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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 49 de 320.
17/07/2015 -
Tempos difíceis
Suco de limão galego não se acha mais. Linguiça caipira tá em falta no açougue. Canudo de doce de leite caseiro onde é que tem? Costelinha de leitoa pururuca onde eu encontro meu bem? Bacon defumado em cima do fogão a lenha nunca mais. Onde é que há um pé de manga espada para gente se lambuzar? Goiabinha do campo acabou quando o campo queimou. Doce de mamão verde faltou no prato quando se cortou o mamoeiro para criar gado. Leite já não sai do ubre da vaca, mas da caixinha. Já tem feijoada sem feijão. Tá difícil comer “do bão”.
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16/07/2015 -
Pelas voltas do relógio
De manhã me beija colocando em minha boca a sorte do dia em sete sementes de romã. Às onze horas se enrosca em meu pescoço como medalha de bronze por eu já ter vencido parte do dia me dizendo vá em frente sem demora. Quando der meio dia e meia serpenteia pelo meu corpo fazendo-o nu num ócio criativo, apaziguando o rebu ativo, buscando pausas e dando-me asas. Ao chegar as quinze e dezoito chegue como uma bandeja repleta de pães, cafés, biscoitos e frutas adocicadas e antes que eu diga seu nome permita ser devorada com toda fome. Durante a tarde verá como arde o homem apaixonado, sem futuro e sem passado, que leva o presente por entre os dentes. Às dezessete badaladas tentarei fugir e me chamará de pivete e me trará de volta à porta como se fosse o seu moleque. As dezenove, mais mansa, como quem não de amar não cansa, dirá “I love”. As vinte, acidente-se porque a noite já é nascida. E a noite até a paixão do açoite é bem-vinda. As vinte e uma já faça pernoite em mim. Meia-noite espanta meus fantasmas, deixa minha vergonha pasma, ama-me sem fim e peça para nunca eu a fazer sozinha. Quando der duas da madrugada, sentindo-se plenamente amada, com autoridade de rainha, dirá que pelas voltas do relógio, do tempo cronológico ou psicológico, é toda minha.
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15/07/2015 -
Cavaleiro da paixão
Minha viola não toca por esmola. Minha poesia não rima com mais-valia. O meu canto não é por dinheiro. Eu amo e me doo por inteiro. Escrevo não para estar entre os dez mais, mas para mexer com o amor dos já e futuros casais. Minhas palavras não imploram por ouvidos, aplausos, olhares. Meus poemas são cupidos que mesmo sem notar estão pelos ares. Eu não quero nada em troca, mas é tão bom saber que meu verso provoca um beijo, um encontro, um reencontro, um desejo. Eu combato a solidão sendo cavaleiro da paixão. E não há paga para um amor verdadeiro, espontâneo e que ata como nó de marinheiro.
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14/07/2015 -
Tire a vida pra dançar
Bota mais samba no seu requebrado. Capricha no molejo e faz o seu balançado. Sacuda a vida. Chacoalhe o tempo. Coloque pra girar a roda do sentimento. Dança mesmo que sem música. Baile com a alegria que for encontrando pelo caminho. Deixa o ritmo do coração levar seus passos. Não tema cair nem desafinar. Feche os olhos, busque a sua canção, e deixa a vida girar. São encontros, desencontros e reencontros numa constante troca de par. Gira, roda, dança, requebra e não medra. Tire a vida pra dançar.
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13/07/2015 -
Ardente
Toma meu corpo de assalto, furta meus prazeres e rouba meus quereres pra sua vida. Enrosca-se nas minhas tantas despedidas que se acumulam por meus meandros. Entra com sua roupa de bailarina no meu escafandro. E diz que me ama sem dizer nada. Eu sou da mulher amada e isso é incontestável. Vou como poeta do imponderável coração. E a minha canção já é cantada por sua língua. Beija, beija, beija até dar íngua. Meus pulsos febris e nossos corações se doando como que passando em funis. São tantos amores pelos brasis, pelos braseiros, pelos brasões dos sentimentos que são balões ao vento. Agarra-me por inteiro. Atarraca-me como se eu fosse o seu prisioneiro. Amarra-me como rede por entre os coqueiros dos seus olhos que vergam para mim. Não nega que mesmo indo de encontro ao fim queremos tanto o começo quanto o recomeço. Amor de entrega não se nega e nem tem preço. Eu sou o endereço do seu desejo, da sua vontade. Vem e num beijo me invade por completo. Não tenho chão nem teto só o querer que me arde.
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12/07/2015 -
Ipê rosa
Olha quanta prosa pelas ruas. Árvores nuas. Buquês rosas. Vê os ipês. Crê no poder das cores que explodem e eclodem amores. Pelos canteiros de ipês há tanto querer. São beijos rosados, corados, vingados de amor. São flores altas voando feito condor. São amores doces beijados de bico em bico que o diga o senhor beija-flor. São árvores de claves de sol e de lua. Entre pés de ipê, dentre homem e mulher, minha boca encontra a sua.
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11/07/2015 -
Viva você
É preciso deixar de fazer tantas coisas inúteis. Deixar de doar o melhor do seu tempo a essas pessoas fúteis. Dar um basta na produção para viver o teor do seu canto de sublimação. E o meu canto é o encanto da imaginação. Imagina uma nova realidade. Imagina a cidade sem a cidade. Imagina que possa voar e voa. Permita-se estar à toa. É preciso viver fora da ordem. Não deixa que eles lhe podem. Busque você em você. Olhe pra dentro. O que é que você vê? Crê em sentimento? Se não crê passe a crer e a viver de dentro pra fora. Tira o melhor do seu tudo e dá ao mundo. Ria. Chora. Pia. Cora. Do jeito mais profundo sem ajeito mas no feito que vai fundo. Deixa de ser rente. Larga de ser gente. Faça a semente que é você vir a furo. Seja você no seu teor mais puro. Não faça ou desfaça sua vida pelos seus vizinhos. Cada um que siga os seus caminhos.
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10/07/2015 -
Saudade encolhida
Nunca mais tive seus beijos nem sua boca a me dizer nada. Seus abraços abraçam outros braços. Suas pernas, como estão? Pra onde vão? Que caminhos são? Seus pés fazem novos passos. E entre acertos e erros, você afunda nos aterros da minha imaginação que abunda pela oitava paixão. Quando é que você volta? E quando me encontrar não solta? Sua ausência me provoca. Sua falta me sufoca. Sua saudade me toca e me invoca junto à sombra da sua silhueta desbotada em minha cama, em meu corpo, em meu dia a dia. Quantos copos de amanhã preciso para lhe esquecer? Quantas poesias terçãs são precisas para lhe trazer ao meu querer? Nunca mais senti seu perfume, mas ainda tenho ciúme da metade que é minha e vaga sozinha atendendo pelo seu nome. Tenho fome da minha vida que é sua, minha vida amada e nua.
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09/07/2015 -
Beijo de bom-tom
Beija e troveja num beijo de som. Beija e relampeja num beijo neon. Beija conectando-se às terminações beijosas num beijo.com. Beija e seja tudo o que é num beijo colocando nele todo o seu dom. Beija e beija com frisson. Beija e fareja cada átomo do batom. Beija se enseja debaixo do edredom. Beija e se deseja como se fosse um bombom. Beija e se rasteja, deita, rola e faz ronrom. Beija e se veja nesse beijo sem sair do tom. Beija porque beijar é sempre de bom-tom. Beija se dando de bandeja num beijo bom.
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08/07/2015 -
Castelo do Assombrão
No Castelo do Assombrão, tem morcego, lobisomem e bicho papão. Tem vampiro, múmia e caixão por todo lado. Tem grito de horror e gemido de pavor. Tem ladrão de passado e esqueleto que já deixou a vida de lado. Tem caveira, fogueira de bruxa e pedaços de gente. Tem semente de monstruosidades, fantasmas sem animosidades e muita sobrenaturalidade. Não falta assombração, sombras e sombras que sombras são, no Castelo do Assombrão. Tem sangue, tem bangue-bangue, tem tumba, tem a rumba dos mortos, tem a lama dos porcos, tem a cama das dores, e os pecados dos confessores, tem pacto de almas, tem suspense que espanta a calma, tem destino que não cabe na palma da mão. Tem estranhitude demais e esquisitices pra lá de anormais. Tem porões e outras dimensões. Tem foices, ossos, caldeirões, e muitos senões, as sombras são, assombrações, no Castelo do Assombrão.
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