Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 12 de 26.

03/12/2012 - Pássaros do axé

Amor, acordar amor, pelo furo da persiana olha o periquito no muro. Amor, vem ver amor, vem ver o azul petróleo do tiziu no meio fio. Amor, o agapornes subiu na gaiola e está lhe dando bola. Amor, tem jandaia na beira da sua saia. Amor, veja como é precoce a cacatua que se insinua pra Oxossi. Amor, espia a arara azul no telhado, ela e seu namorado. Amor, já é de manhã, vem saudar Nanã na cor do pintaroxo. Amor, a casa está mesmo que ver um viveiro. Amor, o pintassilgo subiu no coqueiro. Amor, a pombinha de nossa senhora não vai mais embora. Amor, pula miudinho acompanhando o pardal. Amor, a tesourinha pousou na janela. Amor, minha bela, me diga se o amarelo do tucano é de Oxum. Amor, o joão de barro está construindo no quintal. Amor, quem diria que era só no pantanal que tem tuiuiú? Amor, já reparou que o beija-flor brilha em feitio de carnaval. Amor, ai tem dó, vem aplaudir o curió. Amor, chegou, chegou o pichochó. Amor, acorda mulher, o garnisé já está cansado de tanto cocorocó. ...
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31/10/2012 - Periquito na goiabeira

Na beira da ladeira, o periquito na goiabeira faz estardalhaço. Azul, verde, amarelo, ora tem asas ora tem braços. Equilibrista de penas, artista da canção, faz do bico sua mão. Ginga para cá, balança para lá, segura ali, volteia aqui. Periquito guarani, fala tupi e tem olhos de organdi. Periquito que não dá bola pra colibri, sabiá, bem-te-vi... Periquito, periquiteiro, periquitiá. Se lambuza do vermelho de uma goiaba que nunca acaba. Enrosca no cabelo da mulher, e vai jogando ao chão as sementes à moda de um bem-me-quer malmequer. Periquito assanhado, que barulha em feitio de namorado. Periquito artista, que pelas folhas da goiabeira vai fugindo das nossas vistas. Periquito que fala estralado, do zóio de ametista. ...
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19/10/2012 - Princesa Janaína

Se princesa Janaina quiser falar comigo, pode vir, estou aqui. Ela pode falar o que tiver para falar que eu vou segui-la até a Cachoeira do Jaguar. Princesa Janaina é da falange de Mãe Yara, odoyá Iemanjá, rainha das águas, mãe dos peixes, senhora do mar. Princesa dos olhos claros de alma negra chega até minha estrada e com calma se aconchega fazendo dela sua morada. Entre o sim e o não, que ela manipule as forças que se deslocam das Sete Raízes para a minha evolução. O que me falta no material, princesa Janaina me dá no espiritual....
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15/10/2012 - Patrões

Eles são aqueles que não honram as bandeiras que empunham. Eles são aqueles que não praticam, em hipótese alguma, os discursos que vivem a fazer. Eles são aqueles que encontram prazer ao fazerem sofrer. Eles são aqueles que caminham de salto alto enquanto enchem a boca para falar de “povo”, “base”, “gente”, “categoria”. Eles são clichês ambulantes, estereótipos retros, revolucionários quando reformistas, burgueses com máscaras de operário. Eles falam em ideologia, mas só conhecem o amor dos robôs. Eles são os gritos de guerra fora das trincheiras. Eles são a tortura, a loucura, a usura e a face mais impura do ser humano. Eles são ilusionistas, falsários, lobos em pelo de cordeiro. Pela frente eles evocam o manifesto da liberdade e por trás, sustentam as grades do nosso cativeiro....
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13/10/2012 - Poeta

Poeta viajante, poeta andante, poeta navegante, poeta cavaleiro dos temporais. Poeta prisioneiros dos amores surreais, poeta dos solteiros, dos apaixonados e dos casais. Poeta al dente, poeta fruto, flor e semente. Poeta da chuva, poeta do vento, poeta do leste e do sul. Poeta alma, poeta sentimento, poeta sem calma, poeta verde, vermelho e azul. Poeta das entrelinhas, poeta do destino, poeta das meninas, poeta do caminho, poeta das encruzilhadas, poeta das noites enluaradas.

Poeta das porteiras, das cancelas, das portas, das janelas, dos portões, enfim, poeta de tudo o que abre ao coração. Poeta dos carrilhões de sinos, poeta menino, poeta deus, poeta da chegada, poeta do encontro e do reencontro, poeta do adeus. Poeta da maré cheia, poeta da luz que clareia, poeta da paixão que tonteia. Poeta de um cheiro, poeta faroleiro, poeta malandro, poeta dos meandros, poeta das horas certas e incertas. Poeta por natureza, poeta de vocação, poeta para a beleza. ...
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09/10/2012 - Por mais

Por mais que eu peça, não atenda. Por mais que eu queira, não faça. Por mais que eu sonhe, não durma. Por mais que eu defenda, não absolva. Por mais que eu escreva, não leia. Por mais que eu vá, não venha. Por mais que eu aplauda, não se renda. Por mais que eu me ofereça, não me devore. Por mais que eu grite, não escute. Por mais que eu brigue, não se envolva. Por mais que eu chame, disfarce. Por mais que eu dance, não acompanhe. Por mais que eu esperneie, não ceda.

Por mais que eu negue, confirme. Por mais que eu rasteje, voe. Por mais que eu suba, desça. Por mais que eu escureça, ilumine. Por mais que eu espinhe, floresça. Por mais que eu prometa, não cumpra. Por mais que eu abandone, agarre. Por mais que eu enlouqueça, fique lúcida. Por mais que eu atropele, socorra-me. Por mais que eu perdoe, peque. Por mais que eu abstraia, concretize. Por mais que eu pinte, borde. Por mais que eu regre, quebre. ...
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04/10/2012 - Pleonástico

Hoje eu acordei no escuro, no amanhecer do dia, com vontade de subir pra cima depois que terminasse de descer pra baixo. O noticiário me trazia a notícia, num panorama geral, de que um desconhecido anônimo teve uma hemorragia de sangue. Sim, ele sangrava sangue. Era chocante, mas era preciso encarar de frente essa realidade ou fugir para outro lugar. Outra informação me informava que o velho almirante, de idade avançada, ficara cego dos olhos. “Que tristeza”, sussurrei baixinho. O pior é que há muitos anos atrás, navegando pelos países do mundo, esse almirante da marinha já havia ganhado de graça um infarto do coração. Maluco da cabeça, um vizinho, que é viúvo da falecida, tentou suicidar a si mesmo. Porém, quando entrou pra dentro de casa decidiu adiar seus planos para depois. O que leva uma pessoa humana a fazer isso? Será falta de unanimidade de todos? ...
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27/08/2012 - Por onde anda a Justiça?

Por onde anda a Justiça? Será que anda por detrás dos espelhos dos prédios espelhados do Judiciário? Será que anda em silêncio entre uma batida e outra do martelo dos magistrados? Será que anda escondia sob as capas dos ministros do Supremo Tribunal Federal? Será que anda sufocada pelos títulos dos doutores da lei? Será que anda se equilibrando entre um prato e outro da balança? Será que anda cega por tantas vendas? Será que anda pelas lendas gregas de Têmis?

Por onde anda a Justiça? Será que anda perdida entre acusações e defesas? Será que anda pelos discursos do Ministério Público? Será que anda se promovendo pelas promotorias? Será que anda se procurando pelas procuradorias? Será que anda internada nos fóruns? Será que anda encubada em algum conselho? Será que anda indecifrável em algum Vade Mecum? Será que anda advogando em causa própria? Será que anda castigada por tantas injustiças?...
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19/08/2012 - Para o dia de hoje

Para o dia de hoje há previsão de sonhos cadentes, daqueles que caem no jardim da gente como estrelas desejadas, observadas por lunetas e bocas apaixonadas. Para o dia de hoje o impossível tende a ser possível no mais incrível conjunto de possibilidades que já se viu por essas cidades. Para o dia de hoje estão ensaiados atos e mais atos improvisados. Para o dia de hoje vestidos, bolsas e sapatos se tornam simplesmente dispensáveis, pois os destinos mais amáveis andam completamente nus.

Para o dia de hoje há uma inversão de papéis e sentidos revirando céus e assuntos proibidos. Para o dia de hoje trouxeram uma loucura especial, como daquelas que explodem no carnaval, no natal, no círio pascal. Para o dia de hoje as criaturas mágicas como fadas e feiticeiras estão no roteiro. Para o dia de hoje há uma trilha sonora recém-nascida. Para o dia de hoje há uma procissão de amantes seguindo rumo à consolidação do amor. Para o dia de hoje há previsão de mais e muito mais do que mais ousar sonhar.


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17/08/2012 - Preserve tudo o que é caro ao coração

Preserve tudo o que é caro ao coração. Os sonhos, os dias felizes e as matizes de esperança. As meninas e os moleques que não morrem jamais. O simples e o chique que forjam sua existência. Preserve tudo o que é caro ao coração. As noites bem dormidas, os beijos estalados, as maçãs proibidas. Os enredos épicos, as variações da beleza e tudo o que lhe dá leveza. Suas crenças, suas criações, suas canções. Preserve tudo o que é caro ao coração.

Os passos, as linhas, os ritmos, as rimas. Preserve tudo o que é caro ao coração. Uma bebida, um vício, um final feliz. Um ser fantástico, uma criatura mágica, uma dose de irrealidade. Um suspiro profundo, um cheiro, uma ardor, um lugar perdido no mundo. Preserve tudo o que é caro ao coração. Um toque, uma textura, uma silhueta. Um arranjo, um comichão, um sopro. Um retrato, um fato, o rasto de um sapato. Preserve tudo o que é caro ao seu coração. ...
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