Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 274 de 320.

12/10/2008 - Lá vem Cartola...

A lua corria alta e, da varanda, o mundo era um imenso morro com barracos coloridos e meninos empinando maranhões de estrelas. Ah! E como brilhavam aquelas estrelas de papel celofane no céu. E ao cair de um desses maranhões que são levados pela linha de cerol de algum malandro, brinquei num tamborim. Desafinado, animei-me e ensaiei um sambinha naquele couro. E aquela batucada que contava a história das rosas que não falam se misturou às batidas da porta. Já eram duas horas da manhã! Quem me procuraria em tal situação? Será ladrão! Com medo de algum imprevisto, abri a porta e a boca... afinal, ele estava ali, bem na minha frente? Ele quem? Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola. ...
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11/10/2008 - Cem anos de um mundo tirado da cartola

Era uma vez um mágico franzino e negro, que andava com um chapéu-coco de construção em construção, de boteco em boteco, de acorde em acorde. Subia morro, arrastava sandália na periferia, olhava o mundo da janela de um barraco. Sua mágica era realmente boa, merecedora de aplausos. Afinal, vinha gente bronzeada lá da zona sul para ouvir as rimas e os arranjos daquele homem que pouco estudou. Até mesmo os intelectuais da canção se renderam a sua magia. E da cartola daquele mágico chamado Angenor de Oliveira nasciam uma flor, uma escola, uma favela, uma poesia, um jeito diferente de ver, de fazer e de viver o mundo......
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10/10/2008 - Eu sou o bom, o bom, o bom

Quero ser o político mais votado nas próximas eleições. Quero ser o cara mais rico do mundo. Quero ser o maior comedor de hambúrguer da lanchonete da esquina. Quero ser o primeiro colocado no concurso público. Quero ser campeão de remo, vôlei, esgrima e arremesso de cuspe. Quero ser nota 10 na escola. Quero ser o número 1 do futebol. Quero ter o melhor corpo. Quero ganhar um Oscar e um Grammy por ano. Quero ter o melhor carro de todos. Quero ser o dono da festa. Quero ser o artista mais famoso. Quero ser artilheiro do campeonato. Quero ser a menina mais bonita do colégio. Quero ser au concur. Quero ser o bom, o bom, o bom....
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09/10/2008 - Pausa poética no cotidiano

Cotidianos carregam concreto nos andaimes. Cotidianos lavam carros no meio-fio. Cotidianos arrastam vassouras. Cotidianos passam apressados com pastas, bolsas e celulares tocando, despertando, falando. Cotidianos digitam números, contam dinheiro, carimbam documentos, entregam panfletos, fazem anotações técnicas, nada poéticas. Cotidianos correm. Cotidianos malham. Cotidianos duelam contra seus próprios limites. Cotidianos se sufocam. Cotidianos discutem com o computador. Cotidianos decifram livros, códigos, fórmulas. Cotidianos aparam a grama. Cotidianos têm tantos planos que sempre caem no mesmo jeito cotidiano de ser....
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08/10/2008 - Estradeiro

Tem dias em que uma vontade de correr mundo nos invade. Vontade de pegar um trem, um carro, um avião, um ônibus, um barco, uma bicicleta e sair pelos rumos de uma bússola quebrada e de um mapa-astral. Ai meu Deus que bom, quero me guiar pela conjunção de Marte com Plutão e me alimentar de lua cheia que congestiona a estrada. Quero escalar as montanhas do desconhecido, pular o trópico de Capricórnio e me equilibrar num monociclo pela linha do Equador.

Quero revirar os fusos horários pelo avesso e mostrar ao mundo que o tempo não tem hora para acontecer. Quero fazer uma rota marejando pelos olhos de um senhor chamado destino, que ora é velho ora é menino. Menino dos meus dias. Menina da minha poesia. Quero sentir o sabor da poeira estradeira em minha língua e a chuva me transformando em enxurrada. Ah! Quero amar e esquiar pelos cabelos da amada e me enterrar vivo em sua avalanche. ...
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07/10/2008 - Imaginando o frescor

Pés caminhando pela grama orvalhada. Um cubo de gelo derretendo no ardor de uma língua acalorada. A lua submergindo na piscina. Uma brisa altaneira invadindo os olhos secos. Namorados tomando banho de mangueira no fundo do quintal. Cabelos esvoaçando diante das pás do ventilador. O mar indo e vindo. Uma mulher passando de vestido curto. O mendigo se banhando no chafariz da praça. O vento da estrada invadindo a viseira do motociclista. Um rosto peralta se manchando no frio do sorvete. O meteorologista indicando uma frente fria. ...
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06/10/2008 - O resultado da eleição

Pelas ruas, fotos e números de candidatos. O que era propaganda transformou-se, definitivamente, em lixo. E os garis, com seus uniformes fluorescentes, cor de tangerina madura, arrastam suas vassouras secas por entre promessas. Eu prometo mais emprego, mais saúde, mais segurança, mais... E essa promessitude vai alimentando os carrinhos de lixo, que se fartam daqueles desejos em decomposição. Assim como os panfletos, a faixa colorida pendurada no meio da praça, o muro pintado com a marca da campanha, os adesivos que grudaram na roupa, no carro, nos postes não fazem mais sentido. Hoje, segunda-feira, o futuro virou passado. ...
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04/10/2008 - O homem dos olhos vazios

Tinha o corpo alto, os olhos vazios e os braços longos. Sua magreza era de fome. E faminta era a solidão que mordia sua canela. Reza a lenda que ele pertencia à inteligência da polícia e, por amor, abandonou tudo. Ou melhor, por desamor, tudo lhe abandonou. Não era à toa que despertava medo, asco, náuseas e outros sentimentos não muito bem quistos em quem o via, o ouvia, o sentia. O mundo, diante daquela caricatura, fugia. Fugido do hospício de si mesmo, não hesitava em desmascarar a normalidade das coisas....
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03/10/2008 - Caminhadura

Eu caminho contra o sol, seja a pé ou na boleia de um caminhão. Eu caminho no marca-passo coração, seja em pontes de safena ou injeções de adrenalina. Eu caminho no mar-alto da paixão, seja a bordo da arca de Noé ou dividindo as águas de Moisés. Eu caminho pelos tabuleiros, seja entre estradas de rainha ou espadas de rinhas. Eu caminho pelos romances, seja nas linhas dos livros da estante ou na canção que caminha solta pelo ar.

Eu caminho de sentença em sentença, seja na prisão de um tempo ou no cárcere da paixão. Eu caminho por entre uma declaração de amor, seja amor amado ou mais amado para valer. Eu caminho sem dó nem piedade, seja pela cidade ou pelo azulão do céu. Eu caminho poeticamente, seja de letra em pausa ou de rima em refrão. Eu caminho na corda bamba da esperança, seja equilibrando uma sombrinha ou um leão. ...
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02/10/2008 - Vai ter carnaval

Correu boato lá na rua de baixo que vai ter carnaval. O politicódromo é no domingo nacional. Carnaval da politiqueira, carnaval da politicagem, carnaval political no pleito municipal. Vai ter candidato pierrô chorando sobre o leite derramado. Vai ter candidato colombina traindo seu amor com o primeiro arlequim. Vai ter candidato que vai até as urnas em bloco e depois, segue sozinho com os lucros. Vai ter candidato desfilando em carro alegórico e candidato passista, rebolando para conseguir uma boquinha na prefeitura ou na câmara. Vai ter candidato discutindo harmonia, evolução e pedindo mais conjunto para seus apoiadores. Vai ter candidato porta-bandeira levantando seu pavilhão. Vai ter candidato no lança-perfume das promessas. ...
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