Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

Arquivo

2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Encontrados 50 textos de agosto de 2015. Exibindo página 4 de 5.

10/08/2015 - Frutaria

Morango com tango. Manga que sangra. Kiwi de bem-te-vi. Carambola que embola. Uva de chuva. Goiaba com abracadabra. Uvaia de saia. Laranja de franja. Caju sem frufru. Graviola da viola. Pera na ladeira. Maçã do amanhã. Tamarindo que lindo. Lima com rima. Tangerina de menina. Cupuaçu Hindu. Romã do Vietnã. Cereja quem beija. Amora que chora. Melão em procissão. Melancia que mia. Abacaxi que ri. Ingá que assovia.


Comentar Seja o primeiro a comentar

10/08/2015 - Vem pro Samba

A noite em falta
Ouvindo a serenata
De um grilo grená
Ficou um tanto alta
E saiu a tropeçar
Na lua de prata
No astronauta
Na estrela de bata
Querendo dançar
E se pondo a rodar
A girar e soluçar
Do amor perdido
Nunca esquecido
Que sempre a dizia
Noite boa e de fantasia
Vem pro samba sambar


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/08/2015 - Garimpagem divina

A pedra da criação foi rompida pela mão de um deus garimpeiro que se atreveu a romper a vida petrificada. O garimpo da curiosidade levou à abertura da caixa que antecede Pandora. Deus só se fez deus ao abrir a caixa, antes era apenas um viajante do espaço, um solitário ser em busca de suas completudes. E o homem, em retribuição à liberdade, acabou adorando eternamente o deus que em sua garimpagem de amor criou o mundo. Deus foi preenchido pela humanidade, que, mesmo inconscientemente, procuram deus a todo instante para continuar sendo carne e não pedra. E deus segue garimpando para não perder os pedaços de gente que acabaram se misturando ao seu ser supremo.


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/08/2015 - Papel de pão

Papel de pão
Embrulha o tempo
Estampa-se de versos
Guarda o adverso
E voa leve ao vento
Mancha-se de batom
E faz um som abafado
Meio que calado
Do nosso tempo bom
Tempo em que eu
Deixava o nosso amor
Bendito ou maldito do dia
Escrito sobre a pia
Num papel de pão


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/08/2015 - Céu limpo

Longe de todos os espaços estrelados e nublados há um céu limpo sem nuvem ou estrela. Um céu que de tão vazio chega a doer em sua própria e infinita solidão. Um céu tão liso como se fosse de vidro ou de papel de seda, dando a impressão de que irá se quebrar ou rasgar a qualquer momento em razão de tamanha perfeição. Um céu sem manchas de balão, de pássaro, de borboleta, de pipa, de avião. Um céu como se obra de feitiço não dado a rebuliços. Sua angústia é sua nitidez. E quando esse céu é duplo, contido em dois olhares, a lágrima cai para dentro, pois não pode turvar o que nasceu para ser perfeito.


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/08/2015 - Por isso e aquilo

Pelas pintas da onça
Pelas barbas do leão
Pelas saias da moça
Pela mais cara louça
Ouça o seu coração

Pela língua da cobra
Pelos braços do polvo
Pelos anéis da mulher
De saturno. Pela trova
Bem, mais bem me quer?

Pelas crinas da égua
Pelo rabo do tatu
Pelo seu corpo nu
Pela falta de trégua
Queira-se por léguas


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/08/2015 - Vou por aqui

Eu vou por onde não me levam
O vento, a chuva, as estrelas do sul
Ou do norte. Vou por onde me carregam
As tempestades, os vendavais, os eclipses
Das luas de Seul e Istambul numa eclipse
Azul que me rege e me protege e me asperge
Uma luz que é tanta que se agiganta e me faz
Movimento e eu giro, liro e me reviro ao vento
Como se quem me levasse fosse o sentimento


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/08/2015 - Casa do rio

Tem uma casa na beira do rio cuja correnteza tentou e retentou, mas ainda não levou. A casa frágil e tímida parece ser para toda a vida. É casa de liga. Está ligada ao veio daquele rio, como se fosse morada daqueles que tem um pé na terra e outro na água. A casa é anzol, é isca, é prenda ao rio que passa a cortejá-la num amor impossível. Muitas vezes as águas já chegaram a bater naquelas paredes, entrar pelos cômodos, mas nada fora disso. Como se cada qual tivesse o seu lugar no mesmo espaço, casa e rio vão passando os anos e ficando cada vez mais íntimos, porém, respeitando suas individualidades. A casa é dura na queda e o rio, por sua vez, continua passando sem ter casa e dona, pois não existe o rio da casa, mas a casa do rio.


Comentar Seja o primeiro a comentar

06/08/2015 - Passado pássaro

Eu me visto com penas como se eu fosse pássaro e passo como apache. Eu tenho nas aves a minha força nativa viva como os índios que já não vivem. Ache ou desache, eu guardo asas e as uso quando me convém. E eu vou como os pássaros me vêm. Não tenho medo de altura e sou dado a loucuras pelos céus. Faço ninho e canto de amor a quem quiser ouvir, mulher ou pássara. Podem arrancar minhas penas que elas crescem como seus cabelos. Ninguém me rouba dos ares. Ninguém prende meu coração alado. Ninguém me afasta dos meus ancestrais. Sou do tempo em que os homens voavam e se amavam pelas nuvens. Só tome cuidado, pois em certos momentos meu pássaro interior não canta, ruge.


Comentar Seja o primeiro a comentar

06/08/2015 - Caminheiro lunar

Meu caminho é da lua
Caminho de ponta-cabeça
Vou de encontro à lua
Se não quiser, me esqueça

Minhas cabeça e sentença
São da lua e do contrário
Ninguém me desconvença
Levo-a no meu relicário

Ando com a cabeça na lua
Meu corpo chega que flutua
Com ela no universo néon
E ela me marca de batom

Eu me alimento da lua
Entrego-me por inteiro
Entre o céu e a terra
Da lua sou medianeiro ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   1  2  3  4  5   Seguinte   Ultima