08/10/2008 - Estradeiro
Tem dias em que uma vontade de correr mundo nos invade. Vontade de pegar um trem, um carro, um avião, um ônibus, um barco, uma bicicleta e sair pelos rumos de uma bússola quebrada e de um mapa-astral. Ai meu Deus que bom, quero me guiar pela conjunção de Marte com Plutão e me alimentar de lua cheia que congestiona a estrada. Quero escalar as montanhas do desconhecido, pular o trópico de Capricórnio e me equilibrar num monociclo pela linha do Equador.
Quero revirar os fusos horários pelo avesso e mostrar ao mundo que o tempo não tem hora para acontecer. Quero fazer uma rota marejando pelos olhos de um senhor chamado destino, que ora é velho ora é menino. Menino dos meus dias. Menina da minha poesia. Quero sentir o sabor da poeira estradeira em minha língua e a chuva me transformando em enxurrada. Ah! Quero amar e esquiar pelos cabelos da amada e me enterrar vivo em sua avalanche.
Sob a regência do vento sul, quero ouvir a música dos pássaros e a canção dos estradeiros que vão cortando nossa vida em claves de sol, fá e dó. Quero sujar meus sapatos, deixar pegadas e andar descalço pelos altos e baixos de mim. Quero ser viajante dos sentimentos, sentir as profundezas e a belezas que ninguém teve coragem. Quero ser passageiro e passagem num mesmo bilhete de amor. Quero abrir porteiras e andar sobre as telhas das casas de barro do seu joão. João de barro.
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