Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 135 de 320.

24/02/2013 - Doramento

Dói saber que a dor do mundo lhe corrói numa doração sem começo, sentido ou fundo. Dói não compreender a razão de se estar nessa vida a esperar por milagres, por surpresas ou pela própria morte. Dói estar aqui e a ali ao mesmo tempo e, na verdade, não estar em lugar algum. Dói ter os pés presos ao chão e a cabeça nas nuvens. Dói ver o tempo, com oportunidades e saudades na bagagem, passar e se perder da sua vista. Dói o florista passar direto por sua porta. Dói toda descrença. Dói saber que ninguém se importa com sua dor. Dói saber que se pode viver perfeitamente sua presença. Dói terem o amor como um vírus, uma cólera, uma doença....
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23/02/2013 - Liberte-se

Chega de escravidão, de submissão, de resignação. É hora de quebrar as correntes, de entortar os grilhões, de fugir as prisões reais e imaginárias. Basta de se curvar aos senhores de escravos, dos mansos aos bravos. Basta de ter seu destino traçado. Basta de viver feito pássaro engaiolado. Asas foram feitas para ser abertas. Liberdade foi feita para ser vivida e não mantida em cativeiro em constituições empoeiradas. A escravidão na vida, na religião, na rua, no trabalho, no coração, judia, castiga, chicoteia, esfola, mata......
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22/02/2013 - Mojubá

Mojubá uma saudação, um louvamento, um título. Mojubá é uma expressão que faz referência ao começo de tudo e ao infinito. Mojubá está ligada ao mensageiro supremo, ao comunicador nato, ao falante. Mojubá indica grandeza, respeito, reverência. Mojubá redimensiona suas atitudes, sonhos e ações. Mojubá é uma expressão que quer dizer mil coisas: De “apresentando meu humilde respeito” a “bem-vindo à roda”. Mojubá é uma roda viva, movimentada pela força da criação.

Mojubá é onde está o axé. Mojubá é o vem em primeiro lugar. Mojubá é a ponte entre o material e o astral. Mojubá é a irreverência, a alegria, a sensualidade das coisas. Mojubá é o culto à fertilidade de ideias e sentimentos. Mojubá é sutileza e astúcia. Mojubá é o que provoca, o que inspira, o que constrói, desconstrói e reconstrói. Mojubá é o que lhe satisfaz, é o que lhe encontra, o que lhe liberta. Mojubá é o que abre, destranca e ilumina seus caminhos.


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21/02/2013 - Acorda Mangueira

Mangueira, acorda Mangueira, cadê o tambor? O silêncio reina soberano na avenida sem o seu fervor, o seu fervor Mangueira. É hora de bater tambor. Tambor verde. Tambor rosa. O trem da fantasia precisa sair da Estação Primeira para o mundo, perdido em desamor e solidão. Está na hora do coração folião fazer a diferença, de Mangueira marcar presença, transformando a cidade num enorme barracão de alegorias e enredos. Que cada corpo branco, preto, mulato seja uma extensão da quadra de Mangueira, de segunda a segunda-feira....
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20/02/2013 - Quero ser nada

Quero ser nada, como o vento da volta que sopra de mãos vazias depois de espalhar sementes e notícias pelos trópicos. Quero ser nada, feito folha que cai sem vontade de ficar presa a lugar algum. Quero ser nada, a exemplo da lua nova que submerge sem cor pela escuridão. Quero ser nada, feito agenda de preguiçoso. Quero ser nada, no melhor estilo de uma prece sem fé. Quero ser nada, seguindo por aí feito boca de quem não come há dias. Quero ser nada, como teoria que não leva a lugar algum.
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19/02/2013 - Uma ilha, por favor

Todo sonhador sonha morar em uma ilha. E eu sonho em viver num desses pedaços de terra desconexos dessa massa continental. Independentemente da distância e do tamanho, uma ilha é sempre uma ilha. Por mais perto do continente que esteja, só de estar em uma ilha viverei a sensação de ter água por todos as lados, de estar isolado de tudo e de todos, de ser uma espécie de náufrago, de sobrevivente, de explorador do desconhecido.

O sonho de habitar uma ilha pode não ser original ou pertinente, mas tem estilo. De preferência, quero uma ilha antiga, dessas tradicionais, com coqueiros e mata virgem. Nada de ilhas badaladas, com festas e resorts. Quero uma ilha que seja cúmplice da minha poesia mais pura e dos meus sentimentos mais selvagens. Sonho com uma ilha com dias de sol escaldante, tardes de tempestade e noites com brisa por todos os cantos. ...
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18/02/2013 - Doutor, meu cachorro...

Doutor, meu cachorro conversa numa língua estranha. Doutor, meu cachorro anda feito gente, totalmente ereto apoiado apenas em duas patas. Doutor, meu cachorro dança rodando para lá gingando para cá. Doutor, meu cachorro me fecha do lado de fora de casa. Doutor, meu cachorro quer tomar café antes de mim. Doutor, meu cachorro tem um quê de extraterrestre. Doutor, meu cachorro fica pendurado no telefone. Doutor, meu cachorro dá risada.

Doutor, meu cachorro tem visão de raio-x. Doutor, meu cachorro sonha alto. Doutor, meu cachorro fala dormindo. Doutor, meu cachorro tem olho que muda de cor. Doutor, meu cachorro é voyeur. Doutor, meu cachorro come tempero. Doutor, meu cachorro comete os sete pecados capitais. Doutor, meu cachorro vê televisão. Doutor, meu cachorro tem um caso de amor com o poste de luz. Doutor, meu cachorro tem medo de ladrão.


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17/02/2013 - Eu não sou, eu não quero

Eu não sei o seu nome. Eu não conheço o seu endereço. Eu nunca vi o seu rosto. Eu não lhe tenho apreço. Eu não quero saber das suas ideias. Eu não me importo com seus sentimentos. Eu não tenho intenção alguma em lhe ajudar. Eu não sou remédio para sua dor. Eu não tenho ouvidos para suas reclamações. Eu não espanto os seus fantasmas. Eu não junto os seus pedaços. Eu não sigo seus passos. Eu não faço o que você gosta. Eu não pinto o seu sete. Eu não escrevo as suas histórias.

Eu não sou o seu bicho. Eu não sou do seu tempo. Eu não respeito sua opinião. Eu não vou até você. Eu não faço seus gostos. Eu não durmo na sua cama. Eu não vivo a sua vida. Eu não quero seu bem, tampouco seu mal. Eu não sei o que é certo ou errado para você. Eu não lhe chamo. Eu não bebo seus dramas. Eu não danço sua música. Eu não digo adeus quando você parte. Eu não descubro seus segredos. Eu não quero lidar com seus problemas. Eu não lhe dedico um só verso dos meus poemas.


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16/02/2013 - E se um meteoro...

E se um meteoro se chocasse contra a Terra, o que seria da delicadeza dos sambas de Paulinho da Viola? E se um meteoro se chocasse contra a Terra, nossas paixões teriam o mesmo fim dos dinossauros? E se um meteoro se chocasse contra a Terra, quem descobriria tantos poemas que atualmente estão no fundo das gavetas. E se um meteoro se chocasse contra a Terra, quantas maçãs deixariam de ser mordidas por Evas?

E se um meteoro se chocasse contra a Terra, quem defenderia o pavilhão da Estação Primeira de Mangueira? E se um meteoro se chocasse contra a Terra, os palcos ficariam vazios de dramas, de comédias, de suspenses e de outras tramas? E se um meteoro se chocasse contra a Terra, quem encontraria os nossos corações fossilizados? E se um meteoro se chocasse contra a Terra, amantes se perderiam de vez de suas amadas?...
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15/02/2013 - De em de

De guerra em guerra, o mundo fica em paz. De seca em seca, a semente se guarda pra chuva. De casamento em casamento, faz-se a viúva. De tapa em tapa, o amor se refaz. De sufoco em sufoco, o alívio chega. De rotina em rotina, nasce um tempo louco. De palavra em palavra, ele a beija. De adeus em adeus, há o recomeço de tudo. De fantasia em fantasia, cresce um mundo paralelo. De espelho em espelho, o reflexo fica mais belo. De espada em espada, procura-se um escudo.

De cão em cão, acha-se um gato. De queijo em queijo, faz-se o rato. De vento em vento, trocam-se as estações. De sonho em sonho, encomenda-se um pesadelo. De rua em rua, um atropelo. De novelo em novelo, a velha tece uma cidade. De canções em canções, inverte-se a realidade. De reza em reza, um apelo. De distância em distância, um entrevero de saudade. De centavo em centavo, dá-se uma fortuna. De paixão em paixão, forja-se o sentimento escravo.


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