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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 52 de 320.
18/06/2015 -
Comida do dia
Bota mais feijão no seu caldeirão. Que tal galinha-de-angola na sua caçarola? Derrama dendê e deixa ferver. Dedo de moça para arder. Com um pingo de cumari não dá para se arrepender. Tem fritada de lambari. Especiaria daqui. Ensopado de chambari. Morde caqui para se apaixonar. Chupa ingá para adoçar. Tem chá para matar a sede. Sinhá perfumada de cheiro-verde. E um pudim descansado na rede. Tem tempero pelas paredes. Coloca aipim na pressão. Desmancha o namorado no forno. Acorda o arroz que tá com sono. E avisa o manjericão que ele não tem dono. Cebola em cruz pra dar fé. Sal o quanto der. Pega araticum no pé. Urucum para dar cor no seu amor. Leva o alho no andor. Regue com azeite. Carregue no enfeite. Aceite o calor. Afague como doce de leite. E largue a boca pro que der e vier.
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17/06/2015 -
O drama do cacto
Sem amor, sem carinho, sem ninguém, sozinho. Assim é o dia do cacto, cujos espinhos fazem seu pacto com a solidão. Quem tem um coração de cacto vive no sertão do sentimento. Espera-se por chuva, mas a chuva não vem. Reza-se por milagre, mas milagre não tem. Deseja-se até a morte, e da morte não se fica sem. Mas a morte do cacto é todo dia, nos partos dos espinhos, na certeza do viver sozinho. A boca do cacto machuca o vinho. As mãos do cacto não tocam o pinho. O corpo do cacto desfia o linho. O cacto não vai além do cacto. Seja semente, fruto ou flor é cacto. É o pacto permanente com a solidão. Sem amor, sem carinho, sem redenção. No cacto aranha não se atreve a fazer teia. O coração do cacto nem sol do deserto clareia. O cacto queria ser pássaro, ser gado, ser areia, mas é cacto e do cacto o espinho não apeia.
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16/06/2015 -
É mentira
Eu nunca fui de fazer poema. Prefiro a realidade ao cinema. Não gosto da lua, tomo banho de sol. Nunca quis subir num farol. Fecho os olhos para as estrelas e nunca perguntei aos alados como faço para tê-las. Fujo do mato. Desacato os bichos. E ao coração apaixonado eu digo sempre: deixa disso.
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15/06/2015 -
O sol se põe
O sol se põe num lago e não se apaga. O sol se põe por entre prédios e não se estreita. O sol se põe numa cova e não morre. O sol se põe num copo e não tropeça em estrelas. O sol se põe na lua e diz que não se entrega. O sol se põe num vestido e não é chamado de atrevido. O sol se põe no mar e não se salga. O sol se põe na curva e deixa a estrada mais ruiva. O sol se põe na corcova do dromedário e não se entorta. O sol se põe nos cabelos da mulher e por ali se esconde. O sol se põe numa tatuagem e não faz mais parte da paisagem. O sol se põe num violão e transforma a canção. O sol se põe num aquário e o peixe fica dourado. O sol se põe no roseiral e não se espinha. O sol se põe na cama e não dorme. O sol se põe na televisão e mesmo assim não faz programa. O sol se põe na figueira e não vira fruto. O sol se põe à francesa e enfrenta a escuridão a sua maneira. O sol se põe no abajur e vela a noite de quem o chama. O sol se põe no tempo e não fica.
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15/06/2015 -
Remontando-se
Corte suas garras e venha sem valentia
Nada de amarras e apareça a luz do dia
Sem gritos nem deixar ninguém aflito
Venha, venha sem tanta fome ou sede
É hora de vir para fazer bonito seu rito
De amor sem rede, arma ou armadilha
Nada de prender ou ferir ou se armar
Venha sem julgamentos com sentimento
Aberto disposto a fazer tudo dar certo
Pois o coração não pertence à quadrilha
Alguma. Deixa para trás sua armadura
E vem demonstrar que ainda há ternura...
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14/06/2015 -
Lendas do rouxinol
O buraco sem fundo é onde se esconde o melhor do mundo. No caco de vidro alguém se sangra e dá seu destino como lido. No fato ocorrido há sempre um inocente e um parente comovido. Na fenda da agulha passa linha, mas não passa trem. À fagulha da vela vem a alma que convém. Diz a lenda que é na lua nova que sobra desdém. Porém, se quiser algo novo basta dizer ao além: eu louvo a minguante também. O pano das costas é o mais alvejado. A inveja e olho-gordo andam lado a lado. A cobiça enguiça seu futuro e seu passado. Cuidado com os botões, pois no ato do abotoamento há sempre um casamento. O vão da vida é uma ode à despedida. Pela ponte estreita quem não se sacode não se endireita. Preste atenção, coração é curvo como anzol para fisgar amor e perdão até em mar turvo ou dias sem sol. Tudo isso quem me contou foi o menino rouxinol que hoje canta junto da santa de olhos de farol.
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13/06/2015 -
Um dia de
Um dia de paz é o que quer o rapaz que pedala sua bicicleta pela rua incerta. Um dia sem guerra é o que deseja nossa mãe terra no seu mais profundo interior. Um dia sem dor é o que espera o coração de quem tanto amou e chorou. Um dia de festa é o que anuncia o sol invadindo as frestas. Um dia de dança é o que pede a menina que baila nos braços da esperança. Um dia de sal para o cozinheiro que vai preparar um almoço especial. Um dia de viola para os que fazem das dez cordas sua escola. Um dia sem conflito para quem viver o mais bonito dos tempos em matéria de sentimento. Um dia de fé para o que der e vier. Um dia de procura são os votos de quem não se cura da loucura da paixão. Um dia apaixonante, dançante, delirante para os amantes de plantão. Um dia estelar mesmo para os que vivem com os pés no chão. Um dia de muito riso e algum juízo. Um dia de purificação para quem for se encontrar em outra dimensão. Um dia sem limite para quem aceita do amor o convite.
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12/06/2015 -
O amor não se apaga
Antes, tinha medo de perder quem amo. Hoje, sei que o amor nunca se perde. As pessoas, que estão ligadas por esse amor, podem se desencontrar, se separar, se afastar, por alguma ou outra sorte da vida ou ainda pela morte, mas esse sentimento permanece vivo. O amor está além do corpo físico, da matéria palpável. O amor é energia. Somos responsáveis pelo nascimento e crescimento de todo e qualquer sentimento, porém, nunca há total controle da nossa parte sobre ele. Ninguém apaga, deleta, corta, queima, rasga, anula um sentimento verdadeiro. O amor se transforma porque é dinâmico. Adapta-se porque está, como nós, em constante evolução. Multiplica-se ou divide-se dependendo de uma determinada situação. Pode parecer, aos nossos sentidos, mais forte ou mais fraco. No entanto, o amor, uma vez nascido, está sempre aí. Por mais que jurem que certo amor está morto é preciso considerar que mesmo as pessoas que morrem continuam existindo de uma forma ou de outra. Para nascer, um amor depende de energia. Na maioria das vezes, do encontro de duas energias vitais. Mesmo que essas pessoas que doaram essa energia deixem de ter qualquer relação amorosa e até batam o pé que não sentem mais nada essa energia continuará vagando pelo universo. Embora aparentemente nascido na terra, o amor nosso de cada dia tem algo de estelar, pois mesmo quando declarado “morto” sua luz continua sendo vista e sentida. ...
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11/06/2015 -
Quem me amará?
Quem me amará se eu não conseguir mais escrever? Quem me amará se eu fechar meus olhos e nada mais ver? Quem me amará se eu tiver dificuldade e até mesmo deixar de andar? Quem me amará se eu der trabalho? Quem me amará se eu não sair mais da cama? Quem me amará se eu se eu não tiver mais poder sobre o meu corpo? Quem me amará se eu não for mais perfumado como hoje? Quem me amará se ao contrário de cuidar eu tiver de ser cuidado? Quem me amará se eu perder minhas asas? Quem me amará se o meu rosto não condisser com o retrato passado? Quem me amará se o tempo levar muito de mim? Quem me amará se eu não me lembrar de quem amei? Quem me amará se eu confundir as realidades, trocando nomes e identidades? Quem me amará se eu não der conta de falar? Quem me amará se eu não mais servir para o dia a dia? Quem me amará se para além da casca e dos fazeres eu for só a poesia?
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10/06/2015 -
O tempo é o meu lugar
São anos e anos tecendo e trançando linhas de destinos, de prosas, de papagaios. Anos e mais anos semeando pelo ar, revirando a terra e as nuvens. Sou lavrador de sentimento. Aprendi a língua do vento, que me conta histórias de acordar e de ninar. Sou árvore. Sou rio. Sou chuva. Sou raio. Sou pássaro. Tenho sangue e seiva bombeando meu coração que dá sementes, letras e asas. Sou nascido do ventre da imaginação. São anos a fio mergulhando de corpo, alma e espírito em paixões, escritas, temperos, paisagens... Ao longo dessa estrada, muitas chegadas, sejam bem-vindas, e algumas partidas, pelas quais eu choro ainda. Tanto conheci sobre o mundo, exterior e interior, indo a fundo. Amei, amo e amarei, pois sou forjado no amor. No amor sem limite. No amor incondicional. No amor convicto. A intensidade é a minha verdade. São anos e anos flertando com o tempo. Entrego-me. Doo-me. Voo a outras dimensões. Como ribeirão eu vou. Como mar, eu volto. As minhas lembranças alimentam a minha esperança. Sou criatura que não se cansa de se apaixonar. O tempo é o meu lugar. ...
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