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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 196 de 320.
30/06/2011 -
Quando em quando
Quando descobri o seu mundo, eu me mudei. Quando vi suas asas, eu me joguei. Quando perdi o relógio, eu parei. Quando perdi, eu ganhei. Quando enlouqueci, eu cantei. Quando o muro chegou, eu pulei. Quando o cavalo passou, eu montei. Quando sua boca abriu, eu beijei. Quando a história terminou, eu chorei. Quando o pesadelo cresceu, eu gritei. Quando você não veio, eu me calei.
Quando tudo ficou mudo, eu falei. Quando esqueci seu rosto, eu voltei. Quando vi seu número, eu liguei. Quando o guarda apitou, eu passei. Quando você brigou, eu me rastejei. Quando percebi seu cabelo, eu me agarrei. Quando o vento bateu, eu bailei. Quando a noite subiu, eu brilhei. Quando o sonho falhou, eu acordei. Quando você se foi, eu me aproximei. Quando a solidão nasceu, eu a matei. ...
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29/06/2011 -
Em seus olhos
Tem dias em que eu me encolho todo para caber dentro dos seus olhos. Quero que você me leve por suas vistas olhares afora. Seus olhos são minha cama, meu reino, meu útero. Eles me projetam e ao mesmo tempo me escondem. Indiferente do que ordena sua cabeça, seus olhos sonham. Fico ali, horas a fio, ouvindo relatos de suas visões. Gosto de me misturar às paisagens que se formam em seu globo ocular. Gosto de ficar ali como quem não quer nada e, ao mesmo tempo, quer tudo.
Em seus olhos tenho a sensação de estar em sua alma. Consigo ouvir seus pensamentos, palpitar seus desejos, mirar seu destino. Gosto de ficar à deriva no mar de seus olhos. Gosto das corredeiras de emoções que existem por ali. E não me importa saber que em certos momentos sou apenas um cisco. Um cisco que incomoda mesmo não querendo incomodar. Você me coça, me cutuca, me lava, me procura. E eu, sem querer lhe machucar, acabo cedendo as suas mãos. ...
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28/06/2011 -
Reflexões sobre a felicidade
O problema da felicidade é que ela acaba quando começa a tomar corpo. Ela não se apresenta ao som de trombetas e termina quando o desenvolvimento começa a ficar interessante. É a fábula da irrealidade. Nós a buscamos pela vida afora, dia após dia, e quando a encontramos não sabemos bem o que fazer com ela, já que não existe da maneira que pensávamos. A felicidade não é palpável, prevista, manipulável. Ela é nuvem. Cada dia está com um formato, com uma textura, com uma cor, com um ritmo...
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27/06/2011 -
Quem, quem é você?
Quem é você senão uma daquelas mascaradas de Chico Buarque. Quem é você senão uma coleção de segredos e códigos íntimos. Quem é você que se esconde, que se oculta, que se fecha. Quem é você que sai sem deixar pistas ou bilhetes. Quem é você tão inacessível e tão onipresente ao mesmo tempo. Quem é você que ninguém vê e todo mundo ama. Quem é você que habita o inconsciente. Quem é você que se mostra invisível quando lhe convém. Quem é você que vive de encantos e feitiçarias.
Quem é você que fala uma língua desconhecida, que anda pelas sombras e se disfarça igual uma camaleoa. Quem é você que chega a deixar de respirar para não fazer barulho. Quem é você que tem tantos nomes. Quem é você que nunca existiu nos registros oficiais. Quem é você que inventa tantas histórias e foge por completo das nossas memórias. Quem é você que não tem uma trajetória definida. Quem é você que se vale do de repente, de um tempo fugaz e volátil......
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26/06/2011 -
Reinventando a noite
De repente, ela reinventou a noite. E então as estrelas ganharam cabelos e blush. E então o vestido negro do céu foi customizado por nomes da alta costura. E então os vagalumes abusaram dos perfumes. E então a lua calçou sapatos altos e pisou no coração do sol. E então os sentimentos noturnos foram renovados. E então as flores, contrariando a própria natureza, abriram-se. E então as criaturas que vagam pela noite encontraram mais motivos para se apaixonar do que para assombrar alguém.
De repente, ela reinventou a noite. E então sussurros, suspiros e gemidos se abraçaram debaixo das cobertas. E então o sereno abençoou os amantes, que assumiram seus sonhos e desejos. E então palavras foram esculpidas em rochas de silêncio. E então os pecados foram praticados e confessados. E então os carregadores da noite tiraram das costas os fardos. E então os cometas foram cavalgados e as estrelas cadentes tomadas em drinques. ...
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25/06/2011 -
Quando o sol chegar
Depois de amanhã, quando o sol chegar, não vou sequer sair do lugar. Vou esperar na minha cama o futuro das ciganas, os amores de cabanas, as santidades profanas. Vou me emaranhar nas cordas de aço de um violão vagabundo, vou me embrenhar nas contas do seu coração moribundo. Vou esticar uma rende entre seus lábios e ficar ali tão perto tão quieto. Vou pedir uma canção inédita à primeira estrela que passar e, de verso em verso, vou lhe chamando para ficar e me amar...
E daí eu vou explodir, feito cigarra, de tanto cantar. Vou me jogar ao vento e deixar você ir buscar. Vou me espedaçar em mil palavras só para você me catar e me remontar. Sou seu quebra-cabeça. Sou seu pôquer das noites de terça. Sou seu passado, seu passatempo, seu pássaro. Sou sua palavra à toa, a roupa suja que ensaboa, o tom que destoa. Sou tudo isso e mais um pouco, mas, depois de amanhã, quando o sol chegar, não vou mais sair do lugar. ...
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24/06/2011 -
Rezando alto
Nossa Senhora de todas as cores, de todas as línguas, de todos os credos, de todos os povos, roga por nós. Auxiliadora da luz, do perpétuo socorro, do santíssimo sacramento, proteja-nos. Mãe que me guia, que me orienta, que me induz, abençoa-nos. Rainha de todos os reinos, terrenos e espirituais, temporais e atemporais, conhecidos e secretos, ampara-nos. Senhora das onze mil virgens e das coroas de doze estrelas, dos apóstolos e dos patriarcas, governa-nos.
Nossa Senhora de muitas súplicas, de muitas preces, de muitas rezas, de muitos silêncios, escuta-nos. Auxiliadora da vida e da boa morte, da sagrada família, das dores e das graças, consagra-nos. Mãe que tudo pode, que tudo vê, que tudo sabe, passa em nossa frente. Rainha que enfrenta o dragão, que expulsa o demônio, que dobra os joelhos dos pecadores, reina sobre nós. Senhora dos mantos azuis, dos anjos aos seus pés, das chuvas e dos sóis, defenda-nos. ...
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23/06/2011 -
Bahia, que bom...
Que bom é se perder nos acarajés de Amaralina, ser guiado pelo farol de itapuã e experimentar de todos os santos e pecados de São Salvador. Que bom é enfeitiçar e ser enfeitiçado num terreiro de candomblé. Que bom é cair nas graças de uma cocada-puxa, comer doce de jenipapo e abusar do dendê. Que bom é passar pelo rio vermelho de Jorge Amado e beber daquela boemia. Que bom é dormir ao som das canções de ninar de um mar que canta como Caymmi, Bethânia, Caetano, João Gilberto...
Que bom é rezar na igreja das escadarias e fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim e depois pedir a benção a uma das mães-de-santo mais afamadas da Bahia. Que bom é escutar Gilberto Gil no pelourinho e descer a baixa do sapateiro ao som de sanfoneiros. Que bom é encher os olhos de suas dunas brancas e a boca dos pescados da ilha de Itaparica. Que bom é ter uma plantação de coco no seu quintal. Que bom é experimentar os sabores da Feira de São Joaquim, almoçar a beira-mar e depois se entregar aos corais. ...
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22/06/2011 -
Uma data difícil de esquecer
Hoje, dia 22 de junho, era dia de meu avô levantar cedo, caprichar no penteado, tanto do cabelo quanto do bigode, passar um pouco a mais de perfume e abrir um sorriso largo. Era como menino em dia de aniversário: gostava de receber cumprimentos, de ser lembrado, de ganhar presentes, de fazer festa. Só não gostava de ficar mais velho, porém, como todos sempre lhe davam anos a menos ele se enchia de orgulho de ter a idade que tinha forte e jovem daquele jeito.
Passou a maioria de seus aniversários trabalhando no sítio que, de uma forma ou de outra, foi seu mundo mais lúdico. Tanto que assim como tem criança que escolhe um super-herói de gibi ou um personagem de desenho animado para ser tema de sua festa, meu avô escolhia sempre seu sítio. O sítio sempre foi o cenário de suas festinhas, regadas a churrasco, cerveja e passos de dança. Cenário perfeito, afinal, ele e o sítio eram um só há mais de setenta anos. Um casamento perfeito. ...
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21/06/2011 -
O trem do inverno
Bravo! Bravo! Chegou à estação mais esperada do ano. Ao menos, a mais esperada por este escritor. Não é a Estação Primeira de Mangueira. Também não me refiro à estação de trem da Liverpol Road, tampouco às estações de esqui da Áustria. Falo de uma estação que não é física, mas que tem efeitos concretos: uma estação climática chamada inverno. Inverno das fogueiras de São João e das noites longas e estreladas.
Tenho o frio, as montanhas, a chuva fina – quase que garoa – em meu DNA. Devia ter nascido no inverno, mas por alguns dias eu rompi a casca no outono. No inverno as comidas têm mais tempero, as roupas levam um charme a mais, os perfumes são mais encorpados. Isso sem dizer que no inverno os corpos sentem ainda maior necessidade de ficar colado um ao outro. Estação em que o calor humano é fundamental....
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