Daniel Campos

Prosas

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25/05/2008 - Saudade junina

Na noite de ontem fui para a quermesse de Nossa Senhora Auxiliadora. Uma comemoração com cara de festa junina. Acabada a missa, as barraquinhas com quentão, canjica, chocolate quente, pastel, caldo, arroz carreteiro, galinhada... Eu belisquei aqui e ali e fui me embrenhando por entre os sabores regionais. Mas faltava alguma coisa. Uma sensação de incompletude não me deixou entrar no clima da festa.

Talvez porque ainda não era junho. Talvez porque não era dia de São Pedro, São João ou Santo Antônio. Talvez porque não tinha amendoim torrado. Talvez porque não havia fogueira. Talvez porque não tinha chapéu de palha e camisa xadrez. Talvez porque não teve quadro dos três santos juninos no topo do mastro. Talvez porque eu queria o impossível: o sentimento caipira no meio da metrópole. Por mais que se esforçasse, esse sentimento não seria legítimo....
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24/05/2008 - Re-consagração

Um menino acordou contente e nem sabia por que havia de estar tão sorridente. Pulou da cama, se benzeu, tomou café e agradeceu pelo sol, pelo sal, pelo farol que lhe guiava e por estar protegido de todo mal que o rondava. Ficou com vontade de correr e gritar ao mundo que hoje era o dia, o dia da alegria, o dia onde todos, dos anjos aos escaravelhos, dobram os joelhos e oram diante de uma senhora que por nós, sorri e chora.

De forma ardente o menino e a menina num mesmo beijo numa mesma re-consagração do amor, do amor presente em cada coração. Apaixonado e abençoado pelos céus, pegou a mão da menina como se pega um papel e numa troca de alianças escreveu um poema de bonança, unindo terra e céu. Versos de amor e ave-marias foram se misturando ao longo do dia em uma mais que completa fantasia. ...
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23/05/2008 - Segunda ou sexta-feira?

Pensei uma, duas, três vezes antes de levantar hoje. Frio. Sono. Preguiça. Devia ser proibido por lei trabalhar em dias como o de hoje. Sé é que podemos chamar hoje de dia, afinal, o que vemos é uma verdadeira ilha no meio da semana. Um feriado nacional ontem e um sábado amanhã. Hoje é a perca total de ritmo. Hoje é o deleite da dúvida: segunda ou sexta-feira? Hoje é uma vontade de não ser.

Hoje era o dia ideal para ficar entre cobertas em um eterno namorar. Tanto podia ser feito hoje em matéria de descanso, de diversão, de entretenimento. Mas não, hoje é dia de labuta. No entanto, um clima de final de festa infesta nossas ruas. Culpa dos estudantes que fizeram uma emenda no feriadão e estão em casa, assim como alguns outros trabalhadores que tiveram a sorte de serem chefiados por adeptos ao emendão. ...
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22/05/2008 - Tempos de Corpus Chirsti

"E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue derramado em favor de vós." (Lucas 22:19-20)

Tudo começou com um sonho. Há 900 anos, onde hoje fica a Bélgica, uma freira sonhou com uma lua completamente negra. Estávamos na Idade Média, na época das trevas. Reza a história, que a freira procurou o padre da cidade e contou-lhe a mensagem que havia por detrás do sonho: era preciso celebrar o corpo de Cristo. O padre passou a comandar um cortejo de ação de graças pelas ruas do lugar para agradar aos céus....
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20/05/2008 - Lugar comum

Nada de novo. Tudo no mesmo lugar. As ruas vão e vem. Os pássaros vão e vem. Os felizes vão os tristes vem. A vida vai e vem feito um bumerangue na mão de um menino. E olha a gente ai, no mesmo do mesmo do mesmo lugar. E olha a gente ai, a ir e a voltar como ondas de um mar imenso e propenso a marear. O dia de amanhã é igual ao que é hoje que é igual ao que foi ontem. A rotina nos tritura com seus dentes afiados e mastiga nossos sonhos, nossos planos, nossos projetos como chiclete barato.
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19/05/2008 - Voltei

Para aqueles que se preocuparam com minha ausência, estou vivo. Ou revivo, depois de ser alimentado por mergulhos profundos e vôos longos. Depois de uma viagem pelo interior do interior do interior de mim, estou de volta a este espaço. Peço desculpas pela minha retirada súbita durante alguns dias, mas a desconexão foi não só precisa, mas necessária e irreversível. Não queria deixar esse lugar ao léu durante esses dias, mas não teve outro jeito.

Passados à parte, o importante é que eu voltei em ritmo de futuro. Futuro do presente. O tempo mais-que-imperfeito do perfeito. E voltei com a poesia aguçada e revigorada. Depois desses dias de mordaça, ganhei fôlego nesta caminhada literária. Mais uma vez, estou aqui. E agora, nada vai me impedir. Eu vou gritar aos quatro ventos que a poesia me habita e escorre de meus poros formando uma estrada vermelha a minha frente. ...
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14/05/2008 - Caiu uma floresta inteira

Caiu a última pedra que incomodava no sapato dos desmatadores. Marina Silva pediu demissão. Segundo os ambientalistas que atuam nessa área, o pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente é a declaração da abertura da temporada de derrubada oficial da Amazônia. Além disso, a saída da ministra é vista como sinal claro do fracasso da política ambiental de Lula.

Marina tentou mostrar durante seis anos que, para o Brasil ser moderno, ele precisava integrar a dimensão ambiental ao seu desenvolvimento. Infelizmente a dimensão econômica falou mais alto. A Amazônia perdeu, o meio-ambiente perdeu, os ambientalistas perderam, a sociedade perdeu e os donos do capital ganharam mais uma batalha....
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13/05/2008 - Uma nova abolição

Negro. Onde estão teus direitos, negros? Quantas correntes brancas ainda lhe prendem, negros? Negro, para onde foi a abolição da tua escravatura? Aboliu? Sumiu? Ninguém mais a viu? Corre negro pela estrada branca à procura da igualdade que se sonhou. Sonhou demais. Ah! Negro, aonde vai dar este navio negreiro? Ah! Negro, prisioneiro de um passado mal contado nos livros das escolas brancas.

Negro. Onde estão teus deuses, negros? Será que estão escondidos por detrás dos santos brancos? Onde está tua boca negra, teus olhos negros e teu útero negro para fecundar uma civilização de aves negras que possam voar rumo ao horizonte detrás dos montes estrelados salpicados de estrelas vestidas da noite negra. Ah! Negro, vamos brotar uma lavoura negra neste Brasil que não se assume negro. Ah! Negro, vamos sonhar um sonho negro nesta pátria que é africana, suburbana e tirana com seus filhos, negros....
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12/05/2008 - O fim das abelhas

Haverá um tempo em que você sentirá saudade de ser ferroado por uma abelha. Sim, porque não existirão mais abelhas. Como ficará o mundo sem o trabalho de levar pólen para lá e para cá feito por esses insetos do mel? Resposta: não ficará. Se a má distribuição de alimentos, o desperdício e o péssimo uso do solo já estão causando crise de alimentos, calcule os danos causados pela extinção das abelhas.

O resultado é o final dos tempos. Haverá dinheiro e não haverá comida. Haverá terra e não haverá alimento. Haverá céu e não haverá abelha, assim como não existirão besouros, joaninhas, libélulas, borboletas. E tudo isso porque o aquecimento global promete acabar com vários tipos de inseto até o final deste século. Além de faltar quem polinize nossas lavouras, faltará comida também para muitos animais, como as aves. O estrago promete ser bem maior do que aparenta. ...
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11/05/2008 - Carta a uma menina

Cara menina Isabella,

Hoje, mais do que qualquer outro dia, você deve sentir vontade de abraçar e ser abraçada. Sentir desejo de dizer "eu te amo" para alguém e ficar junto e se sentir protegida. Não sei o que lhe dói mais: se as marcas de mãos feitas no seu pescoço por aquela mulher que se dizia sua mãe ou o choro quieto de sua mãe? Embora existam centenas de anjos ao seu lado, meninos e meninas mortos pelos próprios pais ou por alguém próximo, a solidão deve arder seu pequeno coração. E sua mãe não está perto, o quão perto gostaria, para soprar esse ardor. Deve ser difícil entender....
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