13/10/2012 - Poeta
Poeta viajante, poeta andante, poeta navegante, poeta cavaleiro dos temporais. Poeta prisioneiros dos amores surreais, poeta dos solteiros, dos apaixonados e dos casais. Poeta al dente, poeta fruto, flor e semente. Poeta da chuva, poeta do vento, poeta do leste e do sul. Poeta alma, poeta sentimento, poeta sem calma, poeta verde, vermelho e azul. Poeta das entrelinhas, poeta do destino, poeta das meninas, poeta do caminho, poeta das encruzilhadas, poeta das noites enluaradas.
Poeta das porteiras, das cancelas, das portas, das janelas, dos portões, enfim, poeta de tudo o que abre ao coração. Poeta dos carrilhões de sinos, poeta menino, poeta deus, poeta da chegada, poeta do encontro e do reencontro, poeta do adeus. Poeta da maré cheia, poeta da luz que clareia, poeta da paixão que tonteia. Poeta de um cheiro, poeta faroleiro, poeta malandro, poeta dos meandros, poeta das horas certas e incertas. Poeta por natureza, poeta de vocação, poeta para a beleza.
Poeta caboclo, poeta do muito e do pouco, poeta preto-velho, poeta das bocas de caramelo, poeta tupi, poeta irorubá, poeta que faz sorrir, poeta que faz chorar. Poeta do pranto, poeta do acalanto, poeta do quebranto. Poeta do norte, poeta de porte, poeta de sorte. Poeta das folhas de papel, das folhas do arvoredo, poeta do tarde e do cedo, poeta do chão e do céu. Poeta do sereno, poeta do profundo e do ameno, poeta do mundo e do fogaréu. Poeta da solidão, poeta da terra, poeta que acerta e erra, poeta da provocação.
Poeta dos santos e dos orixás, poeta dos bem-te-vis e dos sabiás, poetas da guerra e da paz. Poeta da cama, da chama, da dama. Poeta da loucura, poeta da mistura, poeta da miscigenação. Poeta da canção, poeta do som, poeta do assovio. Poeta do rio, do vazio, do estio. Poeta das almas benditas e malditas, poeta das tatuagens ditas, poeta das paisagens contritas. Poeta dos esconderijos, dos sonhos rijos, das bebidas, das palavras proibidas. Poeta do moderno e do eterno.
Poeta das estrelas solitárias e das constelações, poeta das estações, poeta das sublimações. Poeta do jardim, poeta curupira, poeta querubim, poeta da lira, poeta sem começo, meio ou fim. Poeta exu, poeta nu, poeta cru. Poeta do abajur. Poeta do achado e do roubado, poeta à frente e ao lado. Poeta enamorado. Poeta em postas, poeta que gosta, poeta que orvalha. Poeta do pacto, poeta do impacto, poeta da caneta em feitio de navalha. Poeta do trem, poeta do querer bem, poeta do vai-e-vem.
Poeta das corujas, poeta das cruzas de olhares, poeta das fugas, poeta dos mares. Poeta oceânico, poeta dos teares, poeta balsâmico, poeta do pânico. Poeta das profecias, poeta das previsões, poeta das vidências, poeta com e sem fantasia, poeta das sombras e assombrações, poeta das hipóteses e evidências. Poeta da inocência. Poeta do corpo-fechado, poeta do amanhã, do agora e do passado. Poeta do espanto, poeta do encanto, poeta do tanto. Poeta das oferendas e das fendas.
Poeta dos vilarejos, poeta dos retalhos, poeta dos beijos, poeta dos espantalhos. Poeta das ruas, das travessas, das peças, das nuas. Poeta do ar, poeta vagalume, poeta do âmbar, poeta do ciúme. Poeta dos sótãos e dos porões, poeta do colo, poeta do dolo, poeta dos botões. Poeta dos manuscritos, poeta dos aflitos, poeta em grito. Poeta menestrel, poeta papel, poeta do sal e do mel. Poeta em queda-livre, poeta da criação, poeta do aclive, poeta das linhas da mão. Poeta das enésimas, poeta das traineiras, poeta das falésias, poeta das paineiras.
Poeta sem parada, poeta dos lençóis, poeta da enseada, poeta dos sóis. Poeta do invisível, poeta das garras, poeta do falível, poeta sem amarras. Poeta dos laços, dos passos, dos contrapassos. Poeta que dança, poeta criança, poeta a pé, poeta mulher. Poeta dos marujos e das sereias, poeta das areias da ampulheta, poeta da coisa bem feita. Poeta da semeadura, da ilusão sem cura, da espera pela colheita. Poeta do que se levanta e do que se deita, poeta do que se acha e se encaixa.
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