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Encontrados 29 textos de fevereiro de 2012. Exibindo página 3 de 3.
09/02/2012 -
É Ewá!
Quem é que está cantando lá fora? É Ewá! Quem é que se veste de rosa? É Ewá! Quem é que é a dona das coisas alegres? É Ewá! Quem é que a senhora das mutações? É Ewá! Quem é que faz esculturas com nuvens? É Ewá! Quem é que é o início da chuva? É Ewá! Quem é que transforma a água em seus diversos estados? É Ewá! Quem é que influencia o nosso comportamento, que mexe com o nosso destino? É Ewá! Quem é a menina cheia de encantos e magias? É Ewá! Quem é o reflexo dos raios do sol? É Ewá! Quem é que leva uma cobra enrolada no braço? É Ewá! Quem é a dona de um dos mais complexos rituais dos terreiros? É Ewá!...
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08/02/2012 -
Mulher flor
Certas palavras da criatura amada são capazes de desenhar orquídeas no ar, bem como impregnar o perfume dessas flores no vento. A boca dessa mulher é como uma crônica-buquê, com palavras florescendo entre pétalas e espinhos. São versos rosas, tulipas de prosas e um palavreado digno de jardins europeus. Há um lirismo de lírios pelos seus atos. São lábios tecidos pelo melhor da safra do algodão. É um palavreado miúdo, possível, envolvente. Sentidos dóceis como as flores do campo.
A mulher amada é flor que se atiça, imaginação que se inebria, amante que entrega seu pólen ao ser que ama. O tempo dessa mulher é tão incerto quão o tempo da germinação de um amor. Um tempo ausente, mas sempre presente, que se alastra como erva daninha e nos enche de surpresa. As cores se dissipam, os formatos mudam, o cheiro se recria ainda mais intenso e vibrante....
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07/02/2012 -
O pássaro e o avião
Não há pássaro mais sem graça que o avião, que voa sem bater as asas. Aquela movimentação curvilínea das asas é o que rende a coreografia ao pássaro. O voo rígido e mecânico de um avião está longe de permitir um balé nos céus. Além disso, o avião não faz ninho, tampouco migra de acordo com o clima. O pássaro de aço é estéril e não se relaciona com seus pares. Leva pessoas, mas não se leva para lugar algum. Aliás, não tem destino próprio. É um escravo sem direito a nome. É chamado por siglas e números. Não troca penugem, tampouco se apaixona. ...
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06/02/2012 -
Os grilhões da morte
Quando é que seremos livres da morte? Da morte diária que nos persegue e pouco a pouco nos tira tudo, independentemente se esse tudo é concreto ou abstrato, real ou fictício, físico ou psicológico. Nascemos já sob os efeitos da morte. Ela mata o nosso primeiro riso num choro, corta o cordão de carne que temos com outro ser e nos coloca numa estrada regressiva. Caminhamos para a morte. Mas a morte não é somente o fim, mas todo o processo. Pois morremos sempre, a cada passo, a cada voo, a cada mergulho. ...
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05/02/2012 -
Solitários
Em todo lugar há um solitário uivando à lua com autoestima de vira-lata. Em todo lugar há um solitário acompanhado de uma taça, de um copo, de um cálice. Em todo lugar há um solitário se sentindo uma ilha em alto mar. Em todo lugar há um solitário conversando em voz alta com seus pensamentos. Em todo lugar há um solitário revirando lembranças em busca de companhia. Em todo lugar há um solitário caminhando numa estrada de mão única. Em todo lugar há um solitário com um coração partido.
Em todo lugar há um solitário mentindo para si mesmo. Em todo lugar há um solitário se sentindo culpado por sua solidão. Em todo lugar há um solitário que pede, reza, implora por um amor. Em todo lugar há um solitário querendo dividir sua solidão com outro solitário. Em todo lugar há um solitário procurando defeitos e qualidades no espelho. Em todo lugar há um solitário sentindo inveja daqueles que passam de mãos dadas. Em todo lugar há um solitário com medo do escuro. Em todo lugar há um solitário que chora e diz que não chora. ...
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04/02/2012 -
Oxalá, salvai-nos!
Por todo encanto e pranto que há no ar, meu Senhor do Bonfim, volte seus olhos para a Bahia de Todos os Santos. Saravá Oxalá, não permita o mal reinar na terra de Caymmi, de Jorge Amado, de Mãe Menininha... Oxalá, senhor de todos, salvai-nos. Salvai-nos do terror, do ódio, da desordem, do desamor. Salvai-nos do caos dos homens.
Senhor dos panos brancos, cubra o seu reino com a paz da criação. Nem que para isso precise convocar as armas de Ogum, as tempestades de Iansã, as cobras de Oxumaré. Que Iemanjá leve tudo de ruim pras águas profundas do mar profundo. Meu senhor do Bonfim, tenha misericórdia de mim e de todos os que não querem o fim dessa terra....
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03/02/2012 -
Um dia
Um dia à parte. Um dia frio. Um dia de luta. Um dia só. Um dia de sol. Um dia de chuva. Um dia de lua. Um dia apaixonado. Um dia branco. Um dia preto. Um dia de fé. Um dia deitado. Um dia a pé. Um dia a mais. Um dia a menos. Um dia e tanto. Um dia de santo. Um dia de cera. Um dia de riso. Um dia sem juízo. Um dia doente. Um dia somente. Um dia semente.
Um dia de canto. Um dia de encanto. Um dia internacional. Um dia local. Um dia de estrela. Um dia anônimo. Um dia carente. Um dia de pecado. Um dia aceso. Um dia teso. Um dia de peso. Um dia leve. Um dia para guardar. Um dia em guarda. Um dia calado. Um dia fadado. Um dia em xeque. Um dia partido. Um dia caído. Um dia proibido. Um dia perdido. ...
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02/02/2012 -
Tempo pra esquecer
Indiferente como uma estrela cadente, o tempo passa transformando vivos e mortos. Todos são vítimas da megalomania do tempo, que quer dominar tudo e todos em seus servos, escravos, amantes... O tempo é sempre tempo, não existe ex-tempo. . O tempo passa de mão em mão, mas não fica com ninguém. Mesmo frio e calculista, o tempo desempenha um importante papel na nossa imaginação. Afinal, nossos sonhos e fantasias estão condicionados ao tempo e sua extensa mitologia.
Somos todos temporais, com exceção do próprio tempo, atemporal por natureza. O tempo é o senhor da mobilidade. É o puxador dos fios da nossa vida. Por meio dele chegamos rapidamente a algum destino ou não chegamos a destino algum. Por mais ausente que esteja, o tempo está sempre presente. Por saber da sua falta de limites, esbanja confiança e poder e até mesmo um ar pretensioso. Dependendo de seu humor, rasteja ou voa, deixando-nos pesados ou leves. ...
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01/02/2012 -
Desordeiros
Vamos mudar o ar, trocar de lugar, sair em disparate. Vamos desconstruir o óbvio, subverter a ordem, cultivar o caos. Vamos fazer arte, assoviar de trás pra frente, viajar pra Marte. Vamos misturar os escritos, servir poesia em litros, trazer à tona o que ainda não foi dito. Vamos nos tirar do gancho, da tomada, da rede. Vamos ver a vida passar e pedir passagem. Vamos sair de cena e entrar em campo. Vamos desvestir o santo e nos vestir de encanto.
Vamos dançar com as cadeiras, rolar pelas ladeiras, esquecer as canseiras. Vamos abrir os braços ao vento, mergulhar em pensamentos, pular fogueira. Vamos rezar pra primavera chegar logo. Vamos acender uma estrela, beber um drinque chuvoso e dar início a uma nova era. Vamos abrir caminhos e rodar em redemoinhos e nos manchar de vinho. Vamos alterar o ritmo, descobrir um novo logaritmo, fundar um novo sentimento.
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