Daniel Campos

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13/11/2012 - Favela

Ocupem a favela, mas não ocupem os sonhos de liberdade das crianças. Pacifiquem a favela, mas não pacifiquem a guerra entre amor e solidão que move os corações. Invadam a favela, mas não invadam os olhos da moça que se enchem das estrelas que salpicam seu telhado de zinco. Coloquem regras na favela, mas não regrem os limites dos barracos que, lado a lado, alcançam o céu. Modernizem a favela, mas não descaracterizem a sua essência.

Reformem a favela, mas não reformem o pensamento, a atitude, o ativismo de quem dá identidade à favela. Reescrevam a história da favela, mas não joguem fora os sonhos, as lágrimas, os sabores, os beijos, os suores, os abraços. Reorganizem a favela, mas não mexam na organização das gavetas, dos desejos, dos afazeres de cada um. Façam turismo na favela, mas não acabem com os mistérios. Levem grifes para a favela, mas respeitem a grife que é a própria favela.


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