24/07/2011 - Aceita esta vela...
Olhando o céu da janela, acendo-lhe esta vela, como quem apela por um destino menos cruel. Ó mãe, mãe de todo auxílio, tira de mim essa favela de sentimentos. Pega esta chama, que lhe ofereço, de bom grado, com todo apreço, e me afasta de uma vez dos maus pensamentos, da escuridão, do tormento. Ó mãe da estrela que cheira a jasmim, roga por mim, por minha lucidez. Livra-me das balas de festim, da sequidão carmim, da fúria do espadachim e do nanquim daqueles que querem escrever meu fim.
Acendo esta vela junto as três marias - Maria mãe, Maria rainha, Maria auxiliadora - buscando alento. Daqui, fico a ver seu manto de vento, colorido de azul, cobrindo boa parte do horizonte. Vejo a sua fronte, orvalhada, iluminando a estrada daqueles que se apegam a ti. Observo, pelo reflexo dos vidros da janela, o meu olhar de servo, em oração. Fico a imaginar os anjos lhe circundando, as virgens cantando e os santos se ajoelhando conforme vai passando. Passando e abraçando chamas, flores e preces.
Acendo esta vela, que arde invisivelmente aos olhos daqueles que não acreditam, espalhando uma aquarela de tons pelo seu reino. Ofereço a ti tudo o que é de luz que reluz em mim. Transformo o meu corpo em parafina e queimo em louvação aos seus feitos. Perdoe os meus defeitos, ò mãe que traz à luz. Livra-me das sombras, dos umbrais, das horas sombrias, dos lamaçais, da cegueira, da sujeira, da caldeira, da soleira do mundo e me conduz como as suas estrelas, num fogo belo, puro e profundo.
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