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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 113 de 320.
29/09/2013 -
Seu Antônio Catireiro
Seu Antônio Catireiro chega batendo as mãos e os pés. E é nessa batida que ele se comunica, conversa e versa. Seu Antônio Catireiro conta causos de fé, de bicho e de mulher. Sapateando pra lá e pra cá, com seu cateretê seu Antônio só falta fazer chover.
Seu Antônio Catireiro já foi carreiro, roceiro, relojoeiro e taxista, mas foi na batida da catira que ele virou artista de janeiro a janeiro. É nessa batida que ele chega pra mor de cuidar, de encantar, de festejar... Sinônimo de alegria, seu Antônio Catireiro vem na cantoria. ...
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28/09/2013 -
Menu reforçado
É bom caprichar no bife acebolado porque hoje vai ter trabalho dobrado. Mas nada de exagero para não virar prisioneiro da preguiça, que a tudo e a todos enguiça. Coma por dois para depois trabalhar por quatro. No prato, muito arroz, feijão com calabresa, e uma dose extra de sobremesa. E antes de sair da mesa, suspire fundo para enfrentar o mundo. O mundo da fome, o mundo do lobisomem, o mundo que some, o mundo que nos come, o mundo de tantos nomes...
É bom tomar muita água para encarar o sol, que mata mais do que repercol. Por mais apaixonado na branquinha ou na amarelinha, deixe a cachaça de lado sem faze graça ou gracinha. E vamos pelo tempo pardo tomar o trem da vida, cada um com seu fardo, cada qual com sua lida. E vamos em frente quebrar pedras e correntes com nossos bicos de papagaio. E vamos puxar a carruagem do tempo, e vamos arrastar o contêiner de sentimento, e vamos de taio em taio, de cara para o vento...
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27/09/2013 -
Agradecido
Agradeço pelas dificuldades que me forjaram mais forte do que podiam imaginar. Agradeço pelos golpes que me preveniram sobre tudo e sobre todos. Agradeço pelas quedas que me ensinaram a levantar. Agradeço pelas tristezas que me fizeram valorizar os momentos de felicidade. Agradeço pelas secas que me fizeram delirar com a chuva, sentindo-a antes mesmo de sua chegada.
Agradeço pelas saudades que não me deixam esquecer quem fui, quem sou. Agradeço pelos obstáculos que me levaram a superar os meus próprios limites. Agradeço pelo tempo que me trouxe, ao seu tempo, sabores mais que especiais. Agradeço pelo silêncio que não me disse nada de errado na hora errada. Agradeço pela cegueira diante do que eu ainda não pude ver. ...
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26/09/2013 -
Tolice
Por que insistimos em nos ferir, em nos agredir, em reagir ao amor que emana de diferentes pontos? Insistimos nas trincheiras, nos ataques, no conflito puro e simples sem razão alguma de ser e, até mesmo, de acontecer. Por quê? Insistimos em agressões baratas que custam tão caras no final das contas e por quê? Porque somos tolos insistimos em machucar, em maltratar, em golpear de forma baixa quem sempre nos colado para o alto.
Por que insistimos em trocar farpas quando deveríamos dar e receber o que há de melhor em cada um de nós? Insistimos em remoer o que já está pra lá de moído, em ressuscitar fantasmas e provocar uma guerra zodiacal. Por quê? Insistimos em destruir, em ruir, em fugir quando devíamos edificar, restaurar e encontrar, e por quê? Porque somos tolos insistimos em falar e ouvir o que não se deve, fazendo de nossas línguas e ouvidos armas mortais.
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25/09/2013 -
Passarê
O bem-te-vi chegou dizendo que te viu, que te viu. O pardal chegou aos pulos, daquele jeito apressado de sempre. O sabiá chegou estufando o peito. O anu chegou já se dependurando na cerca. O pássaro preto chegou e foi logo se multiplicando pelo chão. O azulão chegou todo blue. O caboclinho chegou brejeiro arrumando seu espaço. O fogo-apagou chegou dando notícia do fim do fogo, mas cheio de fogo. O mutum chegou cheio de medo e ficou só na espreita. A gralha chegou querendo chamar atenção. A cigana chegou sem achar parada. ...
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24/09/2013 -
Um novo amanhecer
Que hoje se faça um novo amanhecer por todo o meu ser. Um novo amanhecer capaz de me mostrar novos caminhos e direções. Um novo amanhecer de dentro pra fora, despertando o que há de melhor em mim. Que hoje se faça um novo amanhecer iniciando assim uma nova existência. Um novo amanhecer em matéria de ensinamentos e práticas. Um novo amanhecer com energias benditas e transformadoras.
Que hoje se faça um novo amanhecer entre castelos e espaçonaves. Um novo amanhecer que caminhe por todo o meu íntimo. Um novo amanhecer imaterial e abstrato e, ao mesmo instante, real e concreto. Que hoje se faça um novo amanhecer como nunca dantes visto e vivido, e quiçá sonhado por mim. Um novo amanhecer que me projete a luz do meu merecimento e me preencha da chama que para perto me chama. ...
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23/09/2013 -
Quantitante
Por quantas vidas eu passei? Quantas memórias eu deixei? Por quantos caminhos eu sonhei? Quantos corpos eu habitei? Por quantas estradas eu me larguei? Quantas promessas eu quebrei? Por quantos labirintos eu adentrei? Quantos sonhos eu plantei? Por quantas vezes eu falhei? Quantas esperanças eu fecundei?
Por quantos erros eu acertei? Quantos corações eu queimei? Por quantas semanas eu jejuei? Quantas histórias eu apaguei? Por quantos céus eu voei? Quantas bocas eu calei? Por quantos destinos eu naveguei? Quantas guerras eu ignorei? Por quantas linhas eu cruzei? Quantas personagens eu matei? Por quantos nomes eu atuei?...
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22/09/2013 -
Sabores de domingo
O domingo amanhece com molhos de tomate borbulhando no fogo baixo. Molhos que mais tarde darão vida às famosas macarronadas. Os frangos giram 360° nas máquinas em frente a padarias, açougues, quitandas. O homem sai em busca do carvão, que logo mais vai ser queimado em uma churrasqueira no quinta. Asinhas, linguiça, cupim, picanha e até dúzias de pão de alho se oferecem aos espetos. A mesa do café da manhã ganha pães, bolos, tortas e jornais e revistas. E o açúcar vai caramelizando enquanto os pensamentos já se vão pela sobremesa. ...
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21/09/2013 -
Anda daqui, cisca dali, zanza de lá
Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O rei caiu. O dragão comeu a princesa. O sapo ficou pra sempre sapo. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O mundo virou. A terra tremeu. O apocalipse nunca terminou. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O cupido flechou. O menino feriu. A menina correu. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O vento bateu. A boca calou outra boca. O sino parou.
Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. Fulano maldou. Ciclano esqueceu. Beltrano sumiu. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. Teve crime na esquina. E ele não chegou para o jantar. E ela esperou com fome na janela. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. A promessa acendeu. A solidão queimou em feitio de vela. A fantasia se abriu. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá....
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20/09/2013 -
E o coração alado...
E o coração alado finalmente ultrapassou os limites da garganta, marcando a língua portuguesa com seu gosto lírico antes e partir. E o coração alado ganhou a noite, voando entre estrelas de néon e luas de batom. E o coração alado abriu suas asas ao sexo dos anjos por entre nuvens de algodão e céus de crepom.
E o coração alado, para ganhar fôlego para novos vôos, equilibrou-se em sacadas. E o coração alado ultrapassou as fronteiras físicas chegando aos planos da imaginação. E o coração alado passou por canteiros, por borbulhas, por deslizes, por palavras de amor, por espumas ao vento. ...
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