30/04/2016 - Vento da montanha
Sopra o vento da montanha tamanha pelos vales do desassossego. São tantas criaturas correndo, por amor e por medo. O vento vai calando, vai cortando, vai embalando corpos que guardam diferentes reservas de vida. O tempo que abre é o mesmo que fecha as feridas. Sopra o vento da montanha por uma gente estranha que se estranha. Sopra o vento abrindo estradas, picadas, pegadas por um tempo concreto e abstrato. São lembranças, são saudades, são esperanças de todas as idades, são essas e outras realidades, são lambanças num mesmo destino. O vento sopra menino, o vento brisa menina, o vento dobra a esquina. Sopra o vento da montanha, ninguém perde ninguém ganha, apenas se vive, se sobrevive, se revive o que já é. O que já é foi e será. Pode ser diferente, pode mudar, pode ficar tudo de pernas pro ar quando ventar. Mas isso depende de como você vai receber esse ar, esse movimento, esse sentimento dinâmico que é a existência. Sopra o vento da montanha e assanha uma nova consciência na sua velha inconsciência.
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