04/10/2012 - Pleonástico
Hoje eu acordei no escuro, no amanhecer do dia, com vontade de subir pra cima depois que terminasse de descer pra baixo. O noticiário me trazia a notícia, num panorama geral, de que um desconhecido anônimo teve uma hemorragia de sangue. Sim, ele sangrava sangue. Era chocante, mas era preciso encarar de frente essa realidade ou fugir para outro lugar. Outra informação me informava que o velho almirante, de idade avançada, ficara cego dos olhos. “Que tristeza”, sussurrei baixinho. O pior é que há muitos anos atrás, navegando pelos países do mundo, esse almirante da marinha já havia ganhado de graça um infarto do coração. Maluco da cabeça, um vizinho, que é viúvo da falecida, tentou suicidar a si mesmo. Porém, quando entrou pra dentro de casa decidiu adiar seus planos para depois. O que leva uma pessoa humana a fazer isso? Será falta de unanimidade de todos?
Tanta tragédia desagradável justo no dia em que eu precisava entregar a última versão definitiva da minha própria autobiografia. Era preciso buscar ar para respirar, criar novos cenários. Buscar ajuda da inspiração. Eu e ela formamos uma ótima dupla de dois. Ainda faltava dar o acabamento final ao livro. E a editora ainda exigiu que eu comparecesse pessoalmente em seu escritório na tarde de hoje. Sorri um sorriso para mim mesmo e parti em busca da verdade verdadeira. Precisava colocar minha alto-estima no alto no dia em que iria estrear pela primeira vez como autor de um livro meu. Não podia me esquecer de no fim do livro colocar a conclusão final do elo de ligação que liga essa multidão de pessoas que convivem junto em mim. Se não conseguisse, iriam decapitar minha cabeça. Não queria ser um defunto morto, tampouco ter mais alguma surpresa inesperada neste dia.
E eu ainda precisava dar um jeito naquela goteira no teto antes da sala virar um mar salgado...
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