne.


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08/09/2014 - Buscadeiro

O que é que eu vou fazer com essa comichão? Eu andei pensando em mudar de planeta, de corpo e até de ponto de vista, mas dificilmente a abelha consegue distinguir entre a flor e a florista. O perfume do amor é o que me move. Posso estar cego de olhos abertos ou cerrados, sigo caminhando, flutuando, nadando, arrastando, voando, escalando ao encontro do que me mantém apaixonado. E o auge da paixão é justamente o processo da sua busca, integrando a conquista não conquistada e a saudade sangrada numa mesma tela pública e aberta.


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07/09/2014 - Estiagem

Que venha a chuva, pois os corações estão mais áridos a cada dia. Os veios de dor expostos, trincados, assolados. Os cardumes da esperança foram drástica, impiedosa e praticamente dizimados por essa seca. Não sei por quantos dias os cilos onde estoquei minhas fantasias hão de aguentar alimentar a fome de quem ama. Nem o amor mais sertanejo conseguiu passar incólume por essa investida do tempo. Que venham os relâmpagos iluminar os olhos da mulher que se torna mais e mais estiagem. Que venham os trovões romper o silêncio seco que impregna nos leitos dessa mulher que corre em silêncio. Que venham os pingos preencherem a solidão que racha o peito dessa mulher. Que a chuva possa trazer mais do que consolo, possa trazer renovação de ânimos, vontades, desejos. Que a chuva possa movimentar as pedras do moinho interior dessa mulher. Que a chuva possa fazer brotar nela o que murchou, secou, tombou... Que a chuva traga suas pinceladas de cor devolvendo o brilho e o viço ao sentimento que sofre com a secura generalizada. Nem que for preciso que minha poesia cigarra exploda de tanto cantar, mas que ela traga chuva para esses terrenos já tão doloridos e desesperadores. Se ao menos as lágrimas fossem doces haveria alguma certeza para as sementeiras de sonhos lançadas por um poeta ao vento abrasador que de tão duro nem assovia mais.


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06/09/2014 - Confunda-se

O que eu não sou eu não fui e nem serei. O que eu trago comigo é exatamente o que eu sigo. O que me vem me vai me tem me sai. O que me visita me palpita e me incita e me excita e não se imita. O que bate cá dentro de mim bate e rebate num sentimento sem fim. O que me margeia não me clareia assim como o que me serpenteia não me boleia. O que eu quero eu espero e me espero e me desespero e me bolero num tempo não quero.


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05/09/2014 - Minha casa

A minha casa é o corpo da mulher amada. Seus cabelos luzidos são meus telhados compridos. O abrigo que encontro em seu ser ora é feito de alvenaria, ora de palha, ora de poesia. A mulher que amo é uma construção sempre em construção. Perfeita em sua incompletude que a faz completa. Seus olhos são portas abertas que me levam aos cômodos mais íntimos e secretos. A acústica de seus ouvidos permite ecos de declarações e confissões de um amor infinito, que reverbera num som cada vez mais bonito. As luzes da minha casa são as luzes que escapam dos plexos em pleno funcionamento dessa mulher que me acolhe ao mesmo tempo em que tolhe a minha estadia em seu leito. Os desenhos que faço pelas paredes de minha casa são tatuagens estampadas pelo corpo dessa mulher contemporânea. Seus pés são minhas passadeiras indicando meus caminhos. E na sua boca encontro todas as garrafas de vinho que existem e não existem em minha adega. Seu colo é minha cama. Seus seios meus lençóis na penumbra que se dá ao balé de uma cheia pelos confins do universo. Minha cozinha é todo doce que há perdido pela essência dessa mulher. E como criança brinco revirando os gaveteiros de sua memória. Seu ventre é meu jardim onde semeio desejo e medo. ...
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04/09/2014 - Cuidador

Ainda não aprendi e talvez jamais aprenda em tempo algum a cuidar de mim como cuido de quem ao amor me destino. Esqueço-me por completo para dar mais e mais atenção à dona dos meus zelos. Que culpa eu tenho se nasci justamente para mimar de forma ininterrupta e crescente a mulher amada? As linhas ciganas das minhas mãos são preenchidas pela agenda dessa mulher que faz o que bem quer com o meu relógio e com os meus caminhos. Num súbito, deixo tudo para trás e parto sem medir efeitos para atender ao menor dos chamados dessa mulher que concede sentido a minha existência. Não me vejo sem cuidar dessa criatura a qual rendo todos os meus sonhos, sejam eles sagrados ou sem pudores. Estou constantemente enredado, emaranhado, apaixonado por essa mulher que me vira do avesso com um simples olhar. Definitivamente, cuidar de mim é cuidar de quem amo demais. Não há como dissociar o meu bem-estar do dela, posto que a minha felicidade está diretamente ligada ao estado carnal, emocional e espiritual dessa mulher. Seja como homem, como anjo, como poeta minha missão é cuidá-la sem exigir nada, absolutamente nada, em troca. Trata-se de um amor incondicional que me faz querê-la feliz independentemente se nos meus ou em outros braços. Dia após dia, recebo de bom grado cada uma de suas dores e trabalho seu sofrimento no meu mais profundo eu até que consiga lhe devolver tudo em pérolas. É para isso que existo, para amorizar quem tem tudo de mim na hora e da forma que bem quer. Por ela, quebro normas. Por ela, mudo hábitos. Por ela, troco o hábito pelas garras ou vice-versa. Se cuidasse de mim um duodécimo do que cuido dela colocaria em risco quem me rege feito estrela cadente, fonte de desejos inocentes e esperanças nada penitentes. E eu vivo simplesmente para não permitir que ela cumpra sua sina: cair. Mantenho-a no mais alto dos céus a qualquer custo. Para tanto, não pouco esforços ou magias. Doo-me carne e espírito a ela sem importar o que restará em mim ou para mim. Existo porque cuido e não mudo tais cuidados nem por decreto assinado por ela mesma. A mulher amada é meu chão, meu teto, meu vício predileto. Cuidando dela não tenho fome, não tenho sono, não tenho frio, não tenho mal, não tenho precisão alguma senão o próprio cuidado. Junto dela ultrapasso as barreiras do mundano e habito outro plano só possível de compreensão para os que amam além de todo e qualquer limite. Por ela, eu me nego. Por ela, eu desapego de mim. Por ela, abdico de angústias e aflições. Realizo-me no ato de dar colheradas de amor à boca d’alma dessa criatura que está impregnada em todo o meu “ser” e, shakespeariano que sou, também no meu “não ser”. O amor pelo qual me transformo em cuidado me basta. Abro mão de tudo o que tenho e o que sou em nome dessa mulher sem nome. Não importa se durmo ou não, mas se consigo afugentar de suas noites todo e qualquer pesadelo. Não importa se como ou não, mas se a alimento na dose certa de poesia. Não importa se queimo em febre desde que a centelha desse sentimento continue acesa em minhas entranhas. Cuidar de mim é cuidar de quem me faz assim, assim apaixonado sem começo nem fim. Tenho para com ela segundas, terceiras, quintas, sétimas intenções, mas, de repente, tudo que há em mim se alinha, orbita e converge em torno dessa mulher intencional. Faço-me inteiro, meio ou pedaço dependendo de suas necessidades. Transformo-me no silêncio de um colo ou no uivo de um encaixe perfeito dependendo de suas vontades. E mesmo que ela caminhe na contramão dos cuidados que eu precisaria ter para comigo merece ser cuidada com todo afinco num contínuo redimensionamento do afeto. Se ela me faz sofrer? Sofrer seria não exercer o direito conquistado à base de muitas provas e loucuras de amor de que sou digno de cuidá-la como nunca cuidei e, quiçá, jamais cuidarei de mim. Cuidar-me-ei sempre a cuidando, eis o meu papel principal nessa passagem (nada) cuidadosa pelo mundo. Que a terra tenha compaixão de meu corpo, pois ela, a mulher amada, tem minha alma de papel passado; Uma doação sem volta. Sim, como causa e consequência desses cuidados eu sou dela como nunca fui ou serei meu.


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03/09/2014 - Só pra lhe amar

Sou eu que lhe faço princesa. Sou eu que vou além da beleza. Sou eu quem recebe sua tristeza devolvendo flor. Sou eu esse poeta sem conserto. Sou eu o último sonhador. Sou eu esse menino sem jeito. Sou eu quem leva o amor a eito. Sou eu que lhe consagro perfeita. Sou eu que lhe declaro eleita. Sou eu que jogo poemas aos seus pés. Sou eu abstração em carne e osso. Sou eu que sempre vou por esse viés. Sou eu a falta de fundo do poço. Sou eu o romântico inveterado. Sou eu o homem alado. Sou eu o coração-solitário fiel a sua dona. Sou eu a emoção maior vindo sempre à tona. Sou eu profissão cupido. Sou eu o eco do seu gemido. Sou eu o escrevinhador dos contos das fadas que lhe habitam. Sou eu a efervescência da fervelhidões que lhe incitam. Sou eu a labareda que não se apaga. Sou eu a vereda que não se acaba. Sou eu o tempo que morde e ladra. Sou eu o guardião da sua fantasia. Sou eu o seu confessionário. Sou eu seu segredo templário. Sou eu a testemunha viva das suas sete vidas que preenchem essa alma que mia. Sou eu que lhe faço soberana. Sou eu que lhe levo pras estrelas altiplanas. Sou eu que faço o seu prato mesmo você não vindo jantar. Sou eu que deixo vazio o seu lado da cama. Sou eu que vivo exclusivamente para lhe amar.


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02/09/2014 - Ainda dela

Você me chega do nada puxando conversa, e entre um riso e um olhar impreciso vai logo perguntando que hora é essa. E eu não sei se é dia ou noite, pois desde que ela se foi eu só conto o tempo pelo tempo sem ela. Mas você insiste e me puxa pelo braço, será que não sabe que o coração poeta é feito de barro e não de aço. E barro se desmancha. E barro se esfarela. Ah, tão bela se eu pudesse moldaria o meu amor ao seu corpo de esplendor, mas eu sou dela, mas eu ainda sou dela, nem que isso só for verdade no meu sonhador. Sinto lhe dizer, mas antes de bem me conhecer precisa me esquecer porque não hei de querer fazer ninguém sofrer como sofro por ela. Não se prenda a mim, vá viver a sua vida. Por que se apaixonar por alguém que não consegue se convencer de uma despedida? Botou-me pra fora, mas eu não fui, não, não fui embora. Não chora pra não borrar essa pele de cetim. Você pode e deve ser feliz sem mim como o jardineiro é infeliz sem seu jardim. Não crie raízes no meu peito. Não brote em mim nem por despeito. Tenha respeito, sinta saudade, mas cultive seu amor-perfeito distante da minha tempestade. Se eu pudesse deixar tudo para trás eu deixaria, mas para deixá-la eu preciso me deixar, e sem mim eu não existiria, como pode um poeta viver sem sua poesia. E hoje ela ainda é meu verso, meu reverso e meu controverso. Quem sabe um dia se ainda me restar fantasia eu lhe faço essa mulher, a minha mulher, que hoje tanto você queria.


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01/09/2014 - Dando voz ao amor

Cometa a espontaneidade de dizer que ama sempre que sentir vontade, pois é exatamente isso o que eu faço e aconselho. Não há maior arrependimento do que não dizer o amor. Aprisionar esse amor não dito atrofiado dentro de você causa uma série de consequências danosas ao seu corpo físico, mental e espiritual. Além disso, pense na pessoa pela qual nutre esse sentimento que jamais saberá desse amor. Pense que muitas vezes ela já sabe disso tudo e só espera por ouvir a sentença de seu coração para ser dona da ação. Tão difícil quão confessar um amor é ouvir essa confissão. Pois tal ato pede uma reação e nem sempre essa corresponde ao enredo que foi montado meticulosamente por sua cabeça. Porém, pior do que um final triste, quiçá trágico, é a falta de um desfecho. Nada é mais torturante e frustrante do que viver de possibilidades, de hipóteses, de abstrações. O “se” é um castigo para os que querem viver o seu sonho. Portanto, para o bem de todos, deixe vir à tona sua declaração de amor. Por mais simples que seja pode ter a certeza de que ela é importante seja para quem ama seja para quem é amado. E lembre-se de que o amor silenciado agora pode na fala seguinte já ser conjugado no passado.


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31/08/2014 - Saudade do seu abraço

Tenho saudade do seu abraço. De poder passar dez anos de conforto em dez segundos em seus abraços. De sentir suas mãos buscando trópicos e meridianos em minhas costas. De suas mãos escrevendo em minha pele o quanto me gosta. De sentir que todos os meus sonhos cabem perfeitamente no seu colo. De não querer mais sair desse abraçamento. De ser enlaçado por seus calores e tremores de prazer e bem querer. De saber que de um jeito ou de outro quer me guardar consigo ao mesmo instante que me deseja como abrigo. De ter a certeza de que nosso encaixe é perfeito em formas, texturas e essências. De confundir braços com asas. De flutuar entre a malícia e a inocência. De me jogar e de lhe receber na mesma intensidade. Do seu abraço tenho saudade...


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