Daniel Campos

Prosas

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22/01/2014 - Cabeça de Vinícius

Vinícius de Moraes sempre foi meu poeta de cabeceira, por isso recomendo que você tenha sempre à mão um pouco dele para utilizar de forma homeopática ou com a intensidade de uma overdose. Assim como o filho de Xangô, ande por céus e mares vendo poetas e reis, com a certeza de que a vida chega sangrando aberta como uma pétala. Nasça amanhã, andando por onde ainda há espaço. Lembre-se de que “a mulher amada carrega o cetro”. Pergunte-se, sempre que necessário, “quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?”. Viva a receita do poetinha “De tudo ao meu amor serei atento”. Viva vinicianamente a vida como a arte do encontro. E atente-se para o fato de que “quem não pede perdão não é nunca perdoado”. Siga Vinícius, mesmo que nas pequenas coisas do dia a dia, para fazer valer o célebre “hei de morrer de amar mais do que pude”. E quando em silêncio aprenda a “viver cada segundo como nunca mais”. Ao ver o luar, tenha cuidado, porque deve andar perto uma mulher. Tenha para si que como cantou o capitão do mato “maior solidão é a do ser que não ama”. E renove-se a cada segundo numa prova ou num pacto de fidelidade trazendo em si a certeza de "que seja eterno enquanto dure"....
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21/01/2014 - Mar aberto

Para além dos meus dias haverá um milheiro de outros dias talvez mais bonitos que os meus. Eu desafino. Eu ando torto. Eu desalinho. Eu faço o aflito. Eu grito. Eu, mesmo quando inédito, me repito. Eu sou mar aberto quando devia ser porto. Eu sou o que não querem que eu seja. Eu sou a palavra que aleija. Eu sou a valsa que não é mais dançada. Eu sou a lua caindo na calçada. Eu falo demais em um silêncio quieto como só. Eu sou o pó sobre a mesa. Eu sou a dose incerta de tristeza. Eu sou o nó do destino. Eu sou o menino, o adivinho, o linho no campo. Eu sou o que acredita no encanto. Eu sou só isso. Sou esse reboliço interior. Essa nave sem direção. Esse beija-flor que nunca será condor. Eu sou o passo largo que vive tentando chegar às estrelas esmaltadas de vermelho. Eu sou o timão do navio girando, girando, girando no meio da tempestade. Eu sou os pensamentos fugitivos adormecidos pelos cabelos. Eu sou o que não tem idade. Eu sou o anti-horário. Eu sou o ovário textual. Eu sou o sentimento viral. Eu sou o último de hoje. Eu sou o olhar mais longe do monge. Eu sou candeeiro noite adentro. Eu sou amor ao vento. Eu sou trevo de cinco folhas. Eu vivo dentro da minha bolha. Eu sou a rolha do champanhe jogada ao chão. Eu sou o talvez para além do sim e do não. Eu sou embarcação pirata. Eu sou o que me falta.


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20/01/2014 - Dia de verde

É dia de verde. É dia de mato. É dia de Oxóssi. É dia de festa. É de árvore. É dia de arco e flecha. É dia de caboclo. É dia de cavaleiro. É dia de fruta madura. É dia de bicho. É dia de fé. É dia de devoção. É dia de comida farta. É dia de proteção. É dia de agradecimento. É dia de canto. É dia de rio. É dia de chuva. É dia de sementeira. É dia de trilha. É dia de conversar com a mata. É dia de trocar energias com o verdume. É dia de ouvir o que os pássaros têm a dizer. É dia de muito querer. É dia de bendizer quem nos guarda. É dia de união. É dia de observação. É dia de trazer toda a força para fora. É dia de dizer “pai”. É dia de cura. É dia de vibrar com o senhor das matas. É dia de compreender e viver Oxóssi de várias maneiras, inclusive, como um raio. É dia de caboclear.


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19/01/2014 - Voar-me-ia

Se fora da minha realidade poética asas eu realmente tivesse, voaria para um mundo distante. O mundo dos pássaros que morrem no inverno e renascem no verão. O mundo dos que se entregaram à lua. O mundo dos amores sobre-humanos. Voar para longe dos limites do tempo e de suas leis. Voar sem se preocupar com fôlego. Voar pela chuva e por sobre as nuvens. Um voo sem volta. Um voo sem avisos. Um voo com destino, mas sem trajeto definido. Voar para uma estrela. Voar para um conto. Voar para a origem de tudo. Voaria sobre as árvores que nos cobriram. Voaria sobre o chão batido que nos faltou. Voaria sobre as porteiras que deixamos entreabertas. Um voo impossível, mas possível. Um voo afoito. Um voo à flor da pele. Voaria sem escala. Voaria sem bagagem. Voaria de peito aberto. Um voo mais poético do que atlético. Um voo puramente magnético. Um voo químico. Voaria pela vermelhidão pintada no fundo dos céus. Voaria numa trilha sonora com aroma. Voaria para os olhos que nunca saíram dos meus.


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18/01/2014 - Nada do que eu diga

Nada do que eu diga parece importar. Nada do que eu diga parece ter valor. Nada do que eu diga parece fazer sentido. Nada do que eu diga parece lhe convencer. Nada do que eu diga parece ser amor. Nada do que eu diga parece valer à pena. Nada do que eu diga para lhe trazer de volta. Nada do que eu diga parece deixar de doer. Nada do que eu diga parece lhe fazer me olhar. Nada do que eu diga parece ser o que é. Nada do que eu diga parece quebrar essa barreira. Nada do que eu diga parece fazer você me escutar pelo menos mais uma vez. Nada do que eu diga parece soar como verdadeiro. Nada do que eu diga parece arrancar um sorriso seu. Nada do que eu diga parece útil neste momento. Nada do eu diga parece lhe fazer bem. Nada do que eu diga parece romper esse silêncio. Nada do que diga parece avivar nosso sentimento. Nada do que eu diga parece valer mais um beijo.


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17/01/2014 - Aceleramento

140... 160... 180... 194 quilômetros por hora... Lá fora, tudo passa por mim rapidamente. Árvores diferentes se transformam em um borrão verde. As nuvens vão se juntando querendo me falar algo. Ayrton Senna, que andava a mais de 300, tinha razão ao dizer que a velocidade o levava para perto de deus. Sim, o piloto, imerso em voltas e voltas mais rápidas, conversava com o criador. Quanto mais a velocidade cresce no velocímetro mais e mais fico entre dois planos. A concentração faz com que tudo ganhe lucidez enquanto erro algum é permitido. ...
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16/01/2014 - Em frente

Seguir em frente é preciso, sempre em frente. Seguir arrastando ou quebrando correntes. Seguir a favor ou contra o vento. Seguir gestando um novo tempo. Seguir carregando a dor. Seguir enfrentando a correnteza. Seguir dentro ou fora dos trilhos, desbravando a trilha. Seguir em frente a pé, de avião, de bicicleta, de caravela... Seguir batendo asas ou rastejando. Seguir gostando, adorando, amando... Seguir pelas pedras, pelas quedas, pelo que medra. Seguir pelos jardins, pelos confins, pelos clarins. Seguir açucarando sem perder o ponto. Seguir acreditando. Seguir assoviando ou escutando, mesmo que em silêncio, sua música predileta. Seguir em feitio de prece. Seguir sem desistir de ser feliz. Seguir em frente olhos nos olhos com seu sonho. Seguir com as marcas ganhadas. Seguir pelos caminhos da poesia. Seguir em frente guiado por uma estrela ou por uma profecia. Seguir com fé. Seguir carregado de sentimento. Seguir com ardor, com delicadeza e com furor. Seguir em frente com a alma em punho e com a flor da bonança na boca.


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15/01/2014 - Eu Poesia

Escrever, escrever, escrever. Eis minha sina. Não há como fugir disso. Tenho compromisso com a Poesia. Esta seiva poética que corre em mim fala mais alto. Preciso transformar em linhas e versos o que sinto, vejo, imagino... Visto sentimentos com palavras. E, quando preciso, dispo-os com a nudez do silêncio. Algum deus-cupido me deu licença poética para escrever sangrando. Diante de uma página em branco, entrego-me. Viro-me do avesso. Sou sonho. Sou imaginação. Sou ilusão.

Sou escritor do que sou, do que nunca fui, do que queria ser. Sou a tinta do destino, de um destino desejado, manchando o papel. Escrevo como mensageiro do coração. A Poesia me leva, clareia, sustenta. Sou apenas um instrumento da Poesia, que se manifesta aos mais diferentes e longínquos olhares pelas minhas mãos. Sem escrever sou como pássaro que não abre asas, barco que não navega, boca que não beija... Escrevo apaixonado, pois a Poesia me faz e me quer assim. ...
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11/01/2014 - Não deixo de amar

Podem me bater, podem me prender, podem me xingar, podem falar mal de mim, podem dizer que sou um bicho, podem me crucificar, podem me apedrejar, podem me chamar de fim, podem me fazer chorar, podem me provocar, podem me enlouquecer, podem me torcer, podem me ferir, podem me sacudir, podem me tomar, podem me contar, podem me violar, podem me proibir, podem me cair, podem me jurar, podem me chicotear, podem me trancafiar, podem me amaldiçoar, podem me castigar, podem me hipnotizar, podem me arrefecer, podem me aborrecer, podem me endiabrar, podem me zombar, podem me chorar, podem me pecar, podem me pegar, podem me esbofetear, podem me matar, podem me dominar, podem me queimar que eu não vou deixar de amar, de amar, de amar...


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10/01/2014 - Ááá passará

Tem pássaro no abacatá, vem ver, vem ver que ele já vai vua. Tem menino carregando emborná, o que será, o que será que tem lá? Oiá que o tempo é touro bravo que corre barranco pra lá e pra cá, eita já vai desbarrancar. É céu de jequitibá. É gente de abadá. É abelha juá. É manga uba. Vamos derrubar! Eba! Eba! Quem vai falar? Quem vai ficar? É um gostinho de maracujá vindo para acalmar. São olhos de sabará vindos de acolá. Vamos bailar? E esse doce açucarará quando a gente mesmo esperar. O tempo nos mói em suas pedras fazendo fubá dos nossos dias. Tem dança no congá da rosa chá. O vento sacode o jequitibá. Ama quem é de amar, pois o amor nunca fica gagá. Chega quem é de chegar, que o tempo já vai vua. ...
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