Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 47 de 320.

06/08/2015 - Passado pássaro

Eu me visto com penas como se eu fosse pássaro e passo como apache. Eu tenho nas aves a minha força nativa viva como os índios que já não vivem. Ache ou desache, eu guardo asas e as uso quando me convém. E eu vou como os pássaros me vêm. Não tenho medo de altura e sou dado a loucuras pelos céus. Faço ninho e canto de amor a quem quiser ouvir, mulher ou pássara. Podem arrancar minhas penas que elas crescem como seus cabelos. Ninguém me rouba dos ares. Ninguém prende meu coração alado. Ninguém me afasta dos meus ancestrais. Sou do tempo em que os homens voavam e se amavam pelas nuvens. Só tome cuidado, pois em certos momentos meu pássaro interior não canta, ruge.


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05/08/2015 - Colocando em ordem

Afina meu violão que eu toco à multidão dos sonhos seus. Olha para o céu da minha boca que minha língua roga ao tempo sem adeus. Coloca minhas letras em ordem e diz que minhas poesias podem ter livre acesso ao seu corpo. Enfileira nossos sapatos e fala que cada par será responsável por um ato de amor louco. Pendura no varal as minhas esperanças com os pregadores do seu desejo e nua de expectativas dança e não me livra dos seus festejos.


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04/08/2015 - Matança

Matar um leão não lhe fará rei. Matar um sabiá não lhe dará asas. Matar um tucunaré não impedirá que o rio continue a correr. Matar uma mangueira não lhe trará frutos. Matar um ipê não lhe colorirá. Matar uma seringueira não lhe enraizará. Matar uma abelha não lhe levará às flores. Matar uma cegonha causará abortos nada espontâneos. Matar um elefante não culminará num coração de marfim. Matar um macaco não ocasionará graça alguma. Matar um lobo não calará dentro de você o uivo. Matar uma cobra não lhe santificará. Matar um cisne não lhe embelezará. Matar uma amoreira não lhe adoçará, apenas lhe manchará como todas as mortes que lhe matam a própria sorte. ...
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03/08/2015 - Real e fantasia

Na vida real eu luto para lhe ter por perto. Na vida ficcional eu vivo dentro de você que vive em mim, simples e completo assim. Na vida real eu desejo mais desses nossos dias e que seja cada vez melhor. Na vida ficcional o pra sempre é meu de fato e de direito, e pra sempre é sempre perfeito. Na vida real eu dou um jeito. Na vida ficcional eu sou o homem-poema nascido do homem-problema. Na vida real eu me sinto deserto. Na vida ficcional o sonho é meu feto. Na vida real eu colho esperanças. Na vida ficcional eu tenho concreto o meu mundo criança. Na vida real eu busco saídas. Na vida ficcional não existe partida perdida. Na vida real me faltam pedaços. Na vida ficcional em mim eu me acho e lhe acho e nos acho. Misturamo-nos real e fantasia, dia após dia, como se essa união fosse nosso guia. ...
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02/08/2015 - Se meu pai me diz

Se meu pai me diz para seguir meu coração eu sigo. Se meu pai me diz para confiar em sua mão assim eu vivo. Se meu pai diz para eu ser feliz para a tristeza não ligo. Se meu pai em diz para deixar para lá eu me privo. Se meu pai me diz que o tempo ruim vai passar eu já começo a clarear. Se meu pai me diz para amar incondicionalmente eu amo de coração presente. Se meu pai me diz para seguir em frente eu vou. Se meu pai me diz para ser melhor eu sou. Se meu pai me diz que tenho asas eu voo. Se meu pai me diz que minha vida é o outro eu me doo. Se meu pai me diz que está comigo eu tenho abrigo. Se meu pai me diz para afofar a terra e semear eu me faço canteiro. Se meu pai me diz para amanhecer eu me ilumino por inteiro.


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01/08/2015 - Enxergue além

Nunca se contente com o que você vê. Há sempre mais a ser visto e revisto. Enxergue além. Busque olhar o que vem de dentro. É tempo de embrenhar os olhos pelo sentimento. Invente como invento um novo jeito de olhar às estrelas que estão por todo lugar. Tem sempre algo novo a ser encarado, mesmo que esse algo esteja no passado. Empenhe seus olhos ao tempo e mire o alento. E busque assento aos seus olhares no que está depois dos habituais lugares. Afunde-se no que esconde por detrás da pele, da carne, dos ossos, do coração. Ponha seus olhares a serviço do reboliço dos teares da visão. Há mais a ser visto do que pode imaginar quando se olha a sonhar.


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31/07/2015 - Quarando o coração

De quando em quando é necessário colocar o coração para quarar, limpando-o do mundo que a todo instante está a nos contaminar com suas mundices. Não é maluquice estender o coração no chão nosso de cada dia sob um sol de ferver sabão. Só tome cuidado, fique atento, pois enquanto o coração está quarando ao vento alguém pode passar e roubar o seu torrão de sentimento. E também não vá se esquecer de deixar seu coração ao relento a sofrer de solidão que o dista das estrelas.


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30/07/2015 - Seu jeito de amar

Num dia você me chama carinhosamente. Noutro, manda-me embora como se eu nem fosse gente. A mesma boca que grita é aquela que me enche de palavras bonitas. A mão que dá adeus é a que busca os seus prazeres e me dá conforto. Quando você me deseja morto eu sei que me quer bem, que é o seu jeito de dizer que ama e tem medo de amar também.


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29/07/2015 - Abraçaredo

Eu sei que vou lhe abraçar com todos os meus braços eu vou lhe enrolar em minha pele fazendo de nós um só casulo. E lhe envolvendo e querendo eu vou nos imortalizar num fóssil coração num tempo pra lá de bom. Vou, eu vou, vou lhe apertar em segredo e sufocar seus medos num abraçaredo. Eu sei que vou gostar, amar e me apaixonar a cada novo abraço. Vou abraçar suas pernas, sua cintura, seu pescoço, seus seios, seu dorso, seus fins, começos e meios. Eu vou abraçar seus tornozelos, seus joelhos, seus cabelos. Vou mergulhar com todos os meus braços em busca de seus abraços feitos de traços imaginários e concretos, mais que perfeitos, ao melhor do seu jeito, sentindo-me abraçado, amado e eleito.


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28/07/2015 - Picardia

Um dia eu podia ser mais do que queria ao menos uma vez. Um dia eu queria fazer mais do que você podia e não fez. Um dia eu ia ao que merecia, noutro aquém da minha galhardia. Um dia eu valia a minha fantasia, noutro a minha covardia. Um dia eu me via alegria, noutro o que me judia. Um dia eu me lia em outro dia, noutro eu caia na monotonia. Um dia eu me sabia, noutro eu não sabia nem o rumo da minha moradia. Um dia eu engolia o mundo, noutro a minha ousadia. Num dia eu doía de sangria, noutro de taquicardia. Eis a minha picardia ou o meu eu poesia.


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