02/07/2011 - Falta de fé na paz
Eu quero paz, mas não tenho fé. Abandonei ou fui abandonado, não sei bem a ordem desses feitos, pelos deuses da esperança. Sou um ateu em matéria de justiça. Acredito que o fim do mundo não será pela água ou pelo fogo, como dizem os livros sagrados, mas pelo sangue. Pelo sangue derramado. Homem versus homem. A humanidade se digladiando num planeta, ou melhor, num coliseu azul.
Os cavaleiros do apocalipse já estão soltos. E não são quatro como versam os apóstolos. São milhares, milhões, bilhões. Como resultado do pecado original, há uma semente desses cavaleiros adormecida em cada ser humano. E ela desperta facilmente quando regada por ira ou ódio, por egoísmo ou inveja, por vingança ou gula. Desperta e toma conta do corpo que a hospeda como uma espécie de câncer.
Um câncer que não destrói somente seu hospedeiro, mas os que o rodeiam. Mata-se por nada e por tudo. A morte já não assusta mais. Está na tela da televisão, na capa da revista, no almoço de família. Além dos mortos, velados e enterrados, há os mortos-vivos caminhando sem direção e motivação pelo mundo. Hoje em dia a morte não é apenas física, é psíquica, espiritual, moral.
Eu quero paz, mas não tenho fé que essa paz um dia vai chegar.
Comentários
Tai, não descreveria algo melhor do que o modo que propos seu pensamento, realmente a humanidade está se consumindo, e um dia, seremos nós mesmos que olharemos para o passado e nos perguntaremos: "O que meus pais criaram, o que criei para mim mesmo, e o que deixarei aos meus filhos..." Infelizmente é uma realidade que penso a cada dia, a cada dia que guardo 1 papel de bala no bolso qndo estou na rua até chegar em casa, mas vejo milhoes e penso nos incontavéis que existem no caminho.
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