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Encontrados 86 textos. Exibindo página 2 de 9.
13/03/2012 -
Fale-me
Fale-me. Fale-me de suas esperanças, de suas danças, de suas crianças. Fale-me dos piratas e dos astronautas. Fale-me das suas manias e da sua anatomia. Fale-me das suas emoções, das suas proposições, das suas divagações. Fale-me dos seus roteiros, dos seus paradeiros, dos seus cruzeiros. Fale-me do que passa agora pela sua cabeça, da sua sentença, do que a faz propensa. Fale-me dos seus medos, dos seus segredos, dos seus passaredos.
Fale-me. Fale-me do seu céu, do seu papel, da sua torre de babel. Fale-me das suas dificuldades, das suas saudades, das suas calamidades. Fale-me das suas bebidas, das suas partidas e das suas faces proibidas. Fale-me dos seus desertos e do que a deixa por perto. Fala-me das suas encruzilhadas e das suas ciladas. Fale-me dos seus projetos, dos seus prediletos, dos seus fetos. Fale-me dos seus carnavais e dos seus temporais....
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25/07/2013 -
Fale-me de amor
Não me fale de futebol, fale-me de amor. Não me fale de guerra, fale-me de amor. Não me fale de doença, fale-me de amor. Não me fale de geada, fale-me de amor. Não me fale de greve, fale-me de amor. Não me fale de papa, fale-me de amor. Não me fale de moda, fale-me de amor. Não me fale de trânsito, fale-me de amor. Não me fale de falta de educação, fale-me de amor. Não me fale de tédio, fale-me de amor.
Não me fale de política, fale-me de amor. Não me fale de propaganda, fale-me de amor. Não me fale de inflação, fale-me de amor. Não me fale de supermercado, fale-me de amor. Não me fale de trabalho, fale-me de amor. Não me fale de dólar, fale-me de amor. Não me fale de internet, fale-me de amor. Não me fale de novela, fale-me de amor. Não me fale de sentença, fale-me de amor. Não me fale de percentagem, fale-me de amor. ...
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02/07/2011 -
Falta de fé na paz
Eu quero paz, mas não tenho fé. Abandonei ou fui abandonado, não sei bem a ordem desses feitos, pelos deuses da esperança. Sou um ateu em matéria de justiça. Acredito que o fim do mundo não será pela água ou pelo fogo, como dizem os livros sagrados, mas pelo sangue. Pelo sangue derramado. Homem versus homem. A humanidade se digladiando num planeta, ou melhor, num coliseu azul.
Os cavaleiros do apocalipse já estão soltos. E não são quatro como versam os apóstolos. São milhares, milhões, bilhões. Como resultado do pecado original, há uma semente desses cavaleiros adormecida em cada ser humano. E ela desperta facilmente quando regada por ira ou ódio, por egoísmo ou inveja, por vingança ou gula. Desperta e toma conta do corpo que a hospeda como uma espécie de câncer. ...
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Comentários (1)
24/12/2010 -
Falta pouco, mãe
Mãe, falta pouco para a senhora ter teu filho nos braços. Mãe, falta pouco para que venha à luz o salvador do mundo. Mãe, falta pouco pra gente ajoelhar diante da criança que leva em teu ventre. Mãe, falta pouco pra gente se renovar. Mãe, falta pouco para gente comemorar. Mãe, falta pouco pra gente ser mais. Mãe, falta pouco pra Deus se tornar carne. Mãe, falta pouco pra gente ganhar o maior dos presentes. Mãe, falta pouco pra gente se redescobrir. Mãe, falta pouco pro sonho se redimir. Mãe, falta pouco pros reis magos se manifestarem. Mãe, falta pouco pra estrela brilhar mais forte. Mãe, falta pouco pro tempo se dividir em antes e depois deste nascimento. ...
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14/01/2012 -
Faminto
Fome de carne, de olhos, de almas. Fome de desespero. Fome de segredos. Fome de chuva, de suor, de sangue. Fome de verdade. Fome de ilusões. Fome de corações. Fome de fé. Fome de esperança. Fome de oportunidade. Fome de anti-realidade. Fome de vontades. Fome de olhares. Fome de aplausos. Fome de boca. Fome de cheiro. Fome de caminhos. Fome de flores. Fome de pranto. Fome de versos. Fome de espanto. Fome de querer bem. Fome de sucesso. Fome de guerra. Fome de aventura. Fome de ternura. Fome de lembranças. Fome de sentimento. Fome de palavras. Fome de mar. Fome de lua. Fome de seiva, de néctar, de pólen. Fome de música. Fome de espetáculo. Fome de chuva. Fome de solidão. Fome de sim. Fome de não. ...
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19/09/2008 -
Fantasia, alucinação, miragem
Na ponta dos pés e calada, como quem quer aprontar alguma coisa, ela chegou. O relógio, entre voltas e cochilos, marcava três horas da manhã e doze minutos. A escuridão foi o melhor cenário para ela se aproximar sem ser vista. Quando a perceberam, ela já caia solta. Danada como só, pegou todos de surpresa. E o seu sabor foi, antes de tudo, fantasia, alucinação, miragem. E veio trazendo um frescor de camomila. Talvez ela se internasse nos últimos meses entre pés de camomila e agora, despejasse não só o aroma da flor, mas uma candura capaz de suavizar qualquer emoção. Uma candura refrescante, mas de natureza quente. ...
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31/01/2013 -
Fantástico
Zanza daqui, zanza dali, eu estou lá. Ninguém pode comigo, ainda não nasceu quem vai me derrubar. Eu tenho em mim o grito do silêncio, a sombra da luz, o frio do fogo. Esfaqueio e serpenteio com a mesma facilidade. Dou nó em pingo d’água, dobro sinos e viro a saudade pelo avesso. Tenho olhos e ouvidos espalhados por todo lugar. Sou o demônio que tira gemidos da deusa. Sou o anjo que faz o capeta confessar seus pecados. Não tenho parada, morada, estrada. Estou sempre rodando, como cata-vento e roda-gigante. ...
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24/04/2008 -
Farta de apelação, a terra tremeu
Ninguém agüentava mais ser bombardeado pela falta de bom senso da televisão aberta, que nos últimos dias, obrigou-nos a engolir uma programação única: o caso Isabella. Vinte e quatro horas por dia a telinha nos mostrava imagens da menina, dos suspeitos, do passo a passo do crime. A notícia, com uma vírgula ou outra a mais ou a menos, se repetia em vários canais e, até mesmo, nos noticiários de uma mesma emissora.
Fizeram do caso, que é uma tragédia de proporções incalculáveis, um circo. Eu lamento profundamente a morte da menina, me revolto com a crueldade humana, mas não quero ser "macaca de auditório" para ficar na poltrona acompanhando milímetro a milímetro do desenrolar desse caso. Não quero compactuar com a teoria: explora-se a dor e banaliza-se o crime. Está claro a tentativa da televisão em transformar o fato em uma novela apelativa, que nos enrola em capítulos mil, só pelo bel prazer de aumentar a audiência....
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27/12/2008 -
Farvel
Estou na Groenlândia. Aqui, os blocos de gelo rugem. É difícil diferenciar o que é gelo e o que é urso. O gelo é branco. O urso é branco. O tempo é branco. E tudo é tão frio quão vazio. Por aqui não passa trem, não há florada de ipê, não tem fogueira de São João. No Ártico, o dia parece não acabar nunca. E a noite é um sonho e um pesadelo. E os dinamarqueses ainda tiveram coragem de chamar essa branquidão de terra verde. Onde estão as árvores? Onde estão as plantações? Onde estão as ervas daninhas? ...
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13/11/2012 -
Favela
Ocupem a favela, mas não ocupem os sonhos de liberdade das crianças. Pacifiquem a favela, mas não pacifiquem a guerra entre amor e solidão que move os corações. Invadam a favela, mas não invadam os olhos da moça que se enchem das estrelas que salpicam seu telhado de zinco. Coloquem regras na favela, mas não regrem os limites dos barracos que, lado a lado, alcançam o céu. Modernizem a favela, mas não descaracterizem a sua essência.
Reformem a favela, mas não reformem o pensamento, a atitude, o ativismo de quem dá identidade à favela. Reescrevam a história da favela, mas não joguem fora os sonhos, as lágrimas, os sabores, os beijos, os suores, os abraços. Reorganizem a favela, mas não mexam na organização das gavetas, dos desejos, dos afazeres de cada um. Façam turismo na favela, mas não acabem com os mistérios. Levem grifes para a favela, mas respeitem a grife que é a própria favela.
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