Arquivo
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan | fev | mar | abr | mai | jun | jul | ago | set | out | nov | dez |
Encontrados 29 textos de fevereiro de 2012. Exibindo página 2 de 3.
19/02/2012 -
Balanças da alma
Já assuntou que no carnaval os pássaros não cantam, silenciam. Nas árvores ou nas gaiolas, entre asas pra lá e pra cá ou em poleiro s estáticos, eles se calam. É como se antecipassem o silêncio da quaresma. Nem estalos alegres nem repicados de tristeza, som algum deixa seus bicos retos ou curvos. Uma espécie de protesto, de luto, de voto de silêncio, de maldição ou de uma simples indisposição com o excesso de algazarra que ecoa por todos os lados nestes dias.
Os pássaros, orquestrais por natureza, parecem sentir ciúmes de surdos, cuícas e pandeiros fechando o bico propositalmente. E tem mais: além do canto, os bailarinos dos céus abdicam-se de passos de frevo, de samba, de axé como se renegassem todo movimento e qualquer movimentação. Nesta época, não desfilam, não andam em bloco, não seguem o trio elétrico. ...
continuar a ler
Comentários (1)
18/02/2012 -
Quero mais! Mais!
Como Tim, quero mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo! Como João Gilberto, quero mais silêncio! Mais barquinhos! Mais hó-bá-lá-lá-lá! Como Tom, quero mais chuva chovendo na roseira! Mais águas de março! Mais amor sem adeus! Como Vinicius, quero mais meninas de bicicleta! Mais cores de abril! Mais sonetos de fidelidade! Como Noel, quero mais conversas de botequim! Mais últimos desejos! Mais feitiços da vila!
Como Cartola, quero mais rosas falando! Mais alvoradas! Como Paulinho da Viola, quero mais dessa coisa de brigar menos com o tempo! Mais bebadosamba e mais bebadachama! Como Lupicínio, quero mais nervos de aço! Como Caetano, quero mais luas de são jorge! Mais de noite na cama! Mais alegria, alegria! Como Ataulfo, quero mais dos meus tempos de criança!...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
17/02/2012 -
Hamlet apaixonado
O trágico Hamlet, filho de Shakespeare, anda mais apaixonado. Não que paixão e tragédia estejam dissociadas, mas é como se ele tivesse tirado um pouco do peso do mundo que carregava consigo. Mudou de tom e de ares. Trocou o frio da Dinamarca pelo verão carioca e a aristocracia pela fantasia do Carnaval. Continua se interrogando em voz alta, mas já não coloca o suicídio como o que há de mais importante para ser discutido e vivido. Afinal, hoje em dia está um tanto démodé o ato de morrer de amor. E Hamlet está mais moderno, com toques contemporâneos. No entanto, a dúvida do ser ou não ser ainda o persegue em tantas questões e variações, como num bem-me-quer ou mal-me-quer, num beber ou não beber, num trair ou não trair......
continuar a ler
Comentários (1)
16/02/2012 -
O marujo Alcides Diniz
Economista de profissão, humanista de natureza. Assim é Alcides Diniz, Vazante de generosidade, de espontaneidade, de amizade. Há quem nasça sonhador, poeta, político. Alcides nasceu e cresceu e amadureceu das três formas. Um servidor público que não se importou em subir degrau por degrau de uma carreira repleta de sentidos e significados. Exemplo, referência, memória em permanente construção. Por meio de um olhar sensível e aguçado, Alcides vaza e extravasa a certeza de que vale à pena acreditar, caminhar, lutar e, sobretudo, navegar em busca de sonhos e realizações. ...
continuar a ler
Comentários (8)
15/02/2012 -
Amar de que jeito?
Você já parou para se perguntar como ama? Ama naturalmente, comumente ou simplesmente? Pode parecer à mesma coisa, mas há um abismo entre cada exercício do amor. Você ama gradativamente ou de forma voraz, com uma intensidade que chega a ser selvagem? Você ama por que quer ou por que precisa amar para se manter vivo? Você ama com os pés no chão ou sem eixo gravitacional? Você ama machucando ou mentindo? Você ama num contentamento descontente ou num descontentamento contente?
Você ama perto, distante ou em pensamento? Você ama priorizando carne ou espírito? Você ama constante ou inconstantemente? Você ama se esquivando das dores ou mergulhando nelas? Você ama em silêncio ou aos gritos? Você ama em segredo ou como réu confesso? Você ama fazendo de seu amor verão ou meia estação? Você ama num ângulo direto ou paralelo? Você ama atacando ou se defendendo? Você ama para você, para a criatura amada ou para os outros? ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
14/02/2012 -
Tardes na janela
Louco de amor e de aflição, eis como eu levo os meus dias chuvosos de poesia, separado por quadras e eixos paralelos e perpendiculares da mulher que fia o meu destino em seu tear de paixões e incompreensões. As tardes surgem como pinturas de manicômio no vidro da minha janela. Lá fora o mundo real parece um borrão. Vejo as ilusões caminhando pelas ruas, os sonhos crescendo nos jardins e as esperanças se cristalizando como pedra nos olhos de quem tenta enxergar além das nuvens escuras.
Nesses dias de chuva, o céu ganha um riscado de baile. Tudo parece estar em movimento numa dança que não cessa. Um balé de folhas de árvores e de cadernos promovendo desenhos abstratos no chão e crônicas de um amor caudaloso em livros ainda não escritos. As cores se realçam, as formas se confundem, as sombrinhas formam outra dimensão. Tudo inspira um romantismo desmedido, redimensionado no mais puro sentido do afeto e do querer perto. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
13/02/2012 -
Rotina, rotina, rotina...
Olá rotina, quanto tempo? Parece que foi ontem. Lembro perfeitamente de seu rosto, de suas amarras, de sua loucura. Pensei estar livre de ti, mas é como se nunca me tivesse deixado. Nunca fui livre. Sempre tive você, rotina, emprenhada em minha carne, correndo em minhas artérias, enrolada em minha alma como uma serpente.
Depois de um tempo adormecida, acorda revigorada em sua força vital. Está ainda mais forte, mais presente, mais intensa. Rotina, mulher que aprisiona e, que fere e, que tira céu e chão, que tranca o destino, que devora sonhos e aleija a esperança. Rotina, mulher, velha e menina, parasita dos relógios e dos calendários. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
12/02/2012 -
Céu e inferno
Deus e o Diabo coexistem no mesmo ser. Todo anjo é metade demônio. Até a lua tem seu lado oculto. Todo cordeiro tem uma besta por debaixo de sua pele. O bem e o mal existem em cada um de nós porque somos reflexos de deus. Lúcifer é tão filho de Deus quanto Miguel, Rafael, Gabriel. Só que enquanto alguns filhos são dominados pela bondade, outros se rendem ao reino da maldade. Os que vivem de fazer ruindade são filhos do lado obscuro de Deus.
Foi Deus que expulsou Adão e Eva do paraíso. Foi Deus quem levou o ser humano à condição de mortal. Foi Deus quem criou as doenças e as adversidades para permitir que homens e mulheres pudessem morrer. Assim como a vida, a morte é criação divina. Foi Deus quem consentiu que seu filho fosse humilhado, torturado e crucificado. Foi Deus e não Lúcifer ou outro demônio quem fez tudo isso. E fez mais....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
11/02/2012 -
Lua em cena
Quando a noite entra em cena, a Lua encena o seu drama particular. No palco da escuridão, ela é o próprio holofote, aquele que aponta para si mesma, fazendo-a soberana em seu monólogo lírico, em seu dueto onírico com as estrelas, cometas e humanos apaixonados, que a aplaudem e a cultuam como uma espécie de divindade teatral.
Sacra e obscena, a lua encena um infinito de mulheres. Ela é a mulher misteriosa perigosa que habita a lua minguante. Ela é a mulher de personalidade forte, plena de autoridade, existente na lua cheia. Ela é mulher repleta de esperança, de desejo de mudança, que arde na lua nova. Ela é mulher que cresce a cada desafio natural da lua crescente. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
10/02/2012 -
O canto lá de fora
Alguém canta e recanta lá fora. É um canto de quem chora, de quem veio embora, de quem está fora de hora. É um canto agreste que gruda na alma feito cipreste. É um canto ou um lamento o que ecoa da boca do vento? É um canto cheirando a bebida. Sim, é um canto bêbado por natureza, embriagado de ilusão, que em seus primeiros passos, ou notas, tropeça em fantasias. Dá a impressão que vai desafinar a qualquer momento, atravessar o ritmo, subtonar o tom, mas segue próximo à perfeição. Às vezes atrás, outras à frente....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar