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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 100 de 320.
11/02/2014 -
Fazendo-se você
Mostra às mãos dos meus olhos ou aos olhos das minhas mãos seus desenhos que se desenham pelo seu corpo afora de forma diferente e mais envolvente a cada hora numa tinta quente e congruente aos meus desejos nada intermitentes, mas extremamente crescentes. Deixa cair aos meus pés todas as suas incompreensões, de modo que eu lhe pegue completamente nua de ilusões. Toma do meu caminho cada passo para você, cada passo sem volta ou pronto para recomeçar por e com você. Deixa-me conhecer e enaltecer cada um dos seus espetáculos, sendo sua plateia, seus aplausos e seu pedido de bis, de tris, quatris... Mira, suspira, delira e se vira como feto por completo à luz deste que se diz apaixonado e feliz com sua arte. E por favor, não se segure quando for para cair em mim. E por favor, não perdoe quando for me culpar por tanto amor. E por favor, não se despeça se a intenção é não ir, mas vir mais e mais para perto, para perto deste que sem você se faz deserto.
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10/02/2014 -
Nosso
Quando eu digo nosso, quero dizer que tudo meu é seu, pois não existo sem você. Quando eu digo nosso, é porque eu não desvencilho nossas vidas uma da outra em momento algum e por nada neste mundo. Quando eu digo nosso, digo nosso caminho, nosso desejo, nossa cama. Quando eu digo nosso, refiro-me ao que não separa nem pelas intervenções do tempo, da realidade ou da morte. Quando eu digo nosso, deixo claro a doção completa e irrestrita de tudo o que sou aos seus cuidados. Quando digo nosso, eu aperto os pontos que nos unem magicamente. ...
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09/02/2014 -
De sonhar
Sonha com nossa tarde risonha. Sonha dizendo que me ama. Sonha me pondo na cama. Sonha com tudo o que é nosso. Sonha com o que eu não posso. Sonha com um jeito novo de gostar, de adorar, de amar... Sonha para no mundo dos sonhos eu lhe achar. Sonha com uma vida nada tristonha. Sonha e no meu lugar se ponha. Sonha em segredo à fronha. Sonha sem se preocupar em entender. Sonha sem parar de querer. De querer sonhar, sonhar, sonhar...
Sonha pelo alto, pelo chão. Sonha sem tempo de ser não. Sonha para calar toda e qualquer solidão. Sonha de porta aberta. Sonha e me acerta. Sonha e com olhares aos seus, flerta. Sonha com beijos atemporais, sem iguais, de sempre mais... Sonha colorido ou preto e branco, mas sonha, sonha tanto. Sonha de cupido, de libido, do que foi ou não vivido. Sonha de pular, de suar, de gritar, de flutuar... Sonha de pedir. De pedir para contigo sonhar, sonhar, sonhar...
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08/02/2014 -
Tudo de você
Você, que é feita de giz, rabisca-me de ser feliz. Você, que tem boca rendada, fala-me apaixonada. Você, que é de preguicinha, espreguiça sendo minha? Você, que cheira à atração, não me diz não. Você, com esses olhos de doce oceano, olha para mim se vendo em meus planos. Você, que nunca foi santa, diz o que eu faço com essa coisa tanta. Você, que é pura possessão, invade meu sótão, meu cais, meu porão... Você, que é de hipnose, toma-me dose a dose. Você, toda dona de si, entrega-se deixando cuidar por mim. Você que ocupa todos os lugares da minha lista, belisca-me. Você, que é toda eterna, escorrega-me pelas suas pernas. Você, que tem passos de organdi, faz, faz, faz o meu frenesi. Você, que é uma mistura de tendências, lançamentos e coleções, livra-se dos meus, dos seus, dos nossos botões. Você, famosa como quê, coloca-me para render. Você, misteriosa boneca, conta-me sua fórmula secreta. Você, que é cheia de pirlimpimpim, canta, canta para mim. Você, que anda nas nuvens, sussura-me enquanto ruge. Você, que banha em poção mágica, leva-me pro teu verão. Você, estrela de toda estreia, ouça meu coração que é tua plateia. Você, lua nova e crescente, faça de mim o que quiser pra gente.
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07/02/2014 -
Cuide-se
Não deixa colocarem todo o peso do mundo, principalmente do mundo que não é seu, nas suas costas. Não deixa segurarem suas pernas impedindo que você siga na sua velocidade e por onde tem que seguir. Não deixa que se aproveitem da sua inocência para beber seu sangue, e quando digo sangue falo de vida. Não deixa que brinquem com sua boa vontade, pois tudo tem limite (exceto, é claro, alguns amores).
Não deixa que lhe culpem pelo que não fez, pois a culpa posta é difícil de ser tirada. Não deixa que fechem seus olhos para tudo o que está ao seu redor. Não deixa que diminuam ou apagam seu brilho só porque isso incomoda muita gente. Não deixa que destruam a sua paz, pois sua tranqüilidade não tem preço. Não deixa que ninguém lhe machuque, pois isso deve ser considerado crime hediondo, mortal, injustificável. ...
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06/02/2014 -
Apagão
Apaga a luz que vagueia pelo céu. Apaga a lua. Apaga cada uma das estrelas. Apaga os cometas apressados. Apaga o localizador do avião. Apaga a luz que tonteia pelo chão. Apaga o mercúrio dos postes. Apaga as velas dos fieis, dos carentes e dos românticos. Apaga a saia do abajur. Apaga o farol das estradas e do mar. Apaga o raio antes do trovão. Apaga a lanterna do caçador. Apaga o enxame de vagalumes. Apaga as faíscas da saudade. Apaga os holofotes do espetáculo dos viventes. Apaga a luminosidade dos filósofos. Apaga a fogueira dos inquisidores. Apaga a lareira. Apaga as brasas do fogão. Apaga o beijo de néon. Apaga a chama do amanhã. Apaga o reflexo da faca. Apaga cada clarão de esperança. Apaga o fósforo que brinca na mão da criança. Apaga o brilho dos meus olhos. Apaga tudo e me deixa no escuro pensando, sonhando, guardando você que, por si só, me clareia.
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05/02/2014 -
Receituário
Chegue e, se aprochegue e se aconchegue nos meus braços para aliviar seu cansaço. Toma meus braços como sua rede, como sua cama, como seu trampolim e diz que me ama com a boca pintada, com as unhas pintadas, com as entranhas pintadas de carmim. Grita meu nome num cochicho ao pé do ouvido e me lança um gemido como quem trança um feitiço. Vai, me caça para você. Vai, me faça com você. Vai, me laça em você. E me toma como um comprimido diário. Fica dependente de mim. Seja a outra face do meu relicário. Vá se embrenhando em mim. Faça dos meus olhos o seu aquário. Morda minhas palavras e lava meus sorrisos na sua falta de juízo. Sussurra meu nome e mata a minha fome, a minha querência, a minha impaciência... Turra que não pode viver sem mim. Jura que nosso encontro não terá qualquer tipo de fim. Atura a minha loucura me dando numa lua de cetim. Toma conta, toma parte, toma posse de mim.
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04/02/2014 -
Eu pela estrada
Por onde caminho eu encontro pedaços de mim que eu lancei ao vento quando menino. São expectativas. São promessas. São acordos e até pactos de querer bem. São desejos de criança se vendo adulta. São ilusões puras. São inocências sem maldade. São sorrisos virgens. São olhares tímidos. São palavras de esperança, sim, eu sempre fui dado a essas nuances. São temporalizações que fogem às regras.
Por onde caminho eu encontro faces da minha face, que daria um quebra-cabeça tão lúdico quanto a minha cabeça. São tramas atrevidas. São sonhos de quem não conhece a divisão entre o bem e o mal. São vontades de longo prazo, reencontradas agora e me cobrando satisfação. São projeções de toda uma vida. São corações de ninar lançados de estilingue para vencer as barreiras do espaço. ...
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03/02/2014 -
Mapa do tesouro
Vem, meu bem, o pirata do olho de cristal e da barba de sal me deu o mapa do tesouro. Vem, vem também, nessa busca pelo ouro perdido da civilização do proibido. Encosta seu barco no meu, coloca sua perna na minha, suba nas minhas costas, e como operário e abelha rainha, vamos pelas encostas deste mar em postas. Veja se gosta da viagem ao mundo não tristonho e seja a paisagem desse sonho. Vamos navegar e, procurar e escavar o amor esquecido do tempo que não havia tempo. Vamos trocando calores e frios, vamos evocando arrepios, vamos roubando beijos e armazenando segredos. Vamos chamar todas nossas fantasias para tripulação. Vem, meu bem, vamos além dos limites geográficos. Vamos, vamos enlouquecer os gráficos da razão fazendo um do outro a própria embarcação rumo ao tesouro do pirata que fala sobre o ouro do que nos falta.
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02/02/2014 -
Estetoscópio
O som daquela tosse encorpada tomou rapidamente conta do consultório. Uma tosse maior do que o próprio corpo que a trazia. E ele, o médico, bonitinho, mas ordinário, quis ouvir mais não daquela tosse, mais daquele corpo. Sim, queria ouvir tudo o que aquele corpo tenro queria dizer. Vasculhou cada centímetro daquela pele quente com seu estetoscópio. Todo seu eu depositado naquele instrumento que bailava por aquelas costas que se deitavam como mar aberto. E ele ouviu sons nunca dantes ouvidos. Sons que faziam seu jaleco branco ruborizar. ...
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