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Encontrados 254 textos. Exibindo página 13 de 26.
19/08/2008 -
Perfuma geral
A Índia, segundo país com maior número de habitantes do mundo, recorreu a uma prática inusitada para acabar com o mau cheiro causado pelos lixões. O governo está borrifando perfume nesses depósitos a céu aberto para tentar reduzir o fedor que castiga os moradores das redondezas. A essência, produzida à base de ervas, é pulverizada todos os dias. E não é que os moradores estão satisfeitos com o resultado.
Diante deste fato, sugiro que o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas, as Câmaras Municipais, o Palácio do Planalto, as sedes dos governos estaduais, os ministérios, as prefeituras e tudo o que emana esse fedor político que é produzido no Brasil seja pulverizado com perfume semelhante pelas forças extraordinárias. Eu não agüento mais esse cheiro pútrido que exala dessa politicagem feita em benefício próprio. Corrupção cheira mal, nepotismo cheira mal, mentira cheira mal, falta de compromisso com o eleitor cheira mal... ...
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31/05/2015 -
Perfumaria caipira
Cheiro de campo. De casa de fazenda. De pasto novo. De alfazema. De hortelã. De terra orvalhada pela manhã. De café e brasa no mesmo fogão. De toucinho no fumeiro. De janela de madeira. De capim molhado. Perfume de goiaba madura. De manga no pé. De pitanga vermelhinha. De banana pintadinha. Cheiro de espiga de milho. De gado. De curral. De carroça. De cipó. De jabobá. De flor de laranjeira. De trepadeira. De rosa menina. De rosa de roseira. De ninho. De barro. De lama de chiqueiro. De galinha e galinheiro. De banha de porco. De torresmo. De leite encorpado. De bolo de fubá com erva-doce. De porteira aberta. De porteira fechada. Fragrâncias de canteiro. De alecrim. De manjericão e manjerona. De alfavaca. De tomilho. De cheiro-verde. De tomate. De couve. De rúcula. De almeirão. Aroma de água de mina. De água corrente. De água de açude. De água de poço. De água de chuva. Cheiro de sol raiado. De lua cheia. De sereno de São João. ...
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24/11/2014 -
Perfume da memória
De vez em quando, sobe um cheiro de mato pelos confins do meu tempo. Perfumes de capim molhado, de raiz forte, de fruta madura vão se misturando pelo estradão das minhas memórias. Tudo vai ficando tão nítido e tão perto novamente de mim. É como se eu vivesse uma época que já não existe aqui do lado de fora. A essência da terra molhada vai calando lá no fundo das minhas lembranças. Numa chuva volto a ser criança, menino-sonhador. Fecho os olhos e vejo um latido fazendo festa, cheirando a cachorro molhado, chacoalhando a chuva que tomou. O galo canta limpo, como se a água limpasse sua garganta. As pererecas fazem festa, assim como os sabiás, bem-te-vis, curiós. O joão-de-barro já prepara a reforma da sua casa. A galinha chama os pintos pra debaixo de sua asa. A pitanga, o caju, a jabuticaba vão ganhando ainda mais gosto no pé. O vento vai regendo a perfumaria. Um balé de cheiros entranhado no meu temporal que a chuva, outra vez, coloca em pleno movimento.
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31/10/2012 -
Periquito na goiabeira
Na beira da ladeira, o periquito na goiabeira faz estardalhaço. Azul, verde, amarelo, ora tem asas ora tem braços. Equilibrista de penas, artista da canção, faz do bico sua mão. Ginga para cá, balança para lá, segura ali, volteia aqui. Periquito guarani, fala tupi e tem olhos de organdi. Periquito que não dá bola pra colibri, sabiá, bem-te-vi... Periquito, periquiteiro, periquitiá. Se lambuza do vermelho de uma goiaba que nunca acaba. Enrosca no cabelo da mulher, e vai jogando ao chão as sementes à moda de um bem-me-quer malmequer. Periquito assanhado, que barulha em feitio de namorado. Periquito artista, que pelas folhas da goiabeira vai fugindo das nossas vistas. Periquito que fala estralado, do zóio de ametista. ...
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16/02/2014 -
Permissão
Permita-me passar o restante dos meus dias como seu, seu na mais completa junção de ser e ter que se pode viver. Permita-me querer-te um pouco mais a cada dia de modo que entre a gente não haja qualquer ideia ou manifestação de monotonia. Permita-me fazer-lhe feliz de um modo como até hoje nunca me quis, fazer-lhe feliz tão feliz como imperatriz dos dias meus. Permita-me transformar por você todo sonho em realidade, pois com você toda fantasia tem que ser vivida na mais repleta vivacidade. Permita-me enlouquecer e poder viver essa loucura que é você num mais que completo querer. Permita-me doar tudo o que eu sou de melhor, faça proveito do meu eu mais que apaixonado, oferecido e doado a você sem qualquer restrição. Permita-me exercer o amor em todas as suas formas e conceitos nesse amor eleito para ser épico, extraordinário, tema de documentário. Permita-me embrenhar-me por todo seu ser ficando a me perder e a me achar cada vez mais no universo de você. Permita-me saltar sem paraquedas em seus olhos sem temer a queda. Permita-me construir um novo verbo que defina o que é esse se deixar possuir sem esboçar qualquer resistência. Permita-me descobrir o que é há reservado para nós, só para eu ter a certeza de que os lençóis da lua são para gente. Permita-me ficar a sós com tudo que há de nós desde que você fique comigo. Permita-me ser de todo romantismo e amar-lhe sem nenhum negativismo. Permita-me pulsar contigo na trilha sonora do que somos um pelo outro. Permita-me ser permitido em você sem contraindicação. Permita-me ter a sua permissão para que eu possa ir além da imaginação.
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30/01/2014 -
Perna no mundo
Botar a perna no mundo. Viajar sem saber para onde. Pegar o primeiro avião. Ser abduzido. Navegar de olhos vendados. Sequestrar, raptar, levar ao infinito de qualquer jeito, a qualquer custo, sem medir consequências. Pegar um foguete rumo à lua. Carregar e pedir colo pela estrada afora. Laçar a cauda de um cometa. Ir ao encontro do que lhe espera. Seguir os ponteiros da bússola-coração. Ir sem medo. Deixar-se o mistério lhe levar. Montar em um cavalo encantado ou num pássaro de fogo. Seguir uma estrela de chocolate. Desenhar o próprio destino. Embarcar no trem da imaginação. Tomar fôlego e mergulhar num desejo sem fundo. Morar nos braços do vento. Boiar no céu. Volitar com quem já se foi. Botar a perna no mundo.
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15/05/2015 -
Pernas ao inverno
Como garça na Antártica, ela caminha com suas pernas desnudas pelo chão de inverno, entre o vento e o relento. Muitas passam de casacos e cachecóis, com botas, peles e lãs. São texturas e pesos fazendo moda. Porém, ela vem de shortinho e sandália de dedo como se estivesse no verão, entre as areias da mais quente estação. Dizem que ela é exibida, aparecida, convencida, mas ela nem é assim desinibida. Surge num rosto corado de frio como que de rouge, mas com as pernas rosadas, entre a palidez da lua e o douro dos trigais das estradas. Desperta desejos daqueles que dariam a vida para cobrir aquela pele lisa e aromática de beijos e ensejos. Caminha sem se importar se é olhada, mas sabe que desde que fechou a porta de casa vem sendo devorada. Entre uma ave rara e uma égua nunca celada ela avança pelas ruas, como que nua, como que quem dança, como quem faz arte e é inocentada por ser criança. Já era bem crescida, mas ainda bem-vinda numa ingenuidade de infância, numa ânsia de malícia, como que um flerte no meio da santa missa. Vem com short curto causando espanto, encanto, susto e quebranto. Vem deixando o mundo louco, largando os gritos roucos, querendo ser pouco sendo tanto. Diante de suas pernas, o frio do inverno se aperta.
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10/10/2009 -
Perpetuum mobile
Eu queria não correr, encontrar um jeito de viver mais devagar. O mundo passa por mim e eu sou obrigado a segui-lo mesmo querendo ficar um minuto A mais. E é por isso que amo intensamente, amando demais. O mundo se alimenta de mim: dos meus sonhos, das minhas fantasias. E eu vou assim, feito cegonha e querubim, morrendo com as noites, renascendo com os dias. O que era para ser prazer tornou-se uma agonia, uma ebulição delirante. E é preciso ser cada vez mais constante num mundo inconstante, volúvel, volátil. Viver a correr é sobreviver e sobreviver não é fácil. Se ao menos existisse um jeito de viver em slow motion. Mas a vida não é feita no escurinho do cinema. A vida é um poema sangrando. A vida é um coração latejando, um moto-contínuo. Um desatino completo, o encontro do velho e do feto num tempo nem sempre predileto. Dentre tantas idas e vindas de pensamentos e sentimentos, a vida é um movimento perpétuo. ...
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01/10/2014 -
Perto de você
Perto de você, sou forte. Perto de você, sou eu. Perto de você, sou mais. Perto de você, sou melhor. Perto de você, sou tudo. Perto de você, sou único. Perto de você, sou par. Perto de você, sou completo. Perto de você, sou carnívoro. Perto de você, sou chuva. Perto de você, sou íntimo. Perto de você, sou aventureiro. Perto de você, sou chama. Perto de você, sou latente. Perto de você, sou sol se pondo. Perto de você, sou puro. Perto de você, sou distante do medo. Perto de você, sou invencível. Perto de você, sou feliz. Perto de você, sou metade de você.
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Perturbadora
Cumprindo uma espécie maldição, ela estava lá. No mais improvável do improvável, lá estava ela. E pior, ele nem sabia quem ela era. Mas sabia que ela o seguia, mesmo sendo a primeira vez que a via. Talvez ela já aparecesse de outras formas, de outros jeitos, mas com o mesmo frio na sétima vértebra. E ele era supersticioso por demais. Aliás, tudo dele era por demais. O nervosismo levava as unhas, como cordeirinhas, a sua boca. Mas dali a pouco ela iria embora. Afinal, eram tantos ônibus, tantos trens, tantos aviões, tantos submarinos que poderiam levá-la para longe. Tudo acabaria em alguns poucos segundos. Não havia razão para tanto. Ou havia?...
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