Daniel Campos

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02/05/2011 - A morte de Bin Laden

A morte de Bin Laden não abalou a rotina de bilhões. A morte de Bin Laden não mudou a cor das flores do jardim. A morte de Bin Laden não estancou o choro das crianças com fome. A morte de Bin Laden não trouxe outros mortos de volta. A morte de Bin Laden não mudou o que os apaixonados sentem um pelo outro. A morte de Bin Laden não inventou outro gênero musical. A morte de Bin Laden não modificou as fronteiras dos países. A morte de Bin Laden não calou a saudade dos que sentem falta de algo ou de alguém.

A morte de Bin Laden não deu ganho de causa à justiça. A morte de Bin Laden não acabou com o terror. A morte de Bin Laden não pôs fim ao medo. A morte de Bin Laden não foi além do espetáculo. A morte de Bin Laden não curou traumas. A morte de Bin Laden não pagou as contas de ninguém. A morte de Bin Laden não silenciou os disparos. A morte de Bin Laden não baixou os preços no supermercado. A morte de Bin Laden não impediu outras tantas mortes. A morte de Bin Laden não mudou o relógio, tampouco o calendário.

A morte de Bin Laden não impediu uma série de separações. A morte de Bin Laden não nos levou ao paraíso. A morte de Bin Laden não nos sentenciou à liberdade. A morte de Bin Laden não transformou sangue em algodão doce. A morte de Bin Laden não modificou a velha ordem mundial. A morte de Bin Laden não deu início a um conto de fada. A morte de Bin Laden não trouxe beleza à feiúra. A morte de Bin Laden não diminuiu o abismo social. A morte de Bin Laden não abalou a moda. A morte de Bin Laden não alterou, em anda, o curso do apocalipse.


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