Daniel Campos

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12/05/2008 - O fim das abelhas

Haverá um tempo em que você sentirá saudade de ser ferroado por uma abelha. Sim, porque não existirão mais abelhas. Como ficará o mundo sem o trabalho de levar pólen para lá e para cá feito por esses insetos do mel? Resposta: não ficará. Se a má distribuição de alimentos, o desperdício e o péssimo uso do solo já estão causando crise de alimentos, calcule os danos causados pela extinção das abelhas.

O resultado é o final dos tempos. Haverá dinheiro e não haverá comida. Haverá terra e não haverá alimento. Haverá céu e não haverá abelha, assim como não existirão besouros, joaninhas, libélulas, borboletas. E tudo isso porque o aquecimento global promete acabar com vários tipos de inseto até o final deste século. Além de faltar quem polinize nossas lavouras, faltará comida também para muitos animais, como as aves. O estrago promete ser bem maior do que aparenta.

Que todos os poetas morram o mais rápido possível para não precisarem testemunhar a ausência da primavera. Sem os insetos, tudo será pálido como o inverno e desértico igual ao verão. E haverá uma legião de mulheres grávidas com vontade de se lambuzar de mel. Os maridos sairão loucos pelas ruas em busca das últimas garrafas, que já custarão milhões e milhões de reais no mercado negro. Haverá um descontentamento generalizado entre os ursos que vão, sem dúvida alguma, invadir os supermercados em busca de algo doce.

Nenhuma criança vai entender a gula do Zé Colméia. E as floriculturas fecharam suas portas e as plantações não iram vingar e os apaixonados hão de entrar em depressão profunda e irreversível. E a fome, como uma amazona das trevas, galopará pelos quatro cantos do mundo. Os cientistas tentarão criar abelhas de laboratório e mecanismos que permitam a polinização das flores de forma mecânica. Mas tudo que conseguirão serão flores de plástico, trigo de plástico, arroz de plástico. Nos últimos dias, dentre pânico e guerra, seremos obrigados a comer pílulas de astronauta. E o pior de tudo é que não haverá flores para enterrar os mortos de fome.


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