Arquivo
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan | fev | mar | abr | mai | jun | jul | ago | set | out | nov | dez |
Encontrados 56 textos de janeiro de 2014. Exibindo página 2 de 6.
26/01/2014 -
Domingo, segunda...
Hoje é domingo
Amanhã não sei
Hoje sou domingo
Amanhã sou fora da lei
Hoje estou domingo
Amanhã eu me furtarei
Hoje falo domingo
Amanhã me emudecerei
Hoje me perco domingo
Amanhã me (dese)encontrarei
Hoje choro domingo
Amanhã de segunda, valer-me-ei
Seja o primeiro a comentar
26/01/2014 -
De trem
Vamos de trem meu bem até o mês que vem. Vamos pelos trilhos, pelos estribilhos, pelos espartilhos. Vamos de trem para além da imaginação. Vamos de trem sem porém. Vamos de trem para onde o destino nos levar. Vamos de estação em estação, apitando pelo inverno, outono, verão. Vamos ao balanço do trem nesse vai e vem. Vamos de vagão em vagão dando vazão aos nossos sonhos. Vamos como maquinistas e passageiros vivendo esse trem por inteiro. Vamos de trem como nos convém. Vamos pela paisagem, pela miragem, pela aragem, pela engrenagem. Vamos embarcar mesmo que sem nenhum vintém. Vamos, vamos nesse trem nos fazendo bem.
Seja o primeiro a comentar
25/01/2014 -
Ilha
Sou ilha
Ilha deserta
Cercada
De solidão
Pelo mar
Não há sinal
De navio
De avião
Pelo céu
Só há uma estrela
Visível
Noite e dia
Mas que segue
Tão perto
Quão longe
Seja o primeiro a comentar
25/01/2014 -
De volta a Daniel
Toda vez que piso naquele chão vermelho eu me reencontro com o melhor de mim. O Daniel dos sonhos, das esperanças, das fantasias. Um Daniel puro, que dói de tamanha intensidade. Sim, há o real redimensionamento do que existe. Ali, naquele mundo de faz-de-conta, eu nasço forte como semente rompendo o torrão de terra. E então os meus olhos ficam ainda mais verdes ou num tom de verde que poucos conhecem. Um verde que chora minando minha alma. É um Daniel que pisa firme, que fala forte, que bota o dedo na cara do destino e, ao mesmo tempo, um Daniel que compreende o tempo, tanto o deus tempo como o tempo de tudo e de todos. Um Daniel que anda por aquelas terras semeando linhas e versos que servirão de alimento aos pássaros ou ao infinito. Um Daniel poeta de corpo inteiro, que não tem vergonha de ser um coração sangrando. Um Daniel que se renova com aquelas lambadas de vento no rosto. Um Daniel que come daquela terra para ganhar o conhecimento ancestral. Um Daniel que se ajoelha em respeito a tudo o que o rodeia e que flutua a pés e mais pés do chão movido pelo mistério. Um Daniel que pinga poesia. Um Daniel que muda o passo levando a boca manchada de saudade. Um Daniel que pede conselhos a um velho abacateiro. Um Daniel bem-te-vi que canta seu querer bem. Um Daniel que não tem medo de pisar em espinho, de abrir porteira, de morte à espreita. Aliás, ali, naquele mundo, não há espaço para medo. Embora o reino está sem rei, há a nítida presença de uma força sobrehumana. Conheço cada um daqueles bichos, daqueles frutos, daquelas trilhas. Ali, o mato que há em mim cresce, verdeja, dá sementeira num ritmo alucinante. E depois de soluçar e gritar ou de suspirar e aquietar tudo fica lúcido. Os pés tingidos do vermelho da terra e a alma pintada do sangue guerreiro que emerge daquelas terras feitas do amor maior trazem à tona a certeza do que eu fui, do que eu sou e do que eu quero ser: poesia.
Comentários (1)
24/01/2014 -
Lucidez
Queria não dormir
Para que quando o sonho chegasse
Eu o aproveitasse
Conscientemente
Em todos os detalhes
Sem nada sumir
Ao descerrar dos olhos
Queria não dormir
Nunca mais
Para que o sonho
Revelasse mais
Do seu ser poético
Aos meus sentidos acordados
Num coração elétrico.
Seja o primeiro a comentar
24/01/2014 -
Caminheirismo
Vamos, vamos sem ai, sem ais. Vamos, vamos sem nos deixar para trás. Vamos para onde o dia cai no colo da lua, que não recua em sua sensualidade natural. Vamos, vamos para o espaço sideral. Vamos, vamos para as ladeiras, as cachoeiras, as corredeiras, as fileiras de além-mar. Vamos, vamos para onde o assunto não se acaba e o coração não se cansa de falar. Vamos, vamos para o interior do exterior ou o exterior do interior, mas vamos para onde o destino nos propor em seu caminho. Vamos, vamos para onde o brilho não se esvai. Vamos, vamos para Atlântida, para Babilônia, para Dubai. Vamos, vamos para a fronteira da realidade. Vamos, vamos no íntimo mais íntimo da intimidade. Vamos para onde o vento vai de encontro ao sentimento. Vamos, vamos nos balançar nas linhas dos trópicos. Vamos numa odisseia cumprindo o acontecer em todos os seus tópicos. Vamos nos internar num tempo da gente, cada qual com seu eu apaixonadamente apontado para o infinito como pontas latentes de estrela que ponteiam a frente e o verso do universo.
Seja o primeiro a comentar
23/01/2014 -
E que o amor seja
E que o amor seja tudo. E que o amor mude o mundo. E que o amor seja fecundo. E que o amor se redimensione amor. E que o amor esteja em todas as coisas nossas. E que o amor se fortaleça mesmo com todas as fraquezas. E que o amor esteja cada vez mais próximo. E que o amor seja cultuado todo santo dia. E que o amor seja presente mesmo quando nos quiserem ausentes. E que o amor seja puro, de uma safra única. E que o amor solte foguetes mesmo quando tudo for silêncio. E que o amor rompa o tempo. E que o amor seja unguento. E que o amor ignore todo o pessimismo. E que o amor saiba seguir seu destino. E que o amor seja incondicionalmente convicto de ser amor. E que o amor se transforme em mais amor. E que o amor tome conta de tudo o que é seu. E que o amor se reinvente para ser cada vez mais do mesmo amor. E que o amor nunca desista do ser amor.
Seja o primeiro a comentar
23/01/2014 -
Que venha
Que numa onda
Quebrada de espuma
Que numa sonda espacial
Ou numa escuna
Que o mar, que o céu
Lhe traga de volta
Lhe traga de volta
Eu ainda escuto teus passos
Ouço tuas notas
Eu lhe espero
E lhe quero
A cada abrir de porta
Que possa emergir
Das nossas areias
Do tempo e das praias
Pelas minha veias
Pelo meu sangue verde jandaia
Que possa sorrir e ferir
Pelo amor das trevas ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
22/01/2014 -
Cabeça de Vinícius
Vinícius de Moraes sempre foi meu poeta de cabeceira, por isso recomendo que você tenha sempre à mão um pouco dele para utilizar de forma homeopática ou com a intensidade de uma overdose. Assim como o filho de Xangô, ande por céus e mares vendo poetas e reis, com a certeza de que a vida chega sangrando aberta como uma pétala. Nasça amanhã, andando por onde ainda há espaço. Lembre-se de que “a mulher amada carrega o cetro”. Pergunte-se, sempre que necessário, “quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?”. Viva a receita do poetinha “De tudo ao meu amor serei atento”. Viva vinicianamente a vida como a arte do encontro. E atente-se para o fato de que “quem não pede perdão não é nunca perdoado”. Siga Vinícius, mesmo que nas pequenas coisas do dia a dia, para fazer valer o célebre “hei de morrer de amar mais do que pude”. E quando em silêncio aprenda a “viver cada segundo como nunca mais”. Ao ver o luar, tenha cuidado, porque deve andar perto uma mulher. Tenha para si que como cantou o capitão do mato “maior solidão é a do ser que não ama”. E renove-se a cada segundo numa prova ou num pacto de fidelidade trazendo em si a certeza de "que seja eterno enquanto dure"....
continuar a ler
Comentários (2)
22/01/2014 -
Cabimento
Abra
As cortinas
Das retinas
E enxerga
O abracadabra
De nós dois
Não nega
Ou sossega
O antes
O agora
O depois
Das nossas linhas
Vizinhas
E saiba
Advinhas
No que arde
De furor
Que tudo cabe
Onde caiba
Teu amor
Seja o primeiro a comentar