Daniel Campos

Prosas

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20/01/2014 - Dia de verde

É dia de verde. É dia de mato. É dia de Oxóssi. É dia de festa. É de árvore. É dia de arco e flecha. É dia de caboclo. É dia de cavaleiro. É dia de fruta madura. É dia de bicho. É dia de fé. É dia de devoção. É dia de comida farta. É dia de proteção. É dia de agradecimento. É dia de canto. É dia de rio. É dia de chuva. É dia de sementeira. É dia de trilha. É dia de conversar com a mata. É dia de trocar energias com o verdume. É dia de ouvir o que os pássaros têm a dizer. É dia de muito querer. É dia de bendizer quem nos guarda. É dia de união. É dia de observação. É dia de trazer toda a força para fora. É dia de dizer “pai”. É dia de cura. É dia de vibrar com o senhor das matas. É dia de compreender e viver Oxóssi de várias maneiras, inclusive, como um raio. É dia de caboclear.


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02/11/2009 - Dia de vivos e mortos

Que todas as almas possam ser amadas ou, quiçá, lembradas. Que os mortos possam usar as lágrimas que recebem hoje para manterem vivas, por alguns dias a mais, as flores que recebem dos vivos. Que os finados recebem, ao menos, uma oração para não se sentirem sozinhos ou desprezados. E que essas orações sejam capazes de acalmar o coração dos espíritos aflitos que ainda não se acostumaram com a morte. Que hoje seja um dia de paz no reino dos vivos e dos mortos. Um dia onde haja espaço para tristeza do choro e da saudade, mas também para a das boas recordações. ...
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21/10/2013 - Dia desazulado

O dia amanheceu menos azul. Um dia mais cinza, mais desbotado, mais triste. Um dia descorado. O azul vivo, que brincava em seus tantos tons e semitons, não apareceu. Um dia surgido como uma caixa de lápis de cores sem os azuis. Falta azulidade. O azul não pulsa mais. O azul não canta mais. O azul não vira mais de ponta cabeça. O azul não escorrega, equilibra ou salta mais pelo seu céu particular.

Ao contrário do que muitos diziam, o azul tinha coração. Um coração de asas inquietas. Um azul que gostava de voar, de ralhar, de dançar desafiando a gravidade. E agora, por onde anda o azul? Podem procurar pelos cantos e contracantos do dia empalidecido. O azul bebê, o azul feminino, o azul pássaro e outros tantos azuis se perderam de uma só vez, deixando tudo e todos num silêncio desazulado.


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25/05/2010 - Dia do vizinho

Hoje é o dia mundial dos vizinhos. Não querendo ser do contra, mas... há algo mais desnecessário que vizinho? Desculpe o pensamento egoísta, mas eu não resisto: que maravilha seria o mundo se ninguém morasse ao nosso lado. Uma ode à paz. Seria o fim daquele som alto aos finais de semana; daquele cachorro chato latindo em horários impróprios; daquela quebradeira de pratos toda vez que há uma briga de casal; daqueles olhos indiscretos bisbilhotando sua vida sobre o muro; daquele clima de fofoca, de inveja, de falsidade... ...
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05/11/2010 - Dia e noite, noite e dia

Dia e noite nada do que ele faz está excelente, ótimo, bom, tampouco satisfatório. Ele se esforça e, se dedica e se triplica, mas as críticas são uma constância em sua vida. E ele sabe que assim será até sua despedida. No entanto, não desiste, de ter esperança que um dia as coisas mudem. Mesmo que esse dia pareça tão distante, ele continua tentando buscar um sorriso, um aplauso, uma palavra de carinho para, ao menos, se iludir um pouco mais seguindo adiante.

Noite e dia ele caminha por entre olhares de condenação e reclamos. Como ele queria que fosse diferente. Não foi essa novela que ele sonhou para seus dias. Pelo amor de Eros, o que foi que deu errado? Silêncio. O fato é que as bocas se abrem e declaram-no culpado. Culpado por tudo e por todos. Como seria bom se acabassem logo com esse sofrimento e o pendurassem numa cruz, numa forca, numa estrela cadente. ...
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23/06/2010 - Dia nacional do choro

Chora sua tristeza, a indelicadeza do mundo e até mesmo a beleza que passa ao seu lado. Chora gritado, sincopado, enamorado, desaforado e, até mesmo, calado. Chora por dentro e for fora. Chora vindo ou indo embora. Chora pelo que perdeu e pelo que nunca achou. Chora na porta de casa, no quarto escuro, no elevador. Chora de desespero, de alegria e de dor. Chora de atropelo e fantasia. Chora um choro musical, cinematográfico, teatral. Chora um choro raso ou visceral, mas chora.

Chora de amor, por falta ou excesso de amor. Chora como já choraram tantos e como ainda não chorou alguém. Chora como prova de solidariedade e saudade. Chora diante da morte própria ou alheia. Chora individual e coletivamente. Chora do que passa na janela, da cena da novela. Chora borrado e confuso como numa aquarela. Chora no meio da rua e aos ouvidos da lua. Chora guardando ou enviando suas lágrimas em feitio de correio elegante. Chora de ira ou um choro de mentira, mas chora. ...
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09/11/2012 - Diário de bordo

Expulse os fantasmas do seu sótão. Tire as pedras do seu sapato. Encare suas dívidas e pendências. Ilumine seu porão. Cicatrize suas feridas. Tranque as portas do passado. Não chore por quem não merece. Estanque essa sangria desatada. Não pense duas vezes. Tenha cuidado e atitude ao mesmo tempo. Engula o orgulho, por mais ferido que ele esteja. Tente uma, duas, três mil vezes até conquistar o que quer. Quando não sentir mais os pés no chão tenha certeza de que deve estar perto uma mulher.
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Diário de um super-homem às avessas

Sei horas da manhã. Não há galos que cantam, relógios que despertam... Só há um corpo que se levanta forçado pelo hábito. Lá esta ele, olhando os cantos da casa. Cada bibelô, cada grão de poeira, cada metro de chão ou de parede. Esfrega a mão na cabeça do filho pequeno entregue ao sono, por entre os cabelos, como quem faz uma prece. Uma prece para ninguém escutar. Toma um gole amargo de café. Apanha uma sacola, a mesma de todos os dias. Passa em frente da imagem de uma santa, benze-se. Olha para os olhos fundos da mulher, por alguns segundos estáticos. Olhos que se dão como duas estátuas. Um beijo leve. Um beije breve. Um beijo e mais nada. Faz tudo sempre igual. Abre a porta, o rangido de costume, com a mesma testa franzida, nervosa. Faz tudo como se fosse pela última vez. Ela diz para ele se cuidar. Ele engole seco e sem coragem de olhar para trás, sufoca o adeus....
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05/03/2011 - Dias de carne

Carnaval vem de carne e prazer. Durante a idade média, os dias de carnaval eram dias de prazer, de comer carne à vontade, já que na quaresma é preciso se abster dessa iguaria. No entanto, esses dias também são de muita carne humana. O corpo humano torna-se uma espécie de produto à venda, um objeto de desejo, um pedaço suculento de carne. É como se olhos, olfato, ouvidos e tato se rendesse ao paladar numa imensa e intensa antropofagia. E isso não é enredo de escola de samba.

Carne branca, preta, mulata. Carne louca. Carne nua. Carne de primeira, de segunda e até de quinta. Carne salgada e doce. Carne na cerveja, na cachaça, no vinho. Carne suada. Carne sangrando. Carne malpassada e ao ponto. Carne a la carte. Carne de boca em boca, de mão em mão. Carne de engorda. Carne seca. Carne nacional e estrangeira. Carne roubada. Carne proibida. Carne crua e temperada. Carne gordurosa. Carne em chamas. Carne no prato, na rua, na cama. Quartos de carne no quarto. ...
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29/12/2015 - Dias equivalentes

Já foi o Natal. Ano-Novo em aí. Mas já tem gente com a cabeça no Carnaval. E ninguém se lembra mais do Dia de Reis. Comemora-se isso e aquilo, mas datas são apenas datas. Dias datados. Caminhamos pela estrada e cada passo deixa uma espécie de rastro. Umas ficam mais fundas, visíveis, definidas que outras, mas nem por isso há uma mais importante, pois se uma delas não existisse uma dada caminhada não seria possível. Assim é com o ano. Há muitos holofotes sobre determinadas datas, mas todos os dias são equivalentes. É de dia em dia que se faz um ano. É de história em história que se escreve uma vida.


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