Daniel Campos

Prosas

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09/05/2016 - Eu não sei o que sei

Eu não sei o que sei, o que deveria saber, lembrar ou esquecer. Eu não sei para onde fui, onde estou e por onde vou. Eu não sei se subo ou se desço a estrada, se eu me apego ou se eu deixo a coisa amada. Eu não sei o que me espera, se é inverno ou primavera. Eu não sei por quem me apaixonei, se pela bela ou pela fera. Eu não sei se hei, se há, se haverá amor de agora em diante. Eu não sei se minha cidade é real ou delirante, se minha vontade é carnal ou galante. Eu não sei se desperto, se adormeço, se perto, se disto, se esqueço. Eu não sei se escrevo, se dito, se dispo, se visto, se posso ou se devo. Eu não sei se em entranho, se me estranho, se me convido ou se me despeço. Eu não sei se peço ou se tomo para mim o que é meu por sonho e direito. Eu não se entorto ou endireito. Eu não sei se é o fundo do poço ou o apogeu, se o amor já é o gigante ou ainda um pigmeu. Eu não sei se é bem-feito, se é perfeito, se é o jeito que deus deu. Eu não sei se há, se haverá julieta para o meu romeu. Eu não sei se estou bem ou sem, se sou alguém ou ninguém. Eu não sei se sou sozinho ou multidão, se eu caminho ou se paro na contramão. Eu não sei se sou velho ou novo, escaravelho ou corvo, garça ou graça. Eu não sei se sou o que sempre quis ou o medo que tem de ser feliz. Eu não sei se sou o menino louco pela menina ou o menino pouco para a menina. Eu não sei se sou o que termina, o que começa, o que ensina, o que tropeça, o quem vem de marte ou da china. Eu não sei sou arte, se sou parte, se sou incluso ou inconcluso. Eu não sei me usam, se me cruzam, se me abusam. Eu não sei o que sei que em mim, por mim, para mim amores se lambuzam.


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08/05/2016 - Mãe, que seja tudo pelo amor maior

Mãe, ameniza essa dor que me pede colo. Mãe, só você para entender esse meu amor sem explicação. Mãe, o que eu faço com essa saudade que não passa? Mãe, essas metades que me juram eternidade do dia para a noite já não se encaixam em mim com a mesma perfeição. Mãe, qual será o meu defeito? Mãe, será que o meu coração ainda tem jeito? Mãe, fora do seu ventre tudo é tão dolorido. Mãe, distante dos seus olhos sou só um menino correndo pelo tempo, de sentimento em sentimento. Mãe, é complicado crescer, ganhar o mundo, tomar rumo. Mãe, pode gostar ou não, mas este teu filho vive batendo cabeça, caindo e levantando, à procura de viver o grande amor. Mãe, me perdoa por eu perdoar quem me faz sofrer. Mãe, perdi a conta dos desencontros, das quebras de expectativa, das promessas não cumpridas. Mãe, me faça forte para aguentar o parto, o rompimento do cordão, a separação. Mãe, sei que não é mais da sua responsabilidade, mas me diga como amar a todo instante sem pedir nada em troca, como estar junto mesmo distante, como chorar sem ninguém ver e logo se fortalecer. Mãe, me ensina. Mãe, me cuida. Mãe, me guia. Mãe, e que seja tudo pelo amor maior. Mãe, com certeza se eu fosse mãe não custava tanto a aprender a amar.


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07/05/2016 - Portas

Quantas portas você deixou abertas? Quantas você ainda pretende fechar? Portas só podem ficar abertas se por elas ainda for passar. Cuidado com portas encostadas, entreabertas, esquecidas porque por elas podem entrar o que você não espera. Quando for passar de uma porta para outra, certifique que a última está fechada, trancada, lacrada. No labirinto da vida, quanto mais portas abertas, mais chances terá de se perder. Você só conseguirá viver o futuro além-porta por inteiro se essa porta que você deixou estiver cumprida como uma espécie de missão, que não pode ser deixada incompleta nem mesmo por um novo coração. Só haverá amanhã se as portas do ontem estiverem fechadas, porque senão tudo se mistura gerando uma involução. Fecha as portas, com a certeza de que você já a cumpriu, e siga em busca de novas portas, pois um rio nunca volta.


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06/05/2016 - Momento ideal

Meu dia é poesia independente de como for. Minha tarde arde. Minha noite é o açoite do amor. Minha manhã é febre terçã, intensa e rápida, "bençã" e ávida. Minha semana é cigana, está aqui, ali, acolá, indo e vindo sem parar. Meu ano é o antiplano, a quebra de expectativa, a oitiva sem roteiro, uma junção inesperada e amada de temperos. Meu mês é era uma vez com final nem sempre feliz ou com o feliz nem sempre tendo final. Meu tempo é sentimento real, carnal, sobrenatural, independente de como se manifeste, é o meu momento ideal e isso é inconteste.


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05/05/2016 - Ressaltando

Viola não se aprende na escola. Amor não se cura na farmácia. Taxista bom não fica parado na praça. O artilheiro não é o dono da bola. Só pode ser feliz quem já provou o que é ser infeliz. Um cachorro nunca vai embora. De nada vale o para sempre se ele já não existir agora. Não importa o que não foi por um triz. Não importa o que você quis. Importa o que você pede bis. Um porta-retratos não mente. Só é ausente quem nunca deixou de ser presente. Saudade é termômetro de querência. Só quem nunca pecou tem medo de penitência.


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04/05/2016 - Caminha por dentro

Caminha por dentro. Por dentro de mim. Caminha de um jeito. De um jeito enfim. Caminha em minhas entranha enquanto me assanha no seu carmim. Caminha, caminha pelo confim do meu eu. Caminha num caminhar mais-que-imperfeito, pois é na imperfeição que mora o perfeito. Caminha pelas minhas luas interiores, pelas minhas ruínas, pelos meus amores. Caminha brincando com as linhas do meu destino. Linhas que cruzam meu velho, meu menino, meu poente, minha nascente. Caminha pelos meus ladrões, porões, grotões. Caminha sem pensar no que será. Caminha o agora. Caminha e se tiver vontade, chora, esperneia, volteia, mas siga caminhando por dentro. Caminha pelo meu oco, pelo meu falso oco, onde se aninham minhas aves de sentimento.


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03/05/2016 - O último amor

O último amor é sempre o primeiro amor, pois ainda é o primeiro em suas prioridades. Primeiro em saudade. Primeiro em antirealidade. Primeiro em calamidade. O último amor impregna como um perfume cuja fixação extrapola qualquer limite ou imaginação. É fruta madura que teima em não cair do pé. É a catarse da fé. É jardim que mesmo no inverno profundo flori, floreia, floresce zombando do mundo. O último amor nos prega peças. Por isso, não me peça para ser meu último amor, pois é doação mais que completa, é vontade de morrer vivendo por completo, é o ligamento entre o chão e o teto, é a série de tentativas de contornar o despedaçamento. A separação que o dista do último amor é contada em um tempo que rompe com o cronológico e o psicológico. É um tempo de manicômio, indo pra frente e pra trás, fugindo de regras e padrões, é o tempo secreto dos corações. O último amor é sempre o primeiro a doer, a dar esperança, a atiçar o choro, a te transformar numa criança no que diz respeito à necessidade de colo e inocência. Nada me faz ceder mais do que o último amor, que consegue de mim tudo o que quer. O último amor, no meu caso, que foge de todos os acasos, é sempre a minha mulher.


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02/05/2016 - Muda seu olhar

Muda seu jeito de ver a si mesmo. Veja o que é de dentro para fora. Enxergue-se pelo avesso. Não importa se terá apreço ou não pelo que verá, se irá encontrar tudo em seu lugar, mas debruce seus olhos sobre o caos que se tornou. Pare de procurar perfeições, calmarias, belezas e alegrias. Tudo isso existe, mas não é só. Olhe para suas confusões, para suas aflições, para suas turbulências. Até mesmo o santo para ser santo passou por penitências. Vá fundo em suas confissões. Ninguém é totalmente côncavo ou convexo. Espelho algum traduzirá sua verdade. O seu verdadeiro reflexo é o seu nexo. ...
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01/05/2016 - Juntada

Junta as partes que eu te dei e me terá por inteiro. Recolha os pedaços que eu deixei e me fará, novamente, para além dos estilhaços. Cola os corações rasgados que me fizeram passado-imperfeito-do-futuro e se regozija lembrando dos nossos nomes lado a lado pichados no muro. Recupere os beijos perdidos, os abraços esquecidos, os corpos aquecidos um no outro, o tempo em que não andávamos tão soltos. Relembra cada gemido, cada sussurro, cada urro, cada vez que te fiz amada e mais amada, cada vez que não dei nosso destino como lido, cada vez que fui seu herói-menino, seu caubói, seu virgulino lampião disposto a morrer por sua maria bonita no sertão de todos nós. Cate cada hora aflita, vá bordando, arrematando, dando nós que mais dia menos dia, por milagre ou magia, juntará os sós, os sóis, os sóis, os sóis...


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30/04/2016 - Vento da montanha

Sopra o vento da montanha tamanha pelos vales do desassossego. São tantas criaturas correndo, por amor e por medo. O vento vai calando, vai cortando, vai embalando corpos que guardam diferentes reservas de vida. O tempo que abre é o mesmo que fecha as feridas. Sopra o vento da montanha por uma gente estranha que se estranha. Sopra o vento abrindo estradas, picadas, pegadas por um tempo concreto e abstrato. São lembranças, são saudades, são esperanças de todas as idades, são essas e outras realidades, são lambanças num mesmo destino. O vento sopra menino, o vento brisa menina, o vento dobra a esquina. Sopra o vento da montanha, ninguém perde ninguém ganha, apenas se vive, se sobrevive, se revive o que já é. O que já é foi e será. Pode ser diferente, pode mudar, pode ficar tudo de pernas pro ar quando ventar. Mas isso depende de como você vai receber esse ar, esse movimento, esse sentimento dinâmico que é a existência. Sopra o vento da montanha e assanha uma nova consciência na sua velha inconsciência. ...
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