Daniel Campos

Prosas

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27/07/2015 - Homens e mulheres caramujo

Não me diga que é hora de ir, de ir embora para casa. Nosso lar é aqui e em todo lugar que nos caiba. Somos homens e mulheres caramujo, levamos o que é nosso em nós. E, ao contrário do que possa parecer, estamos mais completos quando estamos nus. Nossa bagagem interior de memórias, amores e sonhos é o que nos faz sentir em casa seja onde for. Nossa paisagem não é espelho, mas o olhar pra dentro. Visto de qualquer jeito, o coração é só um músculo. E nós somos mais que corpos, tecidos e ossos. Nós somos o que não nos rodeia. Nós somos o que nos incendeia. Não se iluda, a aranha é a aranha e não a teia. Nossa casa é nosso compilado de erros e acertos, nossos nascimentos e renascimentos, nossos encontros e reencontros, o que fizemos e o que ainda queremos fazer. Não me diga que é hora de ir, de ir embora para casa, porque nosso lar somos nós. ...
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26/07/2015 - Além de mim

Faça o que me faltou coragem. Vá mais adiante do que eu tentei ir. Jogue-se onde eu fiquei por medo. Não olhe para trás porque o passado, eu sei bem, é só passado como eu também. Fuja dos seus receios. Supere você mesmo, pois somos nosso principal obstáculo. Avance pensando apenas no avanço. Transforme seus temores e suas dores em combustível para seguir em frente, para mudar, para não ficar onde está. Construa pontes que levem cada vez mais para você. Pois o que importa disso tudo é o que você sente. E o presente nada mais é do que você se projetando ao futuro. Seja seguro e vai como eu não fui e, finalmente, seja o que eu não sou. Se eu sou seu espelho, quebra-o.


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25/07/2015 - Matas de Pai João

Matas verdes. Matas fechadas. Matas iluminadas. Matas encantadas. Matas frondosas. Matas virgens. Matas nativas. Matas abundantes. Matas belas. Matas formosas. Matas cheias de vida. Matas dos espíritos. Matas divinas. Matas floridas. Matas dos frutos. Matas perfumadas. Matas profundas. Matas saudáveis. Matas afáveis. Matas fortalezas. Matas refúgios. Matas firmes. Matas intensas. Matas ricas. Matas resplandecentes. Matas envolventes. Matas de passaredo. Matas presentes. Matas de alívio. Matas atemporais. Matas aclaradas. Matas nascentes. Matas guardiãs. Matas enluaradas. Matas selvagens. Matas intuitivas. Matas crescentes. Matas de energia. Matas em movimento. Matas de Pai João.


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24/07/2015 - Muitos

Eu era um, era dois, era oito, era mil, era cem, era vinte, era eu. E eu era você e eu nem sabia nem você. Eu era também aquele, aquela, aquilo. Eu era a nuvem, o poeta, a serpente e o esquilo. Eu era o marmelo, o rastelo, o caramelo, o martelo. Eu era o menino, o destino, a menina, a sina. Eu era o antes e o depois e o agora num só. Eu era tanto e tantos. Eu era o santo e o encanto e o quebranto. Eu era o sabiá, o angorá, o tamanduá. Eu era o nó, o só, o pó. Eu era isso, isto, planta, gente, pedra e bicho. Eu era deus e era eu e era seu e o que me deu. Eu era inteiro, fora e dentro, visão e cheiro, último e primeiro. Eu era o conhecido e o proibido, o lembrado e o esquecido, o mocinho e o bandido. Eu era gênesis e apocalipse em linhas casadas, em poesias misturadas, homem na mulher amada.


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23/07/2015 - Iluminidade

Ilumina, ilumina, ilumina eu. Eu que não sou daqui, sou de deus. Nasci do tempo, venho do espaço. Ilumina meus passos e passa comigo. Ilumina meus braços e dá-me asas e abrigo. Ilumina meus traços e me intua por onde sigo. Se eu ando na tua eu não tenho medo do perigo. Ilumina cada esquina minha, pois a vida é encruzilhada e é preciso luz pra clarear a estrada. Ilumina, ilumina, ilumina a passarada e faça da vida a minha mulher amada. Ilumina, ilumina, ilumina pra cá que sabiá não voa na escuridão e se voar se perde na solidão. Ilumina, ilumina, ilumina, já que minha sina é a claridade. Ilumina, ilumina, ilumina me dando a iluminidade.


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22/07/2015 - Meus cantores

Milton nascente nascido nascença Nascimento. Gilberto braseiro brasileiro brasil Gil. Chico Buarque de angola, de luanda, de Hollanda. Paulinho do violão, da cuíca, da Viola. Martinho do bairro, do morro, da praia, da Vila. João bossa nova Gilberto. Edu lua uivo Lobo. Tom mata atlântica Jobim. Nara leoa leonina Leão. Zé rama trama chama Ramalho. Vinícius vícios amoritíssimos de Moraes. Ney bosque selva mato Matogrosso. Raul trem das sete Seixas. Caetano arcano Veloso. Elis feliz Regina. Beth mangueira ipê angico Carvalho. Clara claridade Nunes. Clementina dos santos dos orixás de Jesus.


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21/07/2015 - Calor em romance

Faça do meu corpo o seu cobertor às horas frias. Não modere no sonhadeiro, pois meu fogão é alimentado por sonhos. Quanto mais sonhação mais calor e aconchego. Cuidado para não se queimar nos meus olhos faiscantes. Vá a fundo, mas vá sem atropelos. Meu coração é vela acesa, enquanto houver chama amor haverá. Portanto, nada de movimentos abruptos, inesperados demais, pois a fogo pode se apagar. Cultive a centelha da minha alma em suas mãos e me terá para sempre, num romance-canção. Beba minhas prosas como quem bebe um chocolate-quente, gole a gole sentindo todo o gosto e ardor. Não tenha medo, mas se lembre de que o sol da tarde não é o mesmo sol de cedo. E há noite pode se encontrar com meu sol interior. E quem tem amor o frio mais frio da ausência não coloca pavor.


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20/07/2015 - Queijo coração

O coração como um bom queijo não pode chorar. Precisa ser bem espremido, podendo para ir ser sofrido seja por que mãos forem. Não se preocupe com o tempo, pois o coração fresco vai ficando curado. As dores vão fermentando os sonhos e vai se criando uma casca entre o mundo e o miolo do coração. Dependendo da ebulição, o coração pode ter ou não buracos que dão às brincadeiras da emoção. E o sonho de todo coração é ser devorado aos pouquinhos ou num só bocado, dependendo da fome e da duração do amor.


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19/07/2015 - Livra-se e vem

Tira a roupa e vem me ver. Já estou doente de tanto querer. Venha sem sapatos. Sem vestidos. Como num grande ato onde do encontro faça o melhor do permitido e do proibido. Pegue o primeiro arco. Flexione seu corpo como num arco. Faça-se presente em todos os locais do quarto. Estou a lhe esperar como se fosse a primeira vez. Desabotoa seus botões no meu jardim de inverno. E entre tantos senões vai me fazendo a sua certeza. Tira a roupa do que nos afasta e vem me ver. Dispa-se dos obstáculos, das incongruências, das incompatibilidades e vem esvair toda e qualquer saudade. Doma os meus dias vazios. A selvageria que me tomou. Faça-me do seu jeito que eu lhe faço no meu ajeito para tudo ser mais que perfeito. Deixa de lado o passado. Desça do muro do futuro. Faça um furo no hoje e deixa vazar todo o sentimento. Tira todo nó, todo não, todo só do coração. Dá alento ao meu caminho que se estende sozinho. E vamos somente com o essencial de nós dois ao chamamento da paixão.


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18/07/2015 - Guardação

O que você guarda no fundo das suas gavetas? O que você sucumbe sob sua cama? O que você armazena atrás do seu armário? O que você empurrou para debaixo do tapete? O que você colocou no esquecimento? O que você segreda pelos cantos? O que você deposita no seu baú? O que você mantém em seu sótão? O que você abandonou no seu porão? O que você enterra? O que você esconde? Do que você se desfaz não se desfazendo? O que você jogou fora dentro de você?


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