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Encontrados 62 textos de março de 2015. Exibindo página 4 de 7.
16/03/2015 -
Senhores gaviões
Sobre a cabeça os gaviões rondando tudo olhando tudo cobiçando tudo do mundo. Gaviões sem regras, sem leis, sem pudores, prontos pro ataque, aves do combate. De garras afiadas determinadas a agarrar fundo no mais profundo da carne. Gaviões que não se preocupam com gritos, com choros, com sangue... Matam o aflito, o bonito, o contrito... Gaviões de um bangue-bangue onde só um atira. Ave que delira levando a morte em suas asas. Bicho forte, destemido, meio exótico meio bandido. Narcisista, estufa o peito, levanta a cabeça, inclina as penas e vai para cima impondo respeito. Gaviões reais e imaginários sobrevoando o mesmo cenário. Gaviões que cortam os céus numa força tanta numa elegância quanta como que se cortassem véus. Gaviões do arranha-céu, das torres de babel, do olhar mais cruel. Gaviões que só são doces quando bebem do açúcar de alguma alma boa. Aves milenares que dominam os ares. Gavião não caçoa. Gavião não fica à toa. Gavião cumpre seu papel sem cerimônia e que os anjos tenham parcimônia. ...
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16/03/2015 -
Eu nunca mais queria ter medo
Juro, eu nunca mais queria ter medo
Medo da vida em suas consequências
Não queria me assustar com ausências
Nem com o que é tarde ou ainda cedo
Juro, eu nunca mais queria ter medo
Medo do que eu não posso controlar
Medo do que não dou conta de mudar
Medo do que ainda se mostra segredo
Juro, eu nunca mais queria ter medo
Medo do improvável, do impossível
Do inevitável, invencível, inalcançável
Medo de ser luz no meio do arvoredo ...
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15/03/2015 -
Não, não e não
Não larga de mão o que nos une. Não deixa de lado o nosso futuro por conta do passado. Não abandona as esperanças que ainda resistem ao tempo. Não aparte de mim os sonhos que são nossos. Não apeie da minha música. Não troque minhas imperfeições por suas aspirações. Não desista do que ainda podemos mudar. Não esvazie meu corpo de minha alma. Não deseje a outra margem antes de desejar uma ponte. Não jogue fora tudo o que coloquei dentro de você. Não apague uma linha sequer do que escrevemos juntos. Não faça nada se não tem certeza. Não corte se não poderá emendar. Não provoque se não for capaz de mais dia menos dia saciar essa provocação. Não rasgue palavras que talvez nunca mais se juntem. Não desperdice o que pode não voltar. Não desfaça do que será útil. Não semeie solidão para não colher o vazio. Não apague estrelas porque um dia o medo do escuro pode voltar. Não minta nem desminta apenas siga com uma verdade que nem é sua nem minha nem de ninguém. Não se traía nem debaixo de muita tortura. Não me venha com ingratidão, tampouco com falta de perdão. Não saía de cena, pois atrás de um poema sempre vem outro poema. Não pare, pois o verbo parar nega o movimento que é a vida. Não sepulte agora o que pode estar vivo, ou ainda mais vivo, amanhã.
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15/03/2015 -
Rumo à saudade
Meu irmão pegue um avião com destino à saudade
Viva por mais uma vez tudo o que ainda lhe arde
No peito ou vira sua cabeça. Não importa a idade
Corra atrás do que de um jeito ou outro lhe invade
Qualquer faísca perdida pode fazer um fogaréu
Basta uma nuvem pode macular o azul do céu
Um único espinho pode tirar a pureza da rosa
Ora, trate de olhar não para trás, mas pra dentro
De si mesmo em busca de suas incompletudes
Ou melhor, do que você por um motivo ou outro...
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14/03/2015 -
Luta mulher amada
Luta pela sobrevivência
Em cada ato da sua vida
Se cair, levanta
Nada de pedir clemência
Se ainda for ferida
Agiganta-se e canta
Um canto tão forte
Que põe pra correr
A mais temida morte
Nada de só sofrer
Nada de se perder
Nada de não se ver
Mulher e amada
Em todas as suas faces
Abrace suas vontades
Lace o que dá saudade
E faça propício clima
Pra sua volta por cima
Anima-se porque é...
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14/03/2015 -
Borboleta bruxa
Por algum feitiço, vindo de alguma deusa mal-amada ou de algum deus traído, quando a noite desce as borboletas viram bruxas. No decorrer dessa transformação ganham em tamanho e perdem o colorido. Desproporcionais e cinzentos, os seres admirados tornam-se odiados. As pobres borboletas não dão contam de voar, e como que bêbadas, voam aos pulos trombando lá e cá. Geralmente enroscam-se em alguma cortina ou se encolhem em qualquer soleira esperando o dia clarear para voltarem ao corpo de borboletas poéticas. Mas nem sempre isso lhes é permitido porque diante da figura assombrosa não faltam chineladas e vassouradas. Os poucos que seriam capazes de atentar contra uma borboleta ainda continuam inquisidoras contra as bruxas. Pobre sorte das borboletas que de criaturas divinas passam a sombrias mensageiras da morte, no caso, da própria morte.
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13/03/2015 -
Corp'oco
Dorme
Deslumbrante e bela
Deixa seu semblante
Estampado no travesseiro
E some
Pelas frestas da janela
Atrás do seu corpo inteiro
Que brinca com os astros
Que se perde em apostas
Embaralhando os fatos
Blefando que ainda gosta
De quem já não ama
Ou ama?
Dorme
Itinerante e donzela
Deixando seu amante
Com fome
E deveras sentinela
Das suas divagações
Dos seus caprichos...
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13/03/2015 -
Uma só caminhação
Seus pés, pequeninhos e macios, dado à cocegas iminentes e, até mesmo, permanentes, carecem de caminhar por meus caminhos. Seus pés devem pisam em mim como se pisassem nas filhas das videiras para fazer vinho. Seus pés precisam conhecer não só meus rastros, como as estradas que pretendo tomar, jamais me deixando à deriva, perdido ou sozinho. Seus pés necessitam de estar junto do meu corpo, da minha pele, das minhas caminhações, das minhas primeiras às últimas intenções, como flor de linho. Seus pés nunca podem se apartar dos meus, pois o adeus em nossas estradarias deve ficar restrito às canções que vibram as cordas do pinho.
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12/03/2015 -
Sereno de fantasia
O dia serenou. A vida transbordou. A boca bendisse um nome. E veio uma fome louca. E veio uma vontade de ir além. O canário belga saiu cantando meu bem. Será que ela vem, será que ela vem? As nuvens se casaram. As folhas se refestelaram pela ventania. Um poeta falou que garimpo de amor é poesia.
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12/03/2015 -
Sem medo
Nunca tive medo do mar por acreditar que os piratas só queriam amar
Jamais receei quanto aos encantos até fiz alguns pra frear meu pranto
Eu não lembro quando entreguei os pontos; Apareceu cavalo eu monto
Veio a vontade de matar a saudade, mas sem saudade só há realidade
Não dou trela à solidão sou da ideia de uma só estrela faz a constelação
A morte não me assusta; Não que eu seja forte, mas morrer não custa
Toda nuvem é passageira seja ela vinda de fogueira ou de uma boa leira ...
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