Daniel Campos

Prosas

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 3193 textos. Exibindo página 281 de 320.

01/08/2008 - O governo perde a voz

No dicionário da música, a expressão "a voz" é sinônimo de ninguém menos do que Frank Sinatra. Coincidências à parte, às vésperas do filho do astro norte-americano apresentar seu show em Brasília, o governo brasileiro perde a sua voz mais afinada. Gilberto Gil pediu demissão. O baiano suportou seis anos de Ministério da Cultura, lutando pela arte popular. Depois de sucessivas tentativas de se afastar, Gil deu o veredicto final. Por mais que Lula queira, ele não voltará para o bis.

Os palcos agradecem, mas como ficará o gogó do governo? Sem dúvida alguma, Gilberto Gil tinha a melhor voz da Esplanada dos Ministérios. No entanto, foi uma das que menos ecoaram nestes anos todos. Gostando ou não, a voz enrouquecida de Lula e a voz sisuda de Dilma Roussef são atualmente as que mais chegam aos ouvidos do público brasileiro. Para compor o trio de tenores do poder, eis que surge o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Embora seja o mais tímido, ele é responsável por um dos principais acordes, o Fi. Dó Ré Mi Fá Sol Lá Fi... Fi? Financeiro! Cantando em politiquês e economês, essas vozes estão longe da poesia de Gilberto Gil. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

31/07/2008 - A vida seria blue

Concentre-se. Elimene de sua cabeça o desnecessário. Todas aquelas informações que você assistiu no último telejornal, todas as pendências do trabalho, todas as dívidas ativas ou inativas, todos os medos que lhe assombraram na última noite... Jogue tudo fora. Deixe sua mente vazia. Sinta seu coração pulsando por todo seu corpo. Não se preocupe em contar as batidas, apenas sinta-as. E vá se entregando aos sons e cheiros do espaço sideral.

Agora, imagine-se entrando em uma nave. Seu assento é confortável, o banco reclina e permite até um cochilo. O barulho do lançamento e aquela fumaça toda ficaram para trás assim como o aceno daquela pessoa especial, que você tanto gosta. Tire o cinto e note que a gravidade começa a faltar. Faça cambalhotas pelo ar. Respire fundo e olhe para o lado de fora. Ao alcance de seus olhos, meteoritos, poeira espacial e filhotes de estrela chorando luz. O azul do céu ficou negro como o infinito. O sol está mais próximo. Sinta o calor e tome uma daquelas pílulas sabor churrasco. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

30/07/2008 - Ordem e progresso ou desordem e retrocesso?

Vivemos um dos mais longos períodos de liberdade democrática já existente no Brasil, desde que Pedro Álvares Cabral chegou por aqui, há mais de quinhentos anos. E isso me deixa preocupado. O que será que vai acontecer? Será que vem um novo golpe por aí? Essas são perguntas que ficam zanzando pela minha cabeça. Será que a quebra deste cenário de estabilidade acontece antes ou depois da eleição de 2010?

Há uma máxima que diz que estamos sempre construindo a democracia. E sabe por quê? Simples, há quem trabalhe pela construção democrática e quem trabalhe pela sua desconstrução. A Constituição de 1988 nem foi totalmente implementada ainda e já há uma legião falando da necessidade de uma nova constituinte. O que será que vão colocar nela? Será que vão podar nossos poucos direitos? É bom lembrar que o avanço de uns é o retrocesso de muitos. E cada um quer construir um Brasil a sua maneira. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/07/2008 - Uma fila chamada Brasil

Fila de banco, além de estresse, é uma oportunidade indigesta de aprendizado. É uma vitrine social. Afinal, entra e sai gente de todas as cores, credos, classes sociais, idades, sexos, ideologias. Muito bem. Estou eu em uma longa fila de um banco privado a observar a falta de civilidade de uma pátria que adotou o "jeitinho" como opção de vida. Brasileiro quer se dar bem e isso é fato. Depois a gente não sabe a razão de o país ser miserável e corrupto. Os grandes pilantras nasceram de uma sucessão de pequenos maus-hábitos....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

28/07/2008 - Burocratizaram o mundo!

Antigamente, o ato de viver era bem mais simples. Hoje, há burocracia para todos os lados que se olhe. Há algumas décadas, chovia sem qualquer pretexto. Rezava a lenda que bastava São Pedro querer para a água cair do céu. Agora, tem uma história de frente fria, de massa de ar quente, de vento inter-tropical que sopra do continente para o mar. Enfim, burocratizaram a chuva. Outrora, vestia-se de acordo com o espelho e pronto. Hoje é preciso seguir a moda, a tendência, o contemporâneo.

Antigamente, um único médico dava jeito em tudo quanto era doença. Hoje, é preciso ir ao especialista do especialista do especialista. O paciente, tal e qual uma peteca, é jogado para lá, para cá, para acolá sem conseguir resolver o seu problema. O olhar clínico foi substituído por exame disso e daquilo. Em outros tempos, uma palavra ou um aperto de mão selava um acordo ou um contrato. Agora, faz-se necessário vários fiadores, testemunhas, consultas de crédito, antecedentes criminais, comprovações de salário, reconhecimentos em cartório... ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/07/2008 - O Guardião da Capela

Uma pequena capela. Uma pequena capela esbranquiçada. Uma pequena capela esbranquiçada culminando em uma torre pontiaguda. Uma pequena capela esbranquiçada culminando em uma torre pontiaguda onde mora um sino. Uma pequena capela esbranquiçada culminando em uma torre pontiaguda onde mora um sino que era badalado por um homem que gosta de repetir as frases.

A capela que guarda em seu altar uma senhora negra vestida com um manto e tendo em sua cabeça uma coroa, guarda também um senhor branco, sem manto ou coroa. Entre a fileira de pouco mais de 16 bancos de madeira, o homem que gosta de repetir a conversa já dita, por mania ou por pura poesia, dança. Como um perfeito cavalheiro, enlaça, em um bolero, uma vassoura daquelas que ele mesmo plantava, amarrava e vendia. Ele e a vassoura, dois pra lá, dois pra cá. Canelas magras, bigode perdido entre o negro e o branco e um Oriente no pulso, daqueles que funcionam com um simples chacoalhar do braço. Camisa de viscose de manga curta, feita por sua mulher, dona Ruth, que costurava pro gasto. A calça escorre acinzentada por suas pernas longas até desembocar em sua botina de solado de pneu. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

26/07/2008 - Joyeux Anniversaire

Hoje, ao menos o teu mundo, minha namorada, amanhece diferente. E não adianta correr para o espelho em busca dos afagos do tempo, tampouco correr a janela e olhar o lá fora. A mudança não se dá ao desfrute dos olhos nus. Ah! Passaram-se dias, semanas, meses. As ilusões estão mais maduras. Os sonhos, mais palpáveis. E os sentimentos, mais duráveis. Ò minha doce amada, como é bom testemunhar o milagre do amor que emana de teu corpo. Eis que o teu amor não envelhece. Ao contrário, bebe de uma espécie de fonte da juventude que a cada dia o torna mais forte e bravio. E eu te amo mais e mais e demais a cada nova dança de ponteiros. E como um bolero, eu te quero em cada passada mais perto. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

25/07/2008 - Sobe, sobe, sobe...

Os juros sobem e ponto final. A inflação sobe e explode em uma dor de cabeça descomunal. A fome sobe pela goela dos famintos. A desconfiança sobe pelos pensamentos de quem sobrevive. O mal estar sobe pelas galerias. A insatisfação sobe pelas paredes. O ibope do presidente sobe dia após dia. As dívidas sobem para tudo quanto é lado. O feijão sobe e se divorcia da feijoada. O boi sobe e desaparece dos churrascos. O leite sobe e esvazia das mamadeiras. A comida sobe e some dos pratos. A fila dos desesperados sobe às estrelas....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

24/07/2008 - Carne e espírito

Amor! Ah, o amor! O amor é a tatuagem que ocupa toda a extensão da pele e nunca cicatriza. Mais do que uma palavra, do que uma expressão, do que um verbo... Amor é uma identidade viva. Amor é o vir e o se unir e o lutar e o gozar e o sorrir. Amor é compartilhar de um mesmo projeto por mais diferente que sejam as duas criaturas amadas. Amor é se aproximar de quem você confia. Amor é a construção de um caminho, antes de tudo, coletivo. Amor é um caminhar junto. Amor é um sonhar junto. Amor é um fazer junto. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

23/07/2008 - Um funeral a la Dercy

Tão aplaudida quão incompreendida, Dercy Gonçalves foi um caso à parte na história da humanidade. Haveria muito a escrever sobre seus mais de cem anos. No entanto, peço licença para não falar da sua vida. Quero discorrer sobre sua morte. É difícil de acreditar, mas o corpo da atriz foi enterrado em pé em um cemitério no interior do Rio de Janeiro com direito a Hino Nacional, muitos flashs e fãs caracterizados no melhor estilo da comediante. Depois de seresta, missa e procissão, ao som da bateria da escola de samba Viradouro, Dercy foi enterrada na posição vertical, no mausoléu que fez questão de construir, como forma de mostrar que continua viva. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   279  280  281  282  283   Seguinte   Ultima