25/05/2010 - Dia do vizinho
Hoje é o dia mundial dos vizinhos. Não querendo ser do contra, mas... há algo mais desnecessário que vizinho? Desculpe o pensamento egoísta, mas eu não resisto: que maravilha seria o mundo se ninguém morasse ao nosso lado. Uma ode à paz. Seria o fim daquele som alto aos finais de semana; daquele cachorro chato latindo em horários impróprios; daquela quebradeira de pratos toda vez que há uma briga de casal; daqueles olhos indiscretos bisbilhotando sua vida sobre o muro; daquele clima de fofoca, de inveja, de falsidade...
Vizinho é sinônimo de conflito. Eu confesso que morro de medo de vizinho. Afinal, nunca sabemos quem de fato mora ao nosso lado. Aquela velhinha que lhe traz um pedaço do bolo que acabou de assar, aquele senhor que passa de bengala contando histórias simpáticas ou aquela adolescente de filme americano que se apaixona pelo vizinho não passam de ficção. Na prática, a conversa é outra, pautada num festival de agressões físicas, psicológicas e emocionais.
O melhor seria morar em uma ilha deserta e ter tubarões como vizinhos. Sem dúvida, são menos maldosos do que muitas pessoas que nos avizinham. No meio do meu caminho diário, melhor dizendo, ao lado do meu caminho diário existe uma casa cravada aos pés de um monte. Uma casa solitária, rodeada de mata e pedras, totalmente desprovida de vizinhos. Essa casa me atrai os olhos e chego a ter uma inveja saudável, daquela que não seca pimenteira, de quem ali reside. Afinal, esses moradores têm por vizinhos apenas uma vista deslumbrante do lago, árvores e pássaros cantantes.
Ali, sem dúvida, é possível praticar a política da boa vizinhança.
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