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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 298 de 320.
Bem-vindo ao caos
Na mitologia grega, antes da criação do mundo, existia o caos. Milênios depois, eu acredito que voltamos ao caos. E nem vou falar do mundo em geral, onde mulheres e homens-bombas explodem o que restou de suas vidas. Vou falar do nosso país, onde o presidente se enche de discursos franceses, enquanto mulheres desse mesmo país, numa pobreza tamanha, trocam o absorvente pelo sabugo de milho. Caos, triste realidade.
O caos, ou seja, a bagunça, a confusão, a desordem é o resultado de uma falta de política. A nossa política sempre privilegiou uma parte minúscula da população. Uma política que visa o dinheiro. Pergunto: como sobrevivem os não ricos? Sobrevivem no caos. ...
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Boca chabernet
Onze horas da manhã. O cabelo molhado, emaranhado e colado ao início das costas. O olhar varre o guarda-roupa. Depois de tanta procura, descalça e de hobby, vai para a sacada. Seu olhar ganha a linha paralela do horizonte. Paralela? Paralela com tantas coisas. Lembranças brincam de correr por aquela linha, brincam de escorrega, brincam de gangorra, brincam de pique - esconde. Lembranças.
Por debaixo daquela linha, paralela a um mundo distante, os olhos quase se afogam em um lago. É preciso ter cuidado e equilibrar o olhar naquela linha. Embora de águas calmas, ninguém sabe os perigos que habitam aquelas águas azuladas. Seres fantásticos podem existir ali. E talvez seja em busca desses seres que aquela mulher entrega olhares à varanda. Quase 12h e as piscinas do hotel, que se acabam antes do lago, continuam vazias. Nenhuma criança, nenhuma cena de beijo, nenhum copo carente de sol. Ninguém. ...
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Bodas de vida
Cinqüenta. 50 tardes. 50 músicas. 50 encontros. 50 olhares. 50 anos de amor, amizade,..., devoção. 50 anos em que a vida já se faz infinita por si só. Quantas rosas floresceram ao longo dessa caminhada? Quantas as pétalas? Quantos os espinhos? Uma rosa que no início se equilibrava em uma rama tão frágil. Mas a beleza sempre triunfa e a rosa que se vê murcha, já doa sua vida a outro botão.
Cinqüenta anos em que uma roseira floresce seus botões com uma beleza diferente a cada dia. Floresce com novas esperanças e promessas. 50 anos onde uma vida se entrega a outra em plena devoção. Quantas mãos sonharam chegar juntas aos cinqüenta anos? Amores que nascem em frações de segundo e que perduram pela vida toda como se fossem algo mágico. Uma magia que permite, a cada dia, que os olhos se cruzem e tenham a certeza de que tudo valeu a pena. ...
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Bonecas
Ela, do alto de sua meninice, estatela os olhos diante das vitrines de uma loja de brinquedos. Entorta o pescoço pra lá, a cintura pra acolá e fica na ponta dos pés só para conseguir enxergar melhor a vida por detrás daquele vidro. Chega a ficar com os olhos parados e esquecer de todas as preocupações mundanas. Mas qual era o mundo daquela menina de seis anos senão os brinquedos? Mas sua mãe parecia não entender. A mãe tinha uma reunião com a diretoria da empresa, um telefonema para o exterior, uma aula de primeiro socorros para a renovação de sua carteira de motorista, uma massagem, um almoço com o pessoal da turma de espanhol e... ...
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Brasil sem rosto
"Eu vi o menino correndo, eu vi o tempo brincando ao redor daquele menino". Menino que nasceu no finalzinho do século passado e ainda não encontrou o seu rosto. Menino que se vê frente a frente com uma tecnologia avançada, cada vez mais longe do humano. Menino, analfabeto de informática. Menino que fala "I love you" e não sabe o que é amar.
Menino da liberdade de pensamento, de expressão, de comunicação. Menino que não sabe a ditadura. Militares, exílios, lutas, ideais,..., ficaram presos nas histórias que não contam mais. Menino que se acha envolto de paz. Menino que nunca cantou pela liberdade com Geraldo Vandré. Menino que sempre esteve livre. Os pássaros são livres até que se debatam contra os arames da gaiola. Menino, prisioneiro de um mundo de mentiras....
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Brasil: a grife da miséria
"Reze pelo Haiti, chore pelo Haiti, o Haiti é aqui, o Haiti não é aqui". Como esquecer os versos de Caetano quando o sentimento é o mesmo. Haiti? Brasil: país emergente, país do futuro, país das promessas e do crescente abismo social. Ricos, pobres (antigamente conhecidos como classe média) e miseráveis. Três classes, três sinas, três faces e um país.
Caro(a) leitor(a), creio que nunca sentiu a fome consumindo seu corpo, ainda tem um lugar para morar e uma renda que lhe permite viver, independentemente de quais forem as condições, mas permite. Entretanto deve ter percebido que a miséria está mais próxima. Basta andar pelas calçadas, principalmente as do centro da cidade, para perceber que não terá mais o mesmo passo despreocupado enquanto pensa longe ou admira alguma vitrine. Ao caminhar somos obrigados a desviar, não das pessoas que andam na direção contrária, mas das que fazem da calçada um ?ponto de esmolas?. Quantas as mãos estendidas, vazias e ociosas que pendem em nossa direção em busca de centavos de reais. Mãos da esmola....
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Caetaneando mais uma vez
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Café com Cony
Desde muito cedo adquiri o hábito saudável de tomar café da manhã com Carlos Heitor Cony. O jornaleiro, antes mesmo de o galo gargarejar com as primeiras gotas de sol, atirava aquele amontoado de notícias contra a minha janela. Não sei como, mas ele tinha pré-disposição em me acordar. Acredito que ele, o jornaleiro, só tinha ânimo para sair de casa, lá pelas três horas da madrugada, e pedalar a bicicleta, que o deixava com as pernas suspensas, só pelo íntimo prazer de me acordar.
Podia estar sonhando no mais perfeito paraíso, mas o menino travesso insistia em me trazer para a realidade. Tinha medo de que minha alma, que ficava vagando de mundo em mundo, se assustasse com o barulho, nada sinfônico, produzido pelo beijo forçado entre manchetes do dia com as frestas da minha veneziana, e não mais encontrasse o caminho para voltar ao meu corpo. Cheguei a espiar o menino pelo portão, acordando mais cedo que ele, e pude notar o sorriso em seu rosto ao arremessar o jornal contra o meu sono. ...
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Caminho de dentro
Dentre tantos caminhos, nasci. E ao contrário de Drummond, não me lembro de nenhum anjo torto, daqueles que vivem nas sombras, vir me dizer alguma coisa. Nasci. Alguns anos de namoro na década de setenta. O casamento e mais algum namoro. Nasci. E era dia dez, como tantos outros dias dez. E era junho como tantos outros junhos. E não era feriado, não era dia santo, sequer era domingo.
Um dia normal, se é que os dias são normais. Ou melhor, era uma tarde normal, como tantas outras do século XX. O sol começava a procurar um esconderijo para que, quente de amor distante, pudesse admirar os fetiches da lua. Perto das cinco da tarde. Nem tão tarde para um desejo de boa-noite nem tão cedo para um desejo de bom-dia. Mas o momento exato para tantos outros desejos. Uma hora estranha com crise de identidade diante do tempo dos relógios....
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Caminhos
Eu caminho, tu caminhas, nós... A vida é feita de caminhos, caminhadas, caminhantes. Caminhos feitos de terra, de pedra, de mar, de céu, de mato, de fogo. Caminhadas feitas de procuras, esperas, encontros. Caminhantes feitos de sonhos e lembranças.
Nessa caminhada, independente dos acontecimentos, segue-se em frente. Nesse caminho não se vê muito adiante, uma espécie de cerração toma nossos olhos, portanto, sonhar é uma questão de sobrevivência. Os passos podem ser lentos ou apressados, estreitos ou largos, firmes ou fracos, mas são para frente....
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