Daniel Campos

Prosas

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29/10/2013 - Suas mulheres

Quantas, quantas, quantas são as mulheres que lhe habitam? Quantas mulheres transitam dentro de seu corpo? Quantas mulheres imitam as suas mulheres sem sucesso? Quantas mulheres seus olhos enxergam no espelho? Quantas mulheres não chegam aos seus tornozelos? Quantas mulheres você alimenta?

Princesas, sereias, feiticeiras, gregas, ciganas... Mulheres possíveis e impossíveis... Mulheres reais e de ficção... Mulheres-meninas, mulheres-garotas, mulheres-moças... Cinderelas, rapunzéis, belas adormecidas... Mulheres de direito e mulheres de fato... Mulheres de entrelinhas e capas de revista......
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28/10/2013 - Tempo diferente

Tem que haver um tempo diferente, um tempo onde a gente possa ser da gente. Um tempo onde a tristeza dê um tempo. Um tempo pra frente em matéria de sentimento. Um tempo onde tudo que a gente sonhou realmente possa existir. Um tempo em que a preocupação não seja cair e levantar, mas voar e voar e voar. Um tempo sempre nascente, onde a gente possa tentar viver de um jeito candente.

Um tempo al dente, sem relógios ou calendários. Um tempo onde a gente seja mais, muito mais do que um peixinho de aquário. Um tempo crescente e sem limite. Um tempo somente pra gente. Um tempo que quite a dor da gente. Um tempo convite. Um tempo que exista para além da na nossa mente. Um tempo ardente mesmo quando lá fora não está quente. Um tempo diferente no sentir e agir da gente.


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27/10/2013 - Não sou notícia

Eu não me encontro nas manchetes dos jornais. Não estou nas capas das revistas. Não sou notícia. Não sou notícia. Sou apenas um verso que segue ao sopro do vento. Ando de boca em boca. Faço eco em certos ouvidos. E até me enrosco em algumas gargantas. Mas eu não estou nas rodas de conversa. Não estou no papo do bar. Não sou mote de discussão conjugal. Não sou notícia. Não sou notícia. Eu não sou seguido nas redes sociais. Não sou vinheta de televisão. Não estou na freqüência da polícia. Não sou notícia. Eu não sou notícia. ...
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26/10/2013 - Vamos fugir

Vamos fugir do verbo imediatamente. Vamos fugir a sós e de repente. Vamos fugir para uma ilha deserta, para uma montanha encantada, para alguma civilização esquecida. Vamos fugir sem parar. Vamos fugir sem pensar. Vamos fugir levando apenas eu e você na bagagem. Vamos fugir ouvindo aquela canção que fizeram para nós. Vamos fugir para um tempo possível. Vamos fugir sem celulares, sem cartões, sem agendas.

Vamos fugir rumo ao que ainda nos espera. Vamos fugir de avião, de canoa, de cometa, de bicicleta. Vamos fugir para um lugar prometido. Vamos fugir de tudo o que nos separa. Vamos fugir seguindo as estrelas. Vamos fugir para o era uma vez e o felizes para sempre. Vamos fugir sem pensar no que haverá depois. Vamos fugir para cumprir nosso destino. Vamos fugir sem deixar migalhas de pão pelo nosso caminho. ...
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25/10/2013 - Temporações

Não, não, não desanime. Nem mesmo quando a estrada parece não ter saída. Contra tudo e contra todos, acredite que tudo um dia será possível. Pense sempre que o amor foi feito para ser vivido. Livre-se dos medos, dos limites, dos “ses”. Tenha fé ou qualquer outra coisa que lhe leve a ir, a seguir, a prosseguir rumo ao que lhe destina. E que tudo dê certo no tempo mais incerto. Não planeje, não se amarre, não coloque tudo a perder. Tudo será sempre do jeito que foi feito para acontecer.

Não complique ou descomplique absolutamente nada. Viva como tiver que viver. Não adianta subornar, sequestrar, burlar o tempo. Ele se faz de flexível, mas no fundo no fundo é completamente irredutível. Não bata de frente com ele, pelo contrário, se entregue a ele de coração aberto, confessando seus desejos, suas vontades. Mais dia menos dia o tempo vai virar. O tempo sempre vira. E ao contrário de reclamar, blasfemar e se zangar, pegue esse tempo virado a pêlo e o chame para bailar.


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24/10/2013 - Lua e lua

Ela conversa com a lua como se conversasse com alguém de carne e sonhos como ela. Fala de suas caminhações, de suas intenções e até mesmo de suas paixões. Conversa horas a fio em feitio de melhores amigas. E não meia vez para se zangar com quem faz gracinhas do tipo – e a lua lhe responde? Ora, não há melhor conselheira do que aquela criatura empalidecida feita de tantas e quantas fantasias próprias e alheias. Por isso, ela faz da lua sua confidente, seu diário a céu aberto, seu travesseiro...
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23/10/2013 - Para dormir

Para dormir, ela conta carneirinhos, pede sono pro seu protetor e canta baixinho uma canção de amor. Para dormir, ela faz beicinho, abraça o lençol e vira o travesseiro. Para dormir, vai fundo nas lembranças, volta ao tempo de criança, cria um espaço vazio e se joga nele. Para dormir, ela busca o lado mais escuro do quarto, inventa histórias de ninar e pede calma. Para dormir, ela toma calmantes naturais, imagina mensagens zodiacais e cede às tentações.

Para dormir, ela revive contos de fada, brinca de cinema mudo, apaga os vagalumes ao seu redor. Para dormir, ela traz a lua para perto, brinca com as estrelas, afasta todos os pensamentos negativos. Para dormir, ela embrulha a cabeça, pede um tempo aos fantasmas, ilude-se com promessas e planos impossíveis de serem cumpridos. Para dormir, ela inverte a lógica das coisas, muda o sentido da estrada e tenta um acordo indecoroso com o tempo.


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22/10/2013 - Um violão

Ele amanheceu, passou a mão no violão e saiu pelas ruas buscando um motivo para dedilhar aquelas cordas. Um bêbado, de ressaca solitária, quis fazer coro em uma canção que não se lembrava da letra. Uma moça, vestida para sonhar, pensou que seria capaz de inspirar uma composição. Um velho, sentado na sarjeta, desandou a falar como se o do violão tivesse obrigação de cantar sua história.

Subindo e descendo pelo mundo das notas, o cantor foi passando por donzelas nas janelas, por moças de louças, por ciganas de porcelana, por amantes dissonantes... E um garoto soltando pipa tentou dar linha, ou a linha, para a música que estava por vir. A mulher se esquivou do marido buscando um acorde só para ela. O florista procurou uma parceria de última hora. ...
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21/10/2013 - Dia desazulado

O dia amanheceu menos azul. Um dia mais cinza, mais desbotado, mais triste. Um dia descorado. O azul vivo, que brincava em seus tantos tons e semitons, não apareceu. Um dia surgido como uma caixa de lápis de cores sem os azuis. Falta azulidade. O azul não pulsa mais. O azul não canta mais. O azul não vira mais de ponta cabeça. O azul não escorrega, equilibra ou salta mais pelo seu céu particular.

Ao contrário do que muitos diziam, o azul tinha coração. Um coração de asas inquietas. Um azul que gostava de voar, de ralhar, de dançar desafiando a gravidade. E agora, por onde anda o azul? Podem procurar pelos cantos e contracantos do dia empalidecido. O azul bebê, o azul feminino, o azul pássaro e outros tantos azuis se perderam de uma só vez, deixando tudo e todos num silêncio desazulado.


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20/10/2013 - Meus quatro caveleiros

Desde sempre, toda noite, antes de dormir, rezava pelos meus quatro avós. Rezava para que nada de ruim acontecesse com eles. Rezava agradecendo por tê-los perto de mim. Rezava para que eles continuassem vivos. Liberato e Adélia e, Antônio e Ofélia, foram durante minha infância, juventude e início da fase adulta meus quatro cavaleiros. Aqueles que estavam sempre comigo. Cada qual com seu jeito, com suas características e particularidades, me ensinaram, me forjaram, me amaram. Quatro caminhos que se cruzaram, de formas distintas e bonitas, no meu caminhar. ...
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